
Em Minas, conforme �ltimo levantamento do MPMG, h� 216 obras sacras aguardando decis�o judicial para retornar aos locais de origem. Na lista, h� muitas atribu�das a Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814), o “mestre do Barroco”. “A campanha continua forte e ganhou o refor�o das redes sociais, facilitando as den�ncias dos bens desaparecidos. O MPMG mant�m o blog (patrimoniocultural.blog.br. mpmg) com um banco de dados atualizado constantemente, dispon�vel � popula��o, e estamos reestruturando a exposi��o itinerante sobre o assunto”, diz a coordenadora da CPPC, promotora de Justi�a Giselle Ribeiro de Oliveira, lembrando que, nos �ltimos anos, houve uma sensibiliza��o maior dos ju�zes quanto ao destino dos bens.
Decis�o recente anima os defensores do patrim�nio e moradores de cidades � espera de suas joias barrocas. A Justi�a determinou que o busto-relic�rio de S�o Boaventura, pe�a esculpida por Aleijadinho para a Igreja de S�o Francisco de Assis, de Ouro Preto, na Regi�o Central, seja reintegrado ao acervo original sob guarda do Museu Aleijadinho e da Arquidiocese de Mariana. Al�m disso, a obra foi reconhecida como integrante do patrim�nio de Ouro Preto. A a��o do MPMG tramitava desde 2011.
Se a campanha de resgate se mant�m ativa, um gargalo est� na devolu��o das pe�as sacras �s institui��es de origem (igrejas, museus etc.), pois nem sempre � poss�vel a identifica��o pela falta de dados ou relatos de pessoas das comunidades que conheceram os acervos vendidos, furtados, roubados ou simplesmente sumidos do mapa. Para suprir esta lacuna, o Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha) vem atualizando o invent�rio de bens tombados. No ano passado, foram conclu�das 908 fichas de nove igrejas, diz a presidente do �rg�o estadual, Michele Arroyo. Ela adianta que o programa Minas para Sempre, para coloca��o de alarmes, est� sendo reformulado e reafirma a necessidade de colabora��o dos moradores na preven��o.
CONFIAN�A Considerada a primeira imagem sacra de Santa Luzia, dos tempos ainda do Arraial de Jos� Corr�a, onde a cidade tricenten�ria nasceu, a Santana Mestra – formada por um conjunto de tr�s pe�as separadas: Santa Ana, m�e de Nossa Senhora, a menina Maria e a cadeira tamb�m em cedro policromado – traz boas recorda��es a Dalma Martins, moradora do Centro Hist�rico. Nos tempos de crian�a, ela participava das li��es de catecismo dadas pela integrante das Filhas de Maria e zeladora da Matriz de Santa Luzia, Augusta Dolabela (1904-1995), guardi� do patrim�nio religioso. Os ensinamentos eram ministrados numa capela, j� demolida, que ficava ao lado da cadeia, na Rua Floriano Peixoto, para a qual foram transferidas as rel�quias do primitivo templo destru�do por uma enchente, segundo a tradi��o oral.
“Na hora do catecismo, fal�vamos: ‘Vamos l� na Igreja de Santana!’ Do lado da imagem, ficava um crucifixo muito bonito”, diz Dalma.
Com altura de 90cm e portando resplendor e coroa de prata, a Santana Mestra fazia parte, junto com outras 51 pe�as, da cole��o de um mineiro, j� falecido, que morava no Rio de Janeiro. O cat�logo de divulga��o da galeria onde ocorreu o leil�o descreveu a obra como “erudita” e proveniente do “interior de Minas Gerais, de uma velha igreja que estava sendo demolida”.
A promotora de Justi�a Giselle Ribeiro de Oliveira explica que a pe�a passa atualmente por uma segunda per�cia em BH, em local n�o divulgado – a primeira foi entre 2004 e 2005, na sede do (Iepha-MG). “Acreditamos numa solu��o consensual para resolver a quest�o. A comunidade luziense vai ficar muito satisfeita ”, diz a coordenadora da CPPC. “Quando a comunidade perde um bem, perde tamb�m parte da sua identidade”, lembra.
Tamb�m confiante, o titular da Par�quia de Santa Luzia, padre Danil Marcelo dos Santos, j� pensou no lugar para entronizar a pe�a. Por ser considerada a primeira imagem da cidade, ela ficar� no altar-mor, na parte de baixo do trono da padroeira Santa Luzia. O Santu�rio de Santa Luzia � considerado seguro e o padre adianta que est� aumentando o n�mero de equipamentos para impedir arrombamentos e invas�es.
Outras com pend�ncia judicial: 158 pe�as apreendidas pela Pol�cia Federal em 1998 e 2003 e guardadas no Museu Mineiro, em BH; 38 pe�as apreendidas, em antiqu�rios, que tamb�m est�o no Museu Mineiro, aguardando julgamento da apela��o – algumas foram devolvidas para o Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), da Bahia