
Uma das docentes procurou a Pol�cia Militar (PM) em 23 de agosto para registrar um boletim de ocorr�ncia. Segundo o documento, ela disse que d� aulas em uma escola municipal de Arapor� e que, naquele dia, recebeu de uma colega um �udio em que a m�e de uma aluna se mostra insatisfeita com o fato de que ela seria a nova professora da crian�a.
Conforme o boletim de ocorr�ncia, “No �udio a autora diz que 'n�o gosta de preto, que quando se aproxima de um fede a sovaco e quando se aproxima de outro a boca � podre, e que a �nica coisa preta que ela se aproxima � Coca Cola'”.
A v�tima disse � pol�cia que os �udios foram gravados h� algum tempo e que, dias antes, a mulher foi at� a escola onde ela d� aulas e conversou com a vice-diretora, “e teria dito que n�o queria sua filha com preto porque n�o gosta e preto e que a v�tima teve uma filha com s�ndrome de Down como castigo de Deus, uma vez que a v�tima n�o gosta de crian�as”. A professora foi orientada a fazer uma representa��o na delegacia de pol�cia contra a agressora, e apresentar a m�dia contendo os �udios. Uma segunda professora, que d� aulas para outra filha da mesma mulher, tamb�m � citada na grava��o.
O caso � investigado pelo delegado Armando Filho, da Delegacia de Tupaciguara. A assessoria de imprensa da Pol�cia Civil informou que a autora dos �udios foi ouvida, mas o delegado n�o vai divulgar o conte�do do depoimento. Uma testemunha tamb�m j� prestou depoimento. A vice-diretora da escola e outras pessoas devem ser ouvidas nos pr�ximos dias. As grava��es passam por per�cia. O em.com.br tentou localizar o advogado da mulher que gravou o �udio, mas sem sucesso.
REPERCUSS�O O epis�dio de racismo mobilizou a cidade. Muitos moradores e amigos das v�timas enviaram mensagens de apoio pelas redes sociais e colocaram a frase “Diga n�o contra o racismo” em suas fotos de perfil no Facebook. “Por favor, sem medo de me ofender, me chame de negra. Adoro recordar de onde eu vim, quem eu sou, minha ess�ncia, os meus antepassados, a minha hist�ria. At� onde posso, vou deixando o melhor de mim...”, publicou uma das docentes na rede social.
No perfil da outra professora, h� centenas de mensagens positivas, entre elas um v�deo de um turma de alunos dela. “A gente te apoia muito, a gente gosta muito de voc�, e n�o � s� porque os outros falam isso de voc� que tem que ficar triste”, diz uma das estudantes.
Entre as pessoas que se manifestaram est� a prefeita de Arapor�, Renata Borges (PP). “Quero me solidarizar com nossas professoras, que sofreram esse tipo de racismo, preconceito � crime e precisamos realmente assumir posi��o e punir pessoas que fala o que vem � boca sem respeitar a fam�lia e o sentimento das pessoas”, disse a chefe do Executivo municipal em uma postagem no Facebook. No texto, ela d� a entender que tamb�m foi citada pela autora do epis�dio. “Quanto �s ofensas que fez a minha pessoa gostaria que (a autora) me respeitasse da mesma forma que eu a respeito. Infelizmente temos dois ouvidos pra escutar tanta bobagem #contraoracismo”, finalizou.
No dia 23, quando o espis�dio veio � tona, a prefeitura de Arapor� divulgou uma nota oficial em seu site repudiando o caso. Leia na �ntegra:
“A Prefeitura de Arapor� vem a p�blico manifestar seu rep�dio a recentes demonstra��es de racismo divulgadas em redes de mensagens de WhatsApp contra professoras de etnia negra que atuam em nossas escolas com profissionalismo, desvelo e paix�o pelo magist�rio.
A Administra��o Municipal n�o compactua nem aceita que ataques com base em preconceitos raciais, sociais, de g�nero, de orienta��o sexual ou de credo sejam feitos em qualquer espa�o p�blico ou contra servidores municipais.
A Prefeitura Municipal se solidariza com as profissionais de educa��o atacadas e registra seu compromisso em atuar de forma implac�vel contra mensagens de �dio e preconceito n�o somente no ambiente escolar como em todos os espa�os da Administra��o. E registra seu empenho em promover ainda mais uma pol�tica de respeito aos direitos humanos, nos termos da boa cidadania e das formas defendidos na Constitui��o Federal.”