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Estado de Minas

Prefeitura processa grafiteiro que espalhou mensagens em lixeiras

O jovem, que usa o pseud�nimo Felipe Arco, afirma que s� queria deixar sua poesia pela cidade e que est� fazendo um bem � popula��o


postado em 16/09/2017 06:00 / atualizado em 16/09/2017 16:17

O grafiteiro Celso Felipe questiona a prefeitura por criminalizar uma ação que leva gentileza para as pessoas(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
O grafiteiro Celso Felipe questiona a prefeitura por criminalizar uma a��o que leva gentileza para as pessoas (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

A discuss�o sobre o que � considerado arte e o que � vandalismo ganha mais um epis�dio em Belo Horizonte. Um grafiteiro de 26 anos, autor de diversas mensagens escritas � caneta em lixeiras da capital, principalmente no Hipercentro, virou alvo de investiga��o e processo da Prefeitura de Belo Horizonte. Ele foi denunciado � Pol�cia Civil e vai participar de uma audi�ncia no in�cio de outubro. Inicialmente, ter� que pagar multas e poder� ser acionado para limpar os equipamentos p�blicos.

Sob o pseud�nimo Felipe Arco, Celso Felipe Marques Rosa j� publicou dois livros de poesias – um deles, gra�as � venda de pa�ocas pela cidade. Formado em marketing, preferiu se dedicar � arte e hoje se mant�m com a venda dos livros e com trabalhos de pintura e grafite. Um dia, voltou suas aten��es para as lixeiras instaladas pela PBH. “Fa�o grafite h� 10 anos e sempre deixei mensagens nos meus grafites. Desde 2014, comecei a colocar nas lixeiras e foi a� que o trabalho tomou essa propor��o maior”, diz.

Felipe afirma ter escolhido as lixeiras devido ao simbolismo, por ser algo muitas vezes desprezado, sujo e esquecido pela popula��o. “Limpava, tirava o res�duo das lixeiras e colocava uma frase com marcador � base d’�gua, que sai f�cil. Sai com o tempo ou at� se passar a m�o com mais for�a. �s vezes eu mesmo costumo limpar (as frases) e fazer outras por cima. N�o � algo que degrada a lixeira”, afirma. Segundo o grafiteiro, ele deixou frases em diferentes regi�es da cidade, mas a maioria est� no Hipercentro. Felipe tamb�m conta que h� textos dele em outros estados, deixados durante uma viagem para escrever seu segundo livro.

As inscri��es nas lixeiras acabaram chamando a aten��o e come�aram a ganhar as redes sociais. Somente no Instagram, Felipe Arco tem mais de 100 mil seguidores, dos quais recebe milhares de mensagens. Os versos do grafiteiro falam sobre situa��es do cotidiano.

H� pouco mais de um m�s, ele recebeu uma intima��o para prestar esclarecimentos na Delegacia de Meio Ambiente na capital. “Eles estavam com fotos de v�rias lixeiras. Disse que falaria na presen�a do meu advogado, mas fiquei muito preocupado, porque n�o tinha acontecido nada com as lixeiras”, conta.

Felipe Arco disse que procurou um advogado, com quem voltou � delegacia. “Ele viu que j� havia duas multas. Uma seria na Justi�a e a outra administrativa, da prefeitura”, conta. A audi�ncia, segundo ele, est� marcada para 5 de outubro no Juizado Especial Criminal, no Bairro Cora��o Eucar�stico, Regi�o Noroeste de Belo Horizonte.

“Provavelmente, n�o serei preso, mas o que meu advogado falou � que se eu n�o conseguir um di�logo com a prefeitura, eles v�o continuar me mandando intima��es e multas. N�o vou parar de fazer o trabalho, e eles v�o continuar me mandando multas”, diz o grafiteiro.

O rapaz diz lamentar que a situa��o tenha chegado � Justi�a, e acredita que o problema seja a falta de di�logo. “Falaram no come�o do mandato do (prefeito Alexandre) Kalil que teria um evento para substituir o Telas Urbanas, o Profeta Gentileza. Fa�o um trabalho muito similar, e o tenho como exemplo. Como a prefeitura vem, levanta a bandeira de um evento e criminaliza um trabalho que leva gentileza para o dia a dia das pessoas?”, questiona Felipe Arco. “Busco usar sempre nas palestras e nas rodas de conversa a met�fora que tenho de transformar a cidade em um livro, cada rua uma p�gina, cada bairro um cap�tulo. Se elas (pessoas) n�o leem os livros, a poesia vai para elas de alguma forma”, argumenta, refor�ando que ainda faz a limpeza das lixeiras degradadas por conta pr�pria.

Em sua defesa, Felipe Arco tamb�m destaca que recebe mensagens positivas de pessoas que viram suas mensagens. “Entendo perfeitamente o posicionamento da prefeitura, mas n�o sou inimigo, sou um aliado. A prefeitura est� trabalhando para o bem-estar da popula��o, e estou fazendo um trabalho volunt�rio para ajudar as pessoas.”, argumenta.

Questionado pelo Estado de Minas, o grafiteiro disse n�o descartar a possibilidade de fazer uma parceria com o Executivo Municipal para continuar com as interven��es. “Nunca pensei em algo assim, mas hoje, vendo o que se tornou, toparia fazer com a prefeitura”, indica, destacando que seu trabalho nunca foi pol�tico de forma partid�ria.

Contraponto


Segundo a Pol�cia Civil, a prefeitura, por meio da Secretaria de Servi�o Urbanos, solicitou em 2016 � Delegacia de Crimes contra o Meio Ambiente levantamento de lixeiras que estavam pichadas. Segundo a Pol�cia Civil, foram juntadas provas da autoria e, por isso, lavrado com Termo Circunstanciado de Ocorr�ncia (TCO) para o Juizado Especial Criminal.

De acordo com assessoria do F�rum Lafayette, h� dois procedimentos ativos contra Felipe Arco. Em ambos, o grafiteiro � enquadrado na Lei 9.605/98, especificamente pelo artigo 65, que disp�e sobre picha��o. A Prefeitura informou, por meio da assessoria de imprensa, que, “se a inten��o for fazer a interven��o em um im�vel tombado, o artista deve procurar a Diretoria de Patrim�nio Cultural, vinculada � Funda��o Municipal de Cultura. Se a inten��o for fazer a interven��o em um im�vel p�blico municipal, deve procurar o �rg�o gestor”, completou. Procurada, a Secretaria de Servi�os Urbanos n�o se manifestou. (Com Larissa Ricci)


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