
A chikungunya tem sintomas parecidos com os da dengue, como febre, dor de cabe�a, manchas no corpo e indisposi��o. Mas a caracter�stica principal � a dor forte nas articula��es, por tempo prolongado. Por causa disso, o n�mero de afastamentos do emprego tende a aumentar, como vem ocorrendo em Valadares, que tem o maior n�mero de casos em Minas.
Dados da prefeitura local mostram que neste ano foram registrados 1.064 afastamentos de servidores por motivos distintos. Do total, 578 foram relacionados � febre chikungunya, o que representa 54,3% do total. Os n�meros dos quatro primeiros meses do ano j� se aproximam do total registrado em todo o ano de 2016, quando a administra��o contabilizou 1.283 funcion�rios em licen�a m�dica.
Os �ndices de afastamentos por chikungunya chegaram a atingir 65% do total de licen�as na prefeitura local em mar�o. “O LIRAa (Levantamento de �ndice R�pido do Aedes aegypti) em dezembro estava muito alto, com 9,7% das casas com infesta��o, o que nunca tinha ocorrido na cidade. Em janeiro come�aram os casos de servidores pedindo afastamento por chikungunya”, explicou o secret�rio municipal de Administra��o, Marcos Sampaio, ele pr�prio um dos infectados. Em mar�o, acometidos pela virose j� eram a maioria dos licenciados na cidade.
A situa��o provoca preju�zo para os cofres p�blicos. “Como tivemos um �ndice de afastamento muito alto e n�o havia tempo h�bil para contrata��es, suprimos com o aumento de horas extras, que quase triplicaram no per�odo”, conta. O secret�rio diz que alguns servidores ficaram at� um m�s sem trabalhar. “Tivemos pessoas que ficaram 30 dias afastadas. Eu, que j� contra� a doen�a h� dois meses, ainda sinto dores”, testemunhou.
A fot�grafa B.L.O., de 50 anos, tamb�m sente no corpo e no bolso os efeitos da doen�a. Ela suspeita de que tenha se contaminado em Governador Valadares no fim de fevereiro, e ainda sofre com sintomas. “O corpo todo d�i. Da cabe�a at� o p�, em todos os locais em que h� o encontro dos ossos, todas as articula��es doem. Estou h� dois meses sem trabalhar. Desde que fui diagnosticada, n�o consegui exercer minha profiss�o. Como sou aut�noma, usei o atestado dado pelo m�dico para dar entrada no INSS, para receber e poder pagar pelos rem�dios, que s�o caros”, comentou.
O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estev�o Urbano, chama a aten��o para os impactos do avan�o da virose. “J� sabemos que h� potencial para um impacto social enorme. As pessoas podem se afastar n�o apenas por curto per�odo. Algumas v�o ficar meses sem condi��es de trabalhar, por causa das fortes dores nas articula��es. O impacto � sist�mico”, comentou.

Minas � o segundo em n�mero de casos
Minas Gerais concentra mais de 77% dos casos de chikungunya da Regi�o Sudeste (veja mapa), segundo o Minist�rio da Sa�de. Balan�o divulgado pela pasta ontem, com dados acumulados at� 17 de abril deste ano, mostram que h� 7.936 diagn�sticos suspeitos da doen�a no territ�rio mineiro, que na estat�stica federal fica atr�s apenas do Cear�, com 17.012 notifica��es. Por�m, n�meros mais atuais da Secretaria de Estado da Sa�de (SES/MG) j� contabilizam 11.696 registros at� 2 de maio contra 503 em todo o ano passado.
O quadro p�e o estado em alerta. Segundo a SES, a alta j� era prevista devido a uma conjun��o de fatores: as condi��es ambientais favor�veis � prolifera��o do mosquito Aedes aegypti; o grande n�mero de pessoas que ainda n�o tiveram contato com o agente causador; a circula��o do v�rus na Regi�o Nordeste do estado; e a inexist�ncia de uma vacina ou medicamento espec�fico para conter a virose.
Dados do Minist�rio da Sa�de mostram a situa��o cr�tica em v�rias cidades mineiras. Naquelas com popula��o entre 100 mil e 499 mil habitantes, Valadares � a que tem a maior incid�ncia da doen�a no pa�s. � seguida por Te�filo Otoni, no Vale do Mucuri, e Caucaia, no Cear�. Em munic�pios com at� 100 mil habitantes, Mathias Barbosa, na Zona da Mata mineira, tem o maior n�mero de diagn�sticos.
Historicamente, os casos das doen�as transmitidas pelo Aedes aegypti t�m redu��o em �poca de frio. Por�m, o infectologista Estev�o Urbano alerta que as notifica��es podem aumentar em cidades mais quentes. “Em locais mais frios, como no Sul de Minas, as viroses n�o se alastram, porque o mosquito morre. Mas, no caso das regi�es Norte e Nordeste, onde as temperaturas s�o quentes, a tend�ncia � continuarem em alta.”
'Doen�as do Aedes' recuam no pa�s
O n�mero de casos suspeitos de dengue, chikungunya e zika tiveram queda expressiva nos primeiros meses deste ano no pa�s, segundo dados do Minist�rio da Sa�de. At� 15 de abril, foram registrados 113.381 diagn�sticos suspeitos de dengue, 90% a menos do que no mesmo per�odo de 2016. A queda de registros de chikungunya tamb�m foi significativa: 68%. O an�ncio aponta redu��o de 135.030 casos suspeitos para 43.010. J� a zika teve queda de 45% em rela��o ao mesmo per�odo, chegando a 7.911 suspeitas neste ano.