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Estado de Minas

Resplendor e Aimor�s exigem capta��o alternativa e trinta anos longe do Rio Doce

Moradores acreditam que este prazo � necess�rio para o manancial se livrar dos rejeitos de Fund�o


postado em 16/04/2017 06:00 / atualizado em 16/04/2017 07:54

Moradores de Resplendor atravessam ponte no Rio Doce: água rejeitada(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)
Moradores de Resplendor atravessam ponte no Rio Doce: �gua rejeitada (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)

Adotado como medida emergencial, o abastecimento de �gua por meio de caminh�es-pipa, que j� dura quase um ano e meio em Resplendor e em um bairro de Aimor�s, dever� prosseguir pelo menos por mais alguns meses. A promessa � de constru��o de uma rede para interligar c�rregos e po�os artesianos e levar �s torneiras o l�quido livre de eventuais poluentes origin�rios dos rejeitos que vazaram da Barragem do Fund�o, que se rompeu em novembro de 2015, em Mariana, e desceram pelo Rio Doce. O projeto j� teve in�cio, mas n�o h� prazo para o t�rmino das obras. A demora, segundo o prefeito de Resplendor, Diogo Scarabelli J�nior (PP), se deve ao pagamento de indeniza��es �s fam�lias que moram perto dos mananciais e a expectativa � de que a rede alternativa seja suficiente para garantir �gua por 30 anos � popula��o da cidade, hoje com 17.695  habitantes.

“Semana passada foi feita uma negocia��o com a Funda��o Renova (criada para lidar com o passivo ambiental deixado pela trag�dia provocada pela barragem da Mineradora Samarco) e os propriet�rios de capta��o provis�ria, ent�o, acredito que nos pr�ximos meses as obras devam ser finalizadas. Haver� melhorias, pois ser� feita uma rede”, afirma. Mesmo tendo recursos h�dricos independentes do Rio Doce, o prefeito acredita que a medida pode ser definitiva. “N�o temos como prever o futuro, mas queremos ter uma garantia de 30 anos de capta��o alternativa, que � o tempo apontado em estudos para que esses rejeitos sejam eliminados, e que nossos c�rregos tenham vida”, disse.

Por meio de nota, a Funda��o Renova informou que j� est� em constru��o o sistema de capta��o emergencial de �gua no C�rrego do Barroso. “Foi realizada recupera��o e limpeza de dois po�os artesianos da Copasa e est� em an�lise um projeto para interliga��o desses po�os � esta��o de tratamento de �gua. A Renova ressalta que h� um estudo de seguran�a h�drica da regi�o em andamento, com objetivo de garantir a sustentabilidade das fontes alternativas de capta��o ao Rio Doce, incluindo mananciais h�dricos superficiais e subterr�neos”, diz o texto.

A Renova explica que o abastecimento de �gua no munic�pio ainda est� em fase emergencial porque ainda n�o foi estabelecido de forma definitiva junto ao Comit� Interfederativo e demais autoridades o manancial que ser� respons�vel por abastecer a cidade. “Visando reduzir a fragilidade do processo de abastecimento por caminh�es-pipa, devido �s interrup��es e obras na rodovia, a Funda��o iniciou a capta��o emergencial em dois c�rregos da regi�o. A capta��o de �gua no C�rrego do Santaninha est� em opera��o. J� as obras no C�rrego do Barroso estavam impedidas at� 24 de mar�o e foram retomadas no fim daquele m�s, sendo a previs�o de conclus�o para junho. Foi perfurado um po�o em Santo Ant�nio do Rio Doce para abastecer a esta��o de tratamento. A vaz�o atende a 100% do bairro, por�m, a popula��o n�o � favor�vel a utilizar �gua tratada proveniente de capta��o subterr�nea. O bairro segue sendo abastecido por caminh�o-pipa”, completou.

Tamb�m por meio de nota, a Copasa informou que a “�gua distribu�da � popula��o passa pela Esta��o de Tratamento de �gua (ETA) de Resplendor e segue o rigoroso controle de qualidade da empresa, atendendo aos padr�es de potabilidade estabelecidos pela Portaria 2.914/11, do Minist�rio da Sa�de”.

ECONOMIA O uso dos caminh�es-pipa tamb�m mexe com a economia das  cidades. A maioria dos funcion�rios que fazem o transporte da �gua � de Resplendor. � o caso de Rom�rio Falc�o, de 28. Ele viu no emprego um motivo para ficar mais perto dos parentes e amigos. “Passei dois anos em Governador Valadares trabalhando. Agora, esse emprego ajudou muito”, contou.

A movimenta��o de ve�culos tamb�m � intensa no Bairro Mau�, em Aimor�s. Ele � o �nico abastecido por caminh�es-pipa na cidade. O pescador Ezequiel Gomes, de 43, tamb�m � contra a capta��o do Rio Doce. “Depois de tr�s meses da trag�dia, come�amos a ser abastecidos com caminh�es-pipa. Chegou a faltar �gua, mas agora se normalizou”, disse. “A �gua do rio est� alaranjada. Nem mesmo meu cavalo bebe, para voc�s terem uma ideia. Al�m disso, atrapalhou at� no nosso emprego”, comentou.

Caminhões-pipa chegam à central de abastecimento, numa situação que já se prolonga por 17 meses(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)
Caminh�es-pipa chegam � central de abastecimento, numa situa��o que j� se prolonga por 17 meses (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)

Comprometimento subterr�neo


Levantamentos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com o Greenpeace, mostram que, al�m do Rio Doce, as �guas subterr�neas da regi�o atingida pelo rompimento da Barragem do Fund�o, da Samarco, em 2015, est�o contaminadas com altos n�veis de metais pesados. A �gua dos po�os artesianos locais apresentaram n�veis desses metais acima do permitido pelo governo brasileiro. Os pequenos agricultores s�o os mais prejudicados, j� que n�o t�m outra fonte de �gua para a produ��o e para beber.

O estudo do Instituto de Biof�sica da UFRJ detectou a presen�a de metais pesados na �gua de 48 amostras coletadas de tr�s regi�es diferentes da Bacia do Rio Doce: Belo Oriente (MG), Governador Valadares (MG), e Colatina (ES). As amostras foram coletadas em po�os, em pontos do rio e na �gua tratada fornecida pela prefeitura ou pela Samarco.

A cidade de Belo Oriente apresentou cinco pontos de coleta com n�veis de ferro e mangan�s acima do estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Em Governador Valadares foram identificados 12 pontos e, em Colatina, 10 pontos com os valores acima do permitido. Segundo o estudo, a �gua desses locais n�o � adequada para consumo humano e, em alguns casos, tamb�m n�o � recomendado o uso para irriga��o de plantas – situa��o de alguns pontos de Governador Valadares e Colatina. No longo prazo, para a sa�de, a exposi��o ao mangan�s pode causar problemas neurol�gicos, semelhantes ao mal de Parkinson, enquanto o ferro, em quantidades acimas das permitidas, pode danificar rins, f�gado e o sistema digestivo.


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