Agress�es, les�es corporais e at� homic�dios j� chegaram a ser registrados dentro ou na porta de boates na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte recentemente, indicando que os conflitos ocorrem com frequ�ncia, muitas vezes turbinados pelo uso de �lcool e drogas. O caso de Allan Pontelo � pelo menos o terceiro que chegou ao conhecimento da pol�cia em pouco mais de um ano de funcionamento da casa de show Hangar 677, inaugurada em julho do ano passado no Bairro Olhos D’�gua, na Regi�o do Barreiro, em BH.
Parentes e amigos informaram que Allan, que tamb�m era fisiculturista, estudava educa��o f�sica para virar personal-trainer e j� trabalhava com a namorada vendendo suplementos alimentares em uma loja aberta pelo casal em Contagem, na Grande BH. Em suas redes sociais, Allan mantinha v�rias imagens praticando o fisiculturismo. Allan morava com o pai, a madrasta e quatro irm�os, um deles um ano mais novo, no Bairro �gua Branca, em Contagem. Ele estudava educa��o f�sica na Universo, em BH, e o caso deixou a namorada, Marcela Paiva, de 20 anos, que tamb�m trabalha como fot�grafa, desesperada. Ela chegou a divulgar um v�deo nas redes sociais pedindo Justi�a para o caso, pois acredita que o namorado foi assassinado pelos seguran�as da boate. “Pegaram e bateram nele at� a morte. Agora est�o alegando que meu namorado estava traficando para se safar disso. Esses seguran�as acham que podem fazer o que quiserem. O Brasil precisa acordar para isso. Essas pessoas n�o t�m cora��o”, afirmou.
OUTROS CASOS
Ao menos outros dois casos de agress�es foram registrados nas imedia��es do local. Em setembro do ano passado, o estudante de medicina Henrique Papini, de 22, foi brutalmente espancado depois de sair da casa de shows. O jovem estava acompanhado de um colega e uma amiga quando foi agredido. Com traumatismo craniano e de face, al�m de outras les�es, o rapaz foi levado para o Hospital Biocor e chegou a ficar em coma. As agress�es foram flagradas por c�meras de seguran�a.
Rafael Batista Bicalho, de 19 e Thiago Motta Vaz Rodrigues, de 20, foram indiciados pelo crime de tentativa de homic�dio por motivo f�til e impossibilidade de defesa da v�tima. Em depoimento � pol�cia, somente Rafael assumiu ter agredido o rapaz por ci�mes de suposta rela��o de Henrique com sua ex-namorada. As provas apontam que os dois agrediram a v�tima e, com isso, assumiram o risco de causar a morte de Henrique. A pena para esse tipo de crime � de 12 a 30 anos de reclus�o.
Em novembro, outro caso foi registrado. O jovem Pedro Henrique de Oliveira Rocha, de 22, foi agredido no interior da boate Hangar 677. O caso foi relatado pela m�e do garoto. Ela registrou boletim de ocorr�ncia depois que o filho deu entrada no bloco cir�rgico do Hospital Fel�cio Rocho, relatando que ele foi � casa de shows acompanhado da namorada e de alguns amigos e que circulava pelo local quando foi abordado pelos agressores. Segundo a Pol�cia Civil, Pedro teria passado entre duas mesas antes de ser agredido de forma gratuita por um n�mero n�o informado de pessoas. Atingido por uma barra de ferro, ele teve ferimentos graves no rosto e uma ambul�ncia foi acionada para encaminh�-lo ao hospital.
Levantamento feito pela PM a pedido do Estado de Minas em novembro do ano passado dava conta de 67 casos de agress�o, les�o corporal, tentativa de assassinato e homic�dio dentro ou na porta de boates entre janeiro e outubro daquele ano. Dois casos ganharam grande repercuss�o pela barbaridade. Em abril, um homem foi morto a tiros na Avenida Raja Gabaglia ap�s discuss�o que come�ou dentro da boate Alambique, no Bairro Estoril, Oeste de BH. Tamb�m em abril, um estudante de direito foi espancado at� a morte por dois soldados da PM e um corretor de seguros na porta da boate Havana, em Contagem.
UM RELATO DE INTIMIDA��O

Guilherme Palma Barbosa,
33 anos, psic�logo
“O seguran�a queria me levar para um quartinho. Por sorte, apareceu um amigo, que � PM"
“H� 20 dias, comemorei meu anivers�rio na Hangar. Vendi 30 convites (R$ 100 cada) e, por isso, recebi quatro offs (ingressos) e um combo de bebida (R$ 430). Vendi o combo, os offs e outros ingressos ainda na porta. Estava com R$ 1,2 mil no bolso. Eu me diverti bastante at� ser abordado por um seguran�a com quase dois metros de altura. Disse-me que era policial civil e iria me revistar. Alegou que me flagrou vendendo drogas na boate e me intimidou. O seguran�a queria me levar para um quartinho. Por sorte, apareceu um amigo, que � PM, e pediu ao seguran�a que se identificasse. S� a� ele recuou. Achei um absurdo e tentei, por diversas vezes, a partir do dia seguinte, uma resposta da boate. Ningu�m me retornou. O meu caso � semelhante ao do rapaz que faleceu. Outras pessoas me disseram que o que o seguran�a fez comigo � um ‘golpe’ comum na boate”. A reportagem telefonou para a assessoria de imprensa da Hangar para comentar o caso, mas ningu�m retornou o recado deixado na caixa postal.