
A monocultura, voltada para a produ��o de carv�o vegetal, mat�ria-prima das sider�rgicas de cidades como Sete Lagoas, trouxe s�rios impactos ambientais � regi�o, sendo o mais grave deles a extin��o de nascentes e veredas, com o consequente secamento de rios e c�rregos alimentados por elas. “O ‘deserto verde’, apesar de gerar, em certa medida, empregos e renda em Bocaiuva e regi�o, tem um efeito devastador sobre a nossa fauna e flora, comprometendo significativamente a biodiversidade”, afirmou o advogado e soci�logo Juscelino Germano Oliveira, morador da cidade.
“Conhecendo um pouco mais sobre a hist�ria de Bocaiuva gra�as � reportagem, conclu�mos que h� uma singular conex�o entre o real motivo da expedi��o norte-americana aqui e o cultivo em larga escala do famigerado eucalipto na regi�o: a morte”, comentou Juscelino, fazendo referencia ao fato de os EUA terem iniciados no munic�pio norte-mineiro, durante o eclipse total do Sol de 1947, estudos que objetivavam o aprimoramento do lan�amento de m�sseis intercontinentais, como revelou com exclusividade a reportagem do EM.
“Devemos todos, sociedade, terceiro setor e especialmente as entidades governamentais, aprofundar a discuss�o acerca desse problema. Bocaiuva e regi�o tamb�m tornaram-se alvos do m�ssil da monocultura do eucalipto. Seu efeito, todavia, � retardado”, comentou o advogado. “O fato de a reportagem abordar temas transversais, como a monocultura , serviu como gatilho para a discuss�o do assunto na cidade. Afinal, temos vivido tempos preocupantes, principalmente por causa da consider�vel diminui��o dos n�veis da �gua no munic�pio”, completou Juscelino Oliveira.
O ambientalista Eduardo Gomes, diretor do Instituto Grande Sert�o, de Montes Claros, que atua em toda Regi�o Norte do estado, defende uma mudan�a no modelo da implanta��o da monocultura. “Sou contra o modelo atual – dos plantios cont�nuos em �reas muito extensas. Sou a favor de limitar as �reas. Acho que se devem intercalar corredores ecol�gicos (entre as planta��es de eucalipto), ligando �reas de preserva��o ambiental e reservas legais.”
Gomes lembra que at� o in�cio da d�cada de 1970, antes da invas�o dos eucaliptos, a regi�o de Extrema, distrito de Bocaiuva onde foi erguido o acampamento da miss�o norte-americana em 1947, era rica em fontes de �gua, com nascentes, brejos e lagoas por toda parte. A comunidade, inclusive faz limite com o munic�pio de Olhos D’�gua, que recebeu o nome exatamente por causa da fartura de minas. “Hoje est� tudo seco”, afirma o ambientalista, cuja constata��o � refor�ada por testemunhos de antigos moradores visitados pelo Estado de Minas.
O ge�grafo e espele�logo S�rgio Xavier ressalta que a redu��o do avan�o do eucalipto envolve tamb�m a diminui��o do consumo de bens dur�veis, j� que o carv�o vegetal � usado na fabrica��o de a�o. “Para conter o avan�o do reflorestamento � necess�rio que haja redu��o do consumo, e isso implica em abrir m�o de conforto e sup�rfluos que todos usamos e gostamos. Afinal, ter um smartphone moderno e ou um carro do ano n�o � nada mau. Para conter o eucalipto, precisamos de uma mudan�a completa em nosso estilo de vida. Uma discuss�o important�ssima e complexa”, opina.
O professor Fl�vio Pimenta, especialista em meio ambiente e recursos h�dricos da Universidade Federal de Minas Gerais, ressalta que a sa�da n�o � acabar com o eucalipto. “A solu��o seria obrigar os empreendedores a plantar onde o impacto seja pequeno. Plantar em topo de morro, em �rea de recarga e pr�ximo ou dentro de veredas � um absurdo no que se refere � disponibilidade h�drica. Somos favor�veis ao plantio, desde que sejam respeitadas �reas de preserva��o permanente, o que na maioria dos casos n�o ocorre”, adverte Pimenta.