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Estado de Minas

Celular j� equivale a 60% de tudo o que � roubado em Belo Horizonte

Smartphones est�o cada vez mais caros e potentes. Liquidez do produto e assaltantes soltos mesmo depois de pegos em flagrante ajudam a explicar por qu�


postado em 19/11/2017 06:00 / atualizado em 19/11/2017 08:20

Usar aparelhos nas ruas de Belo Horizonte tem se tornado uma atitude de risco(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Usar aparelhos nas ruas de Belo Horizonte tem se tornado uma atitude de risco (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Andar com o celular � mostra ou manter bolsas e mochilas com o equipamento vis�vel � uma conduta cada vez mais arriscada em espa�os p�blicos de Belo Horizonte. Com criminosos que se aproveitam de uma s�rie de brechas legais para voltar ao crime at� 24 horas depois de assaltar, os telefones port�teis ocupam fatias progressivamente maiores no conjunto de objetos tirados de seus donos em BH, segundo registros de ocorr�ncias policiais. Dados da Secretaria de Estado de Seguran�a P�blica (Sesp) mostram que, enquanto em 2015 os aparelhos representavam 50% de tudo que foi roubado na capital, de janeiro a agosto deste ano esse percentual subiu para quase 60%. O avan�o indica que os smatphones, cada vez mais modernos e caros, tornaram-se a principal aposta dos ladr�es para gerar liquidez r�pida no mercado clandestino. N�o � � toa que, a cada hora, mais de quatro pessoas em m�dia registram queixa na pol�cia depois de perder seus celulares para o crime – nessa conta n�o entram casos em que as v�timas n�o comunicam o delito �s autoridades.


No caso dos furtos, como � definida a subtra��o de um bem sem que haja amea�a ou o conhecimento da v�tima, a Sesp tamb�m registra maior representatividade dos celulares no quadro geral. Em 2015, os aparelhos eram 17% do universo geral, mas de janeiro a agosto deste ano o percentual chegou a 22%. Em BH, a �rea mais visada para esse tipo de crime � o Hipercentro, com destaque para as vias entre a rodovi�ria e a zona bo�mia da Rua dos Guaicurus, segundo a Pol�cia Civil. O Minist�rio P�blico editou recomenda��o para que os promotores de todo o estado atuem nas audi�ncias de cust�dia de forma a tentar evitar ao m�ximo que um ladr�o preso em flagrante seja solto, mas, segundo o pr�prio MP, a libera��o  ocorre com frequ�ncia.

Quando o assunto � roubo, crime que envolve emprego de viol�ncia ou amea�a contra a v�tima, h� uma redu��o no total de ocorr�ncias quando analisados os oito primeiros meses deste ano em compara��o com o mesmo per�odo do ano anterior, seguindo tend�ncia geral de crimes contra o patrim�nio no estado. Por�m, enquanto a queda no n�mero de roubos em geral foi de 14%, no caso espec�fico dos celulares a redu��o foi menor, de 9%, o que contribuiu para que essa modalidade aumente sua representa��o no contexto geral dos crimes do tipo. J� com rela��o aos furtos, al�m de os celulares estarem mais representativos, houve aumento absoluto nos casos de janeiro a agosto de 2017 na compara��o com o mesmo intervalo do ano passado (veja quadro).

Cada vez mais modernos e com maior valor agregado, os smartphones atraem criminosos pela liquidez certa e r�pida, segundo a Pol�cia Civil, j� que equivalem praticamente a roubar dinheiro. O delegado Rodrigo Damiano, titular da delegacia respons�vel por apurar os casos registrados em todo o Hipercentro, destaca que o mais comum � que esses aparelhos abaste�am o mercado de pe�as. “A gente tem se deparado muito com isso. Quando chegamos � loja o celular j� est� desmontado”, afirma o policial. A situa��o tem motivado uma mudan�a de estrat�gia da pol�cia. Um dos expedientes adotados s�o os pedidos de mandados de busca e apreens�o, e n�o s� o investimento em flagrantes, que representam perda de tempo quando malsucedidos. “Se a pessoa n�o tem comprova��o da origem daquele bem, eu fa�o a apreens�o da loja inteira, para n�o perder mais essa viagem”, afirma o policial, destacando que todos os meses a delegacia fiscaliza de tr�s a quatro pontos que comercializam celulares em sua �rea de atua��o.

V�tima de furto de celular no Mercado Central de BH em mar�o deste ano, uma jornalista de 54 anos que j� morou na capital mineira, mas hoje vive nos Estados Unidos, sabe que seu celular, um iPhone 6 da marca Apple, est� em uma das lojas que vendem telefones em um dos mais conhecidos shoppings populares da capital, pois ele j� foi rastreado tr�s vezes no local. Ela prefere n�o se identificar, pois relata que tentou entrar em contato com o pr�prio n�mero usando outro celular e recebeu de volta a liga��o de uma mulher que se identificou como funcion�ria da Apple, solicitando informa��es sigilosas, sob o argumento de que o aparelho tinha sido encontrado e seria devolvido.

As informa��es sobre o rastreamento do celular foram repassadas a policiais civis e militares da 1ª �rea Integrada de Seguran�a P�blica (Aisp) do Barro Preto, segundo a v�tima, mas ela diz que nenhuma provid�ncia foi tomada. “O que incomoda n�o � a perda do celular, mas essa sensa��o de invas�o. Voc� acha que a pol�cia n�o sabe exatamente onde est�o as pessoas que vendem telefones roubados? A gente fica com a sensa��o de impunidade”, desabafa a jornalista.

‘Reposi��o de estoque’ � �gil


O delegado Rodrigo Damiano sustenta que o caso em quest�o est� sendo investigado, mas diz que n�o � t�o simples encontrar um aparelho s� pelo fato de ele ter sido rastreado no shopping popular. Segundo o policial, milhares de aparelhos est�o no centro de com�rcio, distribu�dos por v�rios boxes, o que impede uma localiza��o exata. “N�o � igual a um carro, que se consegue encontrar facilmente por meio de um rastreador. N�s j� tivemos casos de levar a v�tima ao shopping e ela mesmo perceber a dificuldade de fazer isso. Eu teria que pedir mandado de busca para todas as lojas”, afirma.

O policial acrescenta ainda que, se a pol�cia fizer uma opera��o em uma loja e apreender 50 celulares, na semana seguinte o mesmo ponto estar� com outros 50, pois a “capacidade de reposi��o” � muito grande. “Tem que cassar o alvar� de funcionamento. Se a pessoa trabalha com mercadoria ilegal, como pode continuar tendo um alvar� para operar no mesmo local e com a mesma atividade?”, indaga, lembrando que as administra��es dos shoppings tamb�m deveriam tomar medidas com rela��o a lojistas flagrados com mercadoria ilegal.

A Prefeitura de Belo Horizonte informou que, quando � acionada pela Pol�cia Civil, faz a interdi��o do estabelecimento. Neste ano, a PBH informa ter interditado 29 lojas na cidade por raz�es diversas.


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