
A esperan�a de reformar a casa de dois andares na beira do Rio do Carmo, que al�m de servir de moradia tamb�m funcionava como pousada e restaurante, acabou. Depois de dois anos lutando com a Samarco, a Funda��o Renova e a Prefeitura de Barra Longa, chegando a contratar engenheiros independentes, o empres�rio Ant�nio Luiz Gon�alves, de 59 anos, desistiu do espa�o que ergueu para a fam�lia.
Mais do que isso, o desgaste e o desgosto o motivam a deixar de vez a cidade natal e se mudar para a vizinha Ponte Nova, a 62 quil�metros de dist�ncia. “A lama e a Samarco me venceram. Estou decepcionado e desiludido. Vou aceitar a indeniza��o que se propuseram a me pagar e vou embora sem deixar meu endere�o. Fiquei muito magoado, especialmente com a prefeitura”, desabafou.
Os esfor�os para reformar a casa onde vivia com a fam�lia foram muito grandes. Com mais quatro homens conseguiu remover 40 ca�ambas de lama que entupiram a parte de baixo da pousada e do restaurante.
Muita coisa se perdeu, petrificada na massa de min�rio pastosa que se solidificou. Fog�es, camas, geladeiras, colch�es, mesas, cadeiras, estantes e v�rios outros m�veis. De acordo com ele, o engenheiro contratado emitiu um laudo dizendo ser poss�vel refor�ar a estrutura da casa e depois reform�-la.
“Como pode a prefeitura, que n�o tem um engenheiro na Defesa Civil, ir contra o laudo de um profissional que contratei para isso? Isso foge � al�ada dos advogados da Procuradoria e pode, sim, entrar na quest�o de pol�tica e de relacionamento com a Samarco, que sempre quis que eu sa�sse”.
No entanto, segundo o procurador do munic�pio, Geraldo Alex Miranda Bail�o, realmente a Defesa Civil n�o disp�e de engenheiro, por estar proibida de contratar sem licita��o, aguardando sanar esse problema at� o ano que vem.
“Com rela��o ao caso do senhor Ant�nio, n�s encaminhamos o laudo dele para a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) e a resposta foi de que n�o havia um atestado de estabilidade, mas sim um cronograma de obras. Por outro lado, dois engenheiros contratados pela Samarco avaliaram que os alicerces da estrutura est�o comprometidos e por isso representariam risco para o cidad�o, sua fam�lia e outros frequentadores”, disse.
A Funda��o Renova informa que o im�vel de Ant�nio Luiz “teve a estrutura comprometida pelo impacto da lama, por isso ele foi interditado pela Defesa Civil, o que permanece vigente at� hoje. Por esse motivo, apesar do laudo mencionado, a Defesa Civil n�o permite qualquer interven��o no local”, e destaca que ele � assistido com aloca��o de moradia tempor�ria, e teve a reestrutura��o do com�rcio local (restaurante), possibilitando a retomada de parte de suas atividades econ�micas e financeiras.