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Estado de Minas

'Me obrigaram a entregar o meu filho', diz m�e ativista de BH

'Tinha parado de usar droga e n�o estava na rua, estava na casa da minha m�e', conta mulher que teve o filho retirado na capital mineira


postado em 15/10/2017 08:13 / atualizado em 15/10/2017 09:23

Zion nasceu em 24 de maio de 2011. Aline chegou � Santa Casa de Belo Horizonte acompanhada da m�e. Levava o enxoval e os exames do pr�-natal. "Tinha parado de usar droga e n�o estava na rua, estava na casa da minha m�e."

Depois do parto, n�o p�de amamentar o filho. "Eu tinha leite, mas me deram rem�dio para secar", conta a m�e, que ficou 12 dias na maternidade com o beb�. "Um dia, achei que estava de alta, fiquei t�o feliz. Ent�o uma funcion�ria da Santa Casa disse que um carro me levaria at� o tribunal, que o juiz iria apenas me fazer algumas perguntas. Quando entrei l�, me obrigaram a entregar meu filho." O rec�m-nascido foi para um abrigo, onde Aline podia visit�-lo uma vez por semana.

Na casa da m�e, enquanto Aline conta sua hist�ria, sua filha �gata, de 4 anos, brinca de boneca. O ca�ula, Jo�o Pedro, de 6 meses, acorda de um cochilo no colo da av� e sorri.

Por recomenda��o da Justi�a, Aline fez um tratamento no Centro Mineiro de Toxicomania. Mesmo assim, a guarda de Zion n�o lhe foi concedida. Nem � sua m�e. Disseram a Aline que ela apresentava "instabilidade mental, emocional e financeira". O tio, tenente reformado da Pol�cia Militar, tampouco podia, por ter 82 anos. A situa��o se complicou quando a Defensoria P�blica perdeu os prazos para responder ao juiz. E n�o houve tempo de apresentar outros membros da fam�lia. "Um dia recebemos um telefonema dizendo que ele (Zion) tinha sido adotado", diz Aline. Desde ent�o, ela se tornou uma militante da causa, participando de todas as audi�ncias p�blicas que foram realizadas, recolhendo assinaturas, contando sua hist�ria. Embora o caso tenha transitado em julgado e a crian�a viva h� seis anos com a fam�lia substituta, Aline alimenta ainda esperan�as de recorrer � Corte Internacional de Direitos Humanos.

"Eu n�o quero tir�-lo de sua fam�lia. Sei que ele j� est� acostumado, n�o quero que sofra. Mas quero conviver com ele de alguma forma, quero sentir o abra�o dele." Aline abaixa os olhos e ajeita uma fileira de borboletas, feitas por ela mesma com exames de raio X descartados.

Em defesa


Borboletas semelhantes, tamb�m feitas por Aline, adornam um arm�rio na pequenina sala da defensora p�blica Daniele Bellettato. "Elas j� estavam a� quando eu cheguei", conta a defensora, que come�ou a trabalhar em Belo Horizonte no in�cio do ano. Foi ela que impetrou um habeas corpus coletivo para que beb�s saud�veis n�o sejam retidos nas maternidades p�blicas.

"O ECA (Estatuto da Crian�a e do Adolescente) estabelece que o acolhimento institucional � a �ltima medida de prote��o a ser aplicada, mas aqui em Belo Horizonte estava sendo usada como a primeira", explica. "Quando a crian�a ia para o acolhimento, o processo corria em sigilo, a m�e n�o era ouvida, n�o tinha direito � defesa. Era feito um relat�rio pela casa de acolhimento e o direito da m�e de ver a crian�a era suspenso."

Foi o que aconteceu duas vezes com Grazi, de 35 anos. "Eu perdi dois beb�s. Na primeira vez, me deram alta e ela ficou no hospital. Acabou morrendo. Na segunda, entrei em desespero quando vi que ia acontecer tudo de novo". Grazi voltou para a rua e para o crack. E engravidou novamente. Hoje, vive com a filha Sofia, de 1 ano e 9 meses, no Abrigo Municipal Granja de Freitas. Mas isso s� foi poss�vel gra�as ao projeto da prefeitura Abordagem de Rua, que d� apoio �s gr�vidas e as encaminha para abrigos familiares. "Muita gente mora na rua, mas, se tiver uma oportunidade, pode mudar de vida", diz Grazi. (Roberta Jansen, enviada especial)


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