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Estado de Minas

Tr�s anos depois de ordem de servi�o, duplica��o da BR-381 derrapa

Enquanto obras n�o alavancam, o perigo n�o cessa: em 2016, foram 1.254 acidentes, com 90 mortes entre BH e Valadares


postado em 12/05/2017 06:00 / atualizado em 12/05/2017 08:02

Túnel perto do município de Antônio Dias que, como outros, permanece desconectado da malha viária(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A PRESS)
T�nel perto do munic�pio de Ant�nio Dias que, como outros, permanece desconectado da malha vi�ria (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A PRESS)
Era 12 de maio de 2014 quando a ent�o presidente Dilma Rousseff (PT) desembarcou em Ipatinga, no Vale do A�o, levando esperan�a aos usu�rios do perigoso trecho de 303 quil�metros da BR-381 rotulado de Rodovia da Morte, de Belo Horizonte a Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. Naquela segunda-feira, numa solenidade no est�dio Ipating�o, Dilma assinou a ordem de servi�o para o in�cio das obras de cinco dos oito lotes que tratam da duplica��o da estrada.


Quem esteve presente aplaudiu o discurso da ex-presidente: “Um pa�s n�o pode esperar 23 anos (� �poca) para fazer uma rodovia, principalmente uma estrada de tanta import�ncia para o Brasil”. Hoje, exatamente tr�s anos depois, o projeto n�o caminhou como planejado. Ainda em 2014, a expectativa era de que as primeiras obras fossem entregues em 2016. Alguns t�neis foram conclu�dos, mas ainda n�o est�o “conectados” � malha vi�ria.

Metade dos oito lotes do empreendimento voltou � fase de estudos t�cnicos, econ�micos e ambientais, o que, na pr�tica, significa dizer que est�o novamente na etapa anterior � elabora��o dos projetos de engenharia e do in�cio das interven��es. Procurado ontem, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) n�o comentou o assunto at� o fechamento desta edi��o. Em mar�o passado, contudo, informou a expectativa de lan�ar editais em setembro.

Enquanto a duplica��o continua apenas na promessa, vidas s�o colocadas em risco na Rodovia da Morte. No �ltimo balan�o disponibilizado ontem pela Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF), referente ao acumulado de janeiro a dezembro de 2016, ocorreram 1.254 acidentes no percurso entre BH e Valadares – m�dia mensal de 104,5 sinistros. “Desse total, 1.484 pessoas ficaram feridas e 90 morreram”, acrescentou Aristides J�nior, inspetor da corpora��o.

O balan�o � inferior ao do acumulado de 2015 (1.510 acidentes, 1.493 feridos e 110 �bitos), mas � bom ressaltar que houve quedas em toda a malha vi�ria federal que corta o estado. “Um dos motivos � a ‘contribui��o’ dos motoristas, mais conscientes. Outro � o n�mero menor de feriados prolongados. Levando-se em conta toda a extens�o da 381 (o que inclui o trecho de BH � divisa com S�o Paulo), a rodovia corresponde a 33% dos acidentes que ocorrem em Minas”, disse o inspetor.

A BR-381 tem caracter�sticas macabras: pistas simples sem divis�o f�sica entre as dire��es opostas, asfalto prec�rio em longos trechos, aus�ncia de acostamento em boa parte do caminho e sinaliza��o deficit�ria. A quantidade de curvas tamb�m � outra armadilha enfrentada por motoristas e passageiros. Apenas nos 110 quil�metros entre a capital e Jo�o Monlevade, na Regi�o Central, h� cerca de 200 curvas, de acordo com a PRF.

A quantidade de curvas se deve ao lucro dos empreiteiros. Na �poca em que a rodovia foi pavimentada, as empresas ganhavam por quil�metro constru�do. Dessa forma, era interessante para as companhias tra�ar caminhos que acompanhavam as curvas de montanhas. Tamb�m era mais barato do que abrir t�neis e erguer pontes para que o percurso fosse em linha reta.

Na vis�o de Jos� Aparecido Ribeiro, autor do blog SOS Mobilidade Urbana, do portal Uai, a bancada mineira precisa se empenhar mais em Bras�lia para que a duplica��o seja conclu�da. “O problema � na desarticula��o da bancada mineira e do Minist�rio dos Transportes. Sinceramente, estou jogando a toalha.”

Veja galeria de fotos das obras inacabadas

Ver galeria . 10 Fotos Três anos após a presidente Dilma Rousseff assinar a ordem de serviço para obras em parte da rodovia, intervenções andam muito devagarAlexandre Guzanshe/EM/D.A PRESS
Tr�s anos ap�s a presidente Dilma Rousseff assinar a ordem de servi�o para obras em parte da rodovia, interven��es andam muito devagar (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A PRESS )


Mem�ria

DA FIC��O � REALIDADE


O romance Jorge, um brasileiro, do mineiro Oswaldo Fran�a J�nior (1936-1989), narra a saga de oito caminhoneiros que enfrentam os desafios da BR-381 para levar uma carga de milho de Governador Valadares a BH. Num dos trechos da obra, o autor escreveu: “Perto de Monlevade, entramos na estrada nova e come�amos a correr. Tive que me lembrar e diminuir aquela correria, porque com carros pesados como estavam aqueles, isso n�o era coisa boa”. Por ironia, Fran�a J�nior morreu num acidente na 381, justamente pr�ximo a Jo�o Monlevade, onde o Escort (foto) que dirigia passou direto numa curva. O livro fez tanto sucesso que foi adaptado pela Rede Globo, dando origem ao seriado Carga pesada, estrelado por Ant�nio Fagundes e St�nio Garcia.

TR�S TRAG�DIAS QUE MARCARAM A RODOVIA DA MORTE

» 2/8/1993
Batida frontal entre um �nibus da Gontijo e um da P�ssaro Verde, pr�ximo a Jo�o Monlevade, com 21 mortos. Algumas v�timas tiveram a cabe�a decepada.

» 21/2/1996
Um �nibus da S�o Geraldo, que levava foli�es para o carnaval no ES, despencou da ponte sobre o Rio Engenho Velho: 31 mortos.

» 11/3/2009
Um caminh�o perdeu o freio na descida do km 30, invadiu a contram�o e acertou uma Van que levava universit�rios para casa, em Caet�. O motorista do escolar e cinco estudantes morreram.

 


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