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Estado de Minas

Quadrilhas aproveitam fraca vigil�ncia e facilidade de fuga para atacar em Minas

Estrat�gia usada por quadrilhas em ataques a bancos de pequenas cidades do interior, batizada de novo canga�o por policiais, aterroriza moradores e desafia as autoridades


postado em 17/07/2017 06:00 / atualizado em 17/07/2017 07:22

A polícia prendeu ontem o quarto criminoso da quadrilha responsável pela ação violenta em Santa Margarida, na Zona da Mata, que matou um PM e um segurança na semana passada(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
A pol�cia prendeu ontem o quarto criminoso da quadrilha respons�vel pela a��o violenta em Santa Margarida, na Zona da Mata, que matou um PM e um seguran�a na semana passada (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Nas d�cadas de 1920 e 1930, era com chap�us de abas largas, roupas de couro, punhais de prata e armas de fogo na cintura que os jagun�os sertanejos e seus capangas chegavam montados em cavalos, aterrorizando cidades do Nordeste do pa�s. Em ataques que renderam �s investidas o nome de canga�o, essas figuras que realizavam roubos, extorquiam dinheiro da popula��o, sequestravam figur�es, al�m de saquearem fazendas. Durante os anos de canga�o, o personagem emblem�tico desse movimento, o Lampi�o, zombou das pol�cias, do governo e de pessoas influentes. Por outro lado, foi her�i idolatrado por pessoas �s quais amparava. Escapava f�cil das emboscadas, dos tiroteios e das armadilhas.

Nos dias atuais, a nomenclatura volta � cena. E Minas, apesar de naquela �poca n�o ter entrado na rota dos jagun�os, experimenta uma situa��o de novo canga�o, termo usado pelas pr�prias for�as policias. Quase 100 vezes, somente neste ano, grupos organizados e equipados com armas de guerra aterrorizaram pequenos munic�pios do interior do estado com explos�es de caixa eletr�nico e os assaltos a banco, depois de neutralizarem qualquer a��o de resposta policial dessas cidades. Em parte dos casos, fizeram ref�ns e, por fim, levaram muito dinheiro e deixaram muito medo entre a popula��o.

De modo geral, a intimida��o � a regra dos bandidos. Eles chegam com brutalidade, atiram contra resid�ncias de policiais, delegacias e companhias da Pol�cia Militar, geralmente formadas por t�mido efetivo, e evitam qualquer possibilidade de confronto. Na �poca de Lampi�o, o canga�o foi desarticulado em 1938, ap�s uma emboscada das for�as policiais que matou o cangaceiro, sua mulher, Maria Bonita, e o restante do bando. Mas, atualmente, o desafio � outro. Al�m de muitas, as quadrilhas que atacam os bancos t�m integrantes mineiros tamb�m, mas de modo geral est�o pulverizadas pelos estados que fazem divisa com Minas, a exemplo da Bahia, Goias, Esp�rito Santo, S�o Paulo e Rio de Janeiro. No alvo, os criminosos t�m ainda ag�ncias dos Correios que funcionam como postos de servi�os banc�rios.

MORTE E INDIGNA��O Mas, ap�s anos de registro desses crimes no estado e do esfor�o anunciado pelos �rg�os de seguran�a em combat�-los, os casos n�o param de ser registrados. Na segunda-feira passada, um dos mais tr�gicos ocorreu em Santa Margarida, na Zona da Mata, onde quatro criminosos com extensos prontu�rios na pol�cia invadiram a cidade fortemente armados, fizeram dois rapazes ref�ns e assaltaram uma ag�ncia do Sicoob e outra do Banco do Brasil. Durante a a��o, mataram pelas costas um seguran�a que n�o havia reagido. Na fuga, assassinaram um cabo da PM com tiros de fuzil. As imagens do assalto, com ref�ns na carroceria de uma caminhonete – o que levou o PM morto a n�o revidar os disparos – viralizaram nas redes sociais. E chamaram aten��o para a pequena Santa Margarida, cercada por montanhas, a 300 quil�metros de BH.

A cidade contava com quatro militares at� janeiro, quando o efetivo foi refor�ado por mais tr�s policiais. “� pouco”, garantiu um militar que foi ao munic�pio para a ca�ada aos criminosos. Tr�s dos bandidos foram presos no dia do crime, cercado em uma pedreira. O quarto criminoso foi detido ontem, pr�ximo a Muria�. Na cidade ainda reinam o medo e a indigna��o, pois n�o foi a primeira vez que a ag�ncia banc�ria foi atacada por bandidos fortemente armados. Em 2016, um grupo colocou explosivos nos caixas eletr�nicos, durante a madrugada, e levaram grande quantia em dinheiro. A ag�ncia ficou fechada por quase 12 meses. Reabriu no in�cio do ano.

“Esse tipo de crime, hoje chamado de novo canga�o, tem origem na aus�ncia do estado no sentido de identificar e prender essas quadrilhas. Precisamos de um aparato mais qualificado de repress�o. � preciso melhorar os servi�os de intelig�ncia e montar grupos especializados no interior. Al�m disso, � necess�rio uma atua��o mais efetiva das ag�ncias de pol�cia, Minist�rio P�blico e outros �rg�os”, defende o presidente da Associa��o dos Pra�as Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra-MG), sargento Marco Ant�nio Bahia.

Ele detalha as necessidades que enfrentam os militares no interior e diz que quem ‘paga o pre�o’ da falta de investimento, � a popula��o e os militares que trabalham em desvantagem com as quadrilhas que chegam fortemente armadas e em grande n�mero. “O efetivo nessas cidades � pequeno. Al�m disso, Minas � um estado muito grande, com muitas estradas que servem de rota de fuga e com divisas pouco vigiadas. O armamento das unidades melhorou, mas ainda est� aqu�m para fazer uma contraofensiva aos criminosos. Com isso, eles chegam nos munic�pios, mapeiam a regi�o e se sentem confort�veis para o ataque”, afirma presidente, que defende ainda mudan�as na lei para punir com rigor os crimes. “A legisla��o � muito branda”, afirma.
(foto: Arte EM)
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