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Estado de Minas

Projeto usa experi�ncia de ex-dependentes para ajudar usu�rios de crack a vencer o v�cio em BH

Programa tem monitores que abordam usu�rios e atendem a demandas imediatas dos que passaram a viver na rua


postado em 18/06/2017 06:00 / atualizado em 18/06/2017 07:37

Encontro do BH de Mãos Dadas, iniciativa que, além das ações de campo com consumidores de drogas, atua na prevenção e em divulgação de informações(foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
Encontro do BH de M�os Dadas, iniciativa que, al�m das a��es de campo com consumidores de drogas, atua na preven��o e em divulga��o de informa��es (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)

Um projeto que funciona h� 17 anos em Belo Horizonte usa a experi�ncia de quem j� esteve do outro lado para dar ajuda e diminuir os danos dos usu�rios de crack. O Programa BH de M�os Dadas tenta dar suporte a pessoas vulner�veis ao �lcool, drogas, popula��o de rua, entre outros. S�o duas linhas de atua��o: uma de divulga��o de informa��es em escolas, centros de sa�de e unidades b�sicas e a outra mantida pelos chamados redutores de danos, que fazem abordagem nas ruas da cidade. Esses monitores s�o ex-usu�rios de crack.


Atualmente, o programa mant�m 14 redutores de danos em Belo Horizonte, que v�o a campo fazer a abordagem e levar sa�de e direitos a usu�rios que n�o t�m acesso � rede formal. “Uma das caracter�sticas � o trabalho de aproxima��o e respeito com a realidade do usu�rio, oferecendo a ele acesso a direitos. Vai de uma conversa com muito respeito at� demandas na �rea de sa�de, como um tratamento ambulatorial, um curativo... A gente trabalha de uma forma em que, por meio do respeito e da aproxima��o cria-se um vinculo de seguran�a com o usu�rio”, explica Adir Martnzzio, supervisor de campo no projeto.

Antes de iniciar o trabalho de campo, � feito um mapeamento em todas as regionais da capital. “Nosso diferencial � que boa parte dos redutores de danos j� tiveram hist�rico de uso abusivos de crack e outras drogas. S�o pessoas que j� passaram por tudo aquilo o que enfrentam os dependentes que est�o atendendo”, afirma Adir.

O coordenador admite notar aumento no n�mero de usu�rios de drogas em Belo Horizonte. “A popula��o de rua aumentou bastante, devido � crise econ�mica. Consequentemente, o uso de crack tamb�m tem alta”, disse. “Nossa preocupa��o � que os usu�rios demandam muitos servi�os, n�o apenas espec�ficos de sa�de, mas tamb�m de a��o social, de direitos humanos, de cultura, de esportes, � muito amplo o campo de a��o. Nossa preocupa��o � articular todas essas demandas”, completou.


Suporte na rede p�blica

Na rede p�blica, o Sistema �nico de Sa�de (SUS) oferece servi�os para os usu�rios de �lcool e outras drogas, como o crack. Em Belo Horizonte, a entrada no sistema � via centros de sa�de, que fazem parte da aten��o prim�ria, al�m do Consult�rio de Rua e do Centro de Refer�ncia em Sa�de Mental �lcool e Drogas (Cersam-AD).

Nos centros de sa�de os atendimentos e os acompanhamentos dos pacientes s�o feitos pela equipe de sa�de da fam�lia e pela equipe de sa�de mental. Em casos que necessitem de um acompanhamento mais sistem�tico e intenso, os pacientes s�o levados ao Cersam-AD. Os centros tamb�m recebem demandas espont�neas e casos encaminhados pela rede que envolve os Consult�rios de Rua, ambul�ncias, Servi�o de Urg�ncia Psiqui�trica, unidades de pronto-atendimento (UPAs), hospitais e abordagens nas ruas.

Os Consult�rios de Rua se concentram em pessoas em situa��o de rua que fazem uso abusivo de drogas. S�o realizadas a��es com uma equipe intersetorial com enfermeiros, psic�logos, assistentes sociais, arte educador, redutor de danos e motoristas. Os servi�os est�o dispon�veis de segunda-feira a sexta-feira, das 15h �s 21h. Nesse per�odo, o grupo busca estabelecer um v�nculo com os usu�rios, com atividades e oficinas voltadas para a promo��o em sa�de.

A Secretaria Municipal de Sa�de conta tamb�m com servi�os espec�ficos de sa�de mental voltados para crian�as e adolescentes, com equipes formadas por terapeutas ocupacionais, psiquiatras e fonoaudi�logos, dispon�veis em todas as nove regionais. O Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu) e a Pol�cia Militar (PM) tamb�m prestam aux�lio aos usu�rios.

Em todo o pa�s, o acolhimento � feito pela Rede de Aten��o Psicossocial, formada por 2.465 centros de Aten��o Psicossocial. Segundo o Minist�rio da Sa�de, 424 s�o especializados no atendimento em �lcool e drogas. H� ainda 35 unidades de acolhimento infanto-juvenil, 21 de acolhimento para adultos e 1.163 leitos de sa�de mental em hospitais gerais, al�m de 104 Consult�rios de Rua. De acordo com a pasta, neste ano foram repassados R$ 2,46 bilh�es para o tratamento de usu�rios em Minas Gerais. Em todo o ano passado foram repassados R$ 4,73 bilh�es ao estado.

 

Mem�ria

A origem da ‘epidemia’

O crack chegou ao Brasil entre o final da d�cada de 1980 e in�cio dos anos 1990. A droga vem se disseminando na maioria dos centros urbanos do pa�s, alcan�ando cidades do interior e mesmo zonas rurais. Pesquisa realizada em 2012 pela Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Secretaria Nacional de Pol�ticas sobre Drogas, do Minist�rio da Justi�a, mostra que 370 mil usavam a droga nas capitais; 80% dos usu�rios eram homens; 80% usavam droga em local p�blico; 80% n�o eram brancos. Atualmente, o n�mero pode passar de 600 mil dependentes em todo o pa�s. Em Belo Horizonte, os primeiros casos s�o de 1996. Atualmente, 320 dependentes de crack s�o acompanhados pelas equipes de Consult�rio de Rua da Prefeitura de BH.

 

 

Que droga � esta?

 

CARACTER�STICAS

» O que �?
O crack � obtido a partir da mistura da pasta-base de coca ou coca�na refinada (feita com folhas da planta Erythroxylum coca), com bicarbonato de s�dio e �gua. Quando aquecido a mais de 100°C, o composto passa por um processo de decanta��o, em que as subst�ncias l�quidas e s�lidas s�o separadas. O resfriamento da por��o s�lida gera a pedra de crack, que concentra os princ�pios ativos da coca�na. O nome ‘crack’ vem do barulho que as pedras fazem ao serem queimadas durante o uso.

» Do poder � degrada��o
Os efeitos do crack s�o basicamente os mesmos da coca�na: sensa��o de poder, excita��o, hiperatividade, ins�nia, intensa euforia e prazer. A falta de apetite comum aos usu�rios de coca�na � intensificada nos dependentes de crack. Um consumidor pode perder entre oito e 10 quilos em um �nico m�s.

» Euforia que evapora
Por ser inalado em forma de fuma�a, o crack chega rapidamente ao c�rebro, por isso seus efeitos s�o sentidos quase imediatamente – entre 10 a 15 segundos. No entanto, duram em m�dia apenas cinco  minutos, o que leva o usu�rio a consumir a pedra muitas vezes em curtos per�odos de tempo, tornando-se dependente.

» ‘Fissura’ e desespero
Ap�s tornar-se dependente, sem a droga o usu�rio entra em depress�o e sente um grande cansa�o, al�m de enfrentar a “fissura”, que � a compuls�o para usar a droga, efeito avassalador no caso do crack. O uso cont�nuo de grandes quantidades da droga leva o usu�rio a tornar-se extremamente agressivo, chegando a ficar paranoico, da� a g�ria “noia”, como refer�ncia ao usu�rio de crack. Problemas mentais s�rios, problemas respirat�rios, derrames e infartos s�o as consequ�ncias mais comuns do consumo.

» Tratamento
Dif�cil, prolongado e extremamente sujeito a reca�das, � dividido em tr�s fases: desintoxica��o, diagn�stico dos fatores que levaram o indiv�duo a se tornar dependente e controle da depend�ncia, que pode incluir uso de medica��o.

 

A INTERNA��O

Tipos de interna��o psiqui�trica para tratamento de depend�ncia qu�mica

» Volunt�ria: Se d� com o consentimento do usu�rio, que deve assinar, no momento da admiss�o, uma declara��o de que optou por esse regime de tratamento

» Involunt�ria: Se d� sem o consentimento do usu�rio e a pedido de terceiro. Dever�, no prazo de 72 horas, ser comunicada ao Minist�rio P�blico pelo respons�vel t�cnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, tanto na entrada quanto na alta

» Compuls�ria: Determinada pela Justi�a, levando em conta as condi��es de seguran�a do estabelecimento, quanto � salvaguarda do paciente, dos demais internados e de funcion�rios


O QUE DIZ A LEI

A Lei Federal 10.216/01 prev�, em seu artigo 4º, que a interna��o, em qualquer de suas modalidades, s� ser� indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. J� o artigo 6º diz que a interna��o psiqui�trica somente ser� realizada mediante laudo m�dico circunstanciado que caracterize seus motivos.


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