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Estado de Minas

Tenebroso fantasma da falta de �gua volta a assombrar moradores de BH e RMBH

Volume de chuva em 2017 � a metade dos �ltimos 65 anos e n�vel de reservat�rios cai


postado em 23/09/2017 06:00 / atualizado em 23/09/2017 07:26

Vertedouro do Sistema Serra Azul não escoa água há tanto tempo que já acumula mato(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )
Vertedouro do Sistema Serra Azul n�o escoa �gua h� tanto tempo que j� acumula mato (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )
O fantasma tenebroso da falta de �gua volta a assombrar moradores de Belo Horizonte e regi�o metropolitana, e desta vez com uma dimens�o nunca antes vista. Mesmo com a constru��o de uma adutora no Rio Paraopeba, que – conforme o governo estadual –, resolveria a quest�o do abastecimento nas pr�ximas duas d�cadas, a dire��o da Copasa admitiu ontem que est� �s voltas com a pior crise dos �ltimos 100 anos – em se tratando de uma capital que completar� 120 anos em 12 de dezembro, � poss�vel concluir que se trata da situa��o mais grave da hist�ria. O an�ncio chega em um momento em que a popula��o ainda tem bem viva na mem�ria a escassez de 2014/2015, que levou ao fechamento de torneiras em grande parte dos munic�pios mineiros.

O diretor de Opera��o da Copasa, R�mulo Perilli, surpreendeu ontem ao informar que a capta��o no Rio Paraopeba, inaugurada no fim de 2015 e anunciada ent�o como a solu��o para os problemas da Grande BH por 20 anos, foi suspensa devido ao baixo volume no curso d’�gua. Apesar da gravidade da situa��o, principalmente diante da restri��o de uso tamb�m nas �guas do Rio das Velhas, ele disse que o n�vel atual dos tr�s reservat�rios que funcionam como caixas d’�gua para a regi�o metropolitana – Rio Manso, Vargem das Flores e Serra Azul –, garante o abastecimento por pelo menos 10 meses. Antes disso, o dirigente diz acreditar na recupera��o dos mananciais no per�odo chuvoso.

Esperar que a solu��o caia do c�u, por�m, parece n�o ser uma estrat�gia segura. BH, por exemplo, atingiu ontem 101 dias de estiagem. E desde o in�cio do ano as precipita��es est�o abaixo do esperado. “Os dados mostram que a precipita��o nos primeiros nove meses de 2017 � a metade da m�dia hist�rica dos �ltimos 65 anos para o mesmo per�odo”, explicou o pr�prio Perilli.

Com isso, o n�vel dos reservat�rios vem caindo drasticamente. Mas foi nos �ltimos meses que a situa��o se agravou: h� 30 dias o conjunto de represas estava com 54,9% de armazenamento. Ontem, chegou 49,5%. A situa��o mais cr�tica � em Serra Azul, que estava com 27,3% de acumula��o h� um m�s, mas caiu para 22,8%. Diante da situa��o, agora a estatal pede que a popula��o economize. Promete tamb�m a��es contra as liga��es clandestinas, que representam 40% de recursos perdidos.

“Temos a� uma trag�dia anunciada no estado inteiro. A escassez � h�drica, mas a crise � de gest�o”, reage o presidente do Comit� da Bacia do Rio das Velhas, Marcus Vinicius Polignano. Ele destacou que, em Minas, j� h� 93 munic�pios em emerg�ncia devido � escassez h�drica. “Esse n�mero representa 1,8 milh�o de pessoas, uma popula��o quase igual � da capital que sofre com o problema e n�o tem a visibilidade de BH. H� 29 munic�pios com racionamento, incluindo Montes Claros, na Regi�o Norte”, afirmou. Na cidade, inclusive, a Copasa anunciou  aumento do per�odo de desabastecimento de 30 para 48 horas consecutivas.

Na avalia��o do representante do comit� do Rio das Velhas, s� a chuva n�o ser� solu��o. “Precisamos aumentar a capacidade de armazenamento de �gua, por isso tudo passa pela gest�o. � preciso planejamento, pois h� outorga desenfreada, lan�amento de lixo nos rios, destrui��o das matas ciliares, hoje reduzidas a 30% no caso das florestas nativas, e outros problemas.”

Lembrando que a situa��o � “complexa e integrada”, Polignano diz que n�o adianta nem um dil�vio para p�r fim ao problema. “N�o h� solu��o m�gica como a constru��o de uma adutora, pois ela s� vai operar quando houver chuva – embora isso n�o deixe de ser um ganho”, disse. Preocupado com o quadro atual, ele lembrou que a �gua � fundamental para o consumo humano, mas tamb�m para a economia, agropecu�ria e outros setores. “N�o se pode deixar o paciente morrer. O poder p�blico deve adotar medidas de curto e longo prazos e implantar projetos para a recarga dos rios.”

A imagem de um paciente terminal tamb�m foi usada pelo presidente do Comit� da Bacia do Rio Paraopeba, Denes Martins da Costa Lott, para falar sobre a situa��o do rio. “� como tirar uma bolsa de sangue de um doente para fazer uma transfus�o”, afirmou, em rela��o � adutora inaugurada no curso d’�gua, que em muitos pontos j� pode ser atravessado a p�. “N�o h� d�vida de que falta gest�o, que se traduz por obras de engenharia, recupera��o das margens, enfim, planejamento”, disse. Na sua avalia��o, o Paraopeba sempre foi negligenciado, mesmo sendo essencial para o abastecimento.

A  crise n�o � novidade para o professor Marcelo Lib�nio, do Departamento de Engenharia Sanit�ria e Ambiental da UFMG: “Estamos vivendo esta crise desde 2011, pois chove menos do que a m�dia hist�rica. � uma estiagem atr�s da outra”. O problema de fragilidade, destaca, � que entre 40% e 45% do volume de �gua produzida vem do Sistema Rio das Velhas. Como esse sistema n�o tem estrutura de armazenamento de �gua, fica ref�m da chuva, afirma.

ADUTORA Mesmo com a baixa no n�vel dos reservat�rios na Grande BH, a Copasa garante que o abastecimento n�o ser� comprometido na regi�o. “Em 2015, a Copasa e o governo tomaram uma medida para fazer a capta��o no Paraopeba. Isso economizou nas nossas represas 135 milh�es de metros c�bicos. Mas o Rio Paraopeba, no momento, est� com uma vaz�o muito baixa. Por isso suspendemos a capta��o  e trabalhamos com as represas”, disse o diretor da Copasa R�mulo Perilli.

A concession�ria precisa lidar tamb�m com O n�vel baixo do Rio das Velhas, onde a capta��o � feita diretamente no leito, sem reservat�rio. Por isso, diminuiu a quantidade de �gua retirada. “Estamos conseguindo manter a vaz�o de 9 mil litros e tirando menos que normalmente. Atualmente, estamos em aproximadamente 5,5 mil litros, permitindo que rio continue � jusante”, disse.

Segundo o diretor, a popula��o tamb�m tem que participar. “O que pedimos � que todos usem �gua com parcim�nia. A �gua n�o � infinita e n�o pode ser usada de maneira predat�ria”, disse.


ENQUANTO ISSO...
...JOGO DURO COM OS CLANDESTINOS

Diante do quadro de escassez, n�o s� o desperd�cio, mas tamb�m o aumento das liga��es clandestinas preocupa a Copasa. Segundo a companhia, do total de perdas de �gua na Grande BH, 40% � provocado por “gatos”. “Queremos alertar que a Copasa far� uma a��o dura para coibir as liga��es clandestinas. Quem n�o paga consome mais �gua e prejudica o vizinho”, disse o diretor de Opera��o da estatal de �gua e esgoto, R�mulo Perilli.


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