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Estado de Minas

Mapa in�dito re�ne dados sobre todos os trechos inclinados de Belo Horizonte

BHTrans divulga banco de dados sobre a declividade da capital, instrumento para enfrentar as dificuldades de acesso. Expectativa � de lan�amento de aplicativos que sugiram rotas


postado em 02/12/2017 06:00 / atualizado em 02/12/2017 07:37

Ruas muito íngremes são comuns no Bairro Santo Antônio, na Região Centro-Sul, área com uma das mais altas declividades médias de Belo Horizonte (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Ruas muito �ngremes s�o comuns no Bairro Santo Ant�nio, na Regi�o Centro-Sul, �rea com uma das mais altas declividades m�dias de Belo Horizonte (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Belo Horizonte � a capital dos relevos, das montanhas e dos morros. Independentemente do bairro em que se esteja, sempre haver� uma ladeira para subir. A declividade m�dia de Belo Horizonte � de 8,28%, segundo dados divulgados pela BHTrans. Se j� � dif�cil para os pedestres encarar rampas �ngremes durante o trajeto, imagina para os cadeirantes e deficientes com problemas de locomo��o. Mais de 13 anos depois da edi��o do decreto federal que determina normas de acessibilidade nas cidades, as dificuldades vividas por quem tem algum tipo de limita��o f�sica ainda s�o n�tidas. Os problemas incluem cal�adas mal projetadas, rampas que n�o funcionam e falta de estrutura em locais inclinados. Ontem, integrantes do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Defici�ncia tomaram posse e encaminharam carta com propostas para melhorar os acessos. Na ocasi�o, foi apresentado o Mapa de Declividades de Belo Horizonte. Trata-se de um banco de dados que cont�m informa��es de todos os trechos da cidade, que poder�o ajudar e enfrentar os desafios de acessibilidade.

"� muito comum voc� encontrar pontos de �nibus em �reas �ngremes. S�o diversos problemas que podem ser apontados"

Denise Martins Ferreira, do Conselho Municipal e Estadual de Defesa de Pessoas com Defici�ncia

Cadeirante a vida toda, depois de contrair poliomelite ainda quando crian�a, Mariane Ester, de 43 anos, considera que a inclus�o em BH melhorou nos �ltimos anos, mas aponta muitos problemas. “� um desafio di�rio, todos os dias a gente mata um le�o. H� lugares na cidade que s�o adaptados e voc� est� no para�so. Mas basta andar dois quarteir�es para fora desse espa�o e tudo muda. A acessibilidade � muito prec�ria e muita gente se escora no argumento de que a geografia da cidade n�o favorece. Alguns pa�ses que tamb�m t�m o relevo acidentado enfrentaram o desafio e venceram. Tenho o direito de ir e vir e uma cidade mal estruturada o tira de mim”, comentou. Para vencer os obst�culos, conta, a sa�da muitas vezes � optar por trajetos mais longos.

Sinalização aponta rua com declive acentuado: falta de infraestrutura de acessibilidade dificulta ainda mais a mobilidade nessas vias (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Sinaliza��o aponta rua com declive acentuado: falta de infraestrutura de acessibilidade dificulta ainda mais a mobilidade nessas vias (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
O mapa, que promete ajudar essa popula��o, foi elaborado pelo Instituto de Geoci�ncias da UFMG, em parceria com o Instituto de Pol�ticas de Transporte e Desenvolvimento e a BHTrans. A autarquia recebeu o documento em julho de 2016, detectou algumas inconsist�ncias, que foram revistas e devidamente ajustadas. A diferen�a dele para outros mapas que j� est�o dispon�veis no mercado � que fornece as declividades trecho a trecho. Ele foi elaborado com base no mapa de curvas de n�vel (metro a metro) e fornece tr�s �ndices de declividade (tanto em graus quanto em porcentagem) para cada trecho de via da cidade: m�nima, m�dia e m�xima. O novo banco de dados j� est� dispon�vel e vai estimular a cria��o de aplicativos que permitam a sele��o de percursos, em fun��o da capacidade de cada pessoa para caminhar e/ou pedalar.

“Com essa informa��o, que est� dispon�vel no site para ser baixada por qualquer pessoa, algu�m pode desenvolver um aplicativo que sugira uma rota acess�vel para cada cidad�o, de acordo com as suas necessidades. Por exemplo, o cidad�o selecionaria a op��o ‘cadeira de rodas’ e indicaria que s� pode trafegar em ruas com, no m�ximo, 8% de inclina��o. A partir da� o aplicativo pode tra�ar uma rota adequada para ele. Sem esta base de dados, ningu�m poderia desenvolver um aplicativo desse tipo”, contou Marcos Fontoura, assessor da BHTrans.  As pesquisas apontam que a Pampulha tem trechos mais suaves (m�dia de 5,65%).

As regi�es com maior concentra��o de trechos �ngremes s�o o Aglomerado da Serra, o Taquaril, o Morro das Pedras e o Aglomerado Santa L�cia. As regionais com maior declividade m�dia s�o a Centro-Sul (9,60%) e Leste (9,76%). Mas o relevo n�o justifica a falta de estrutura para lidar com a dificuldade, afirma Marcos. “Sempre que falamos sobre a mobilidade de pessoas com defici�ncia e at� mesmo de ciclistas na capital as pessoas argumentam que n�o tem jeito, porque a cidade � inclinada. Mas temos pensar: que inclina��o � essa que n�o tem jeito? Somos todos diferentes, mas o direito � cidade tem que ser o mesmo para todos”, defende.

A banc�ria conta que mora no Bairro Dom Bosco, na Regi�o Noroeste, e trabalha pr�ximo da Pra�a da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul. “Perto de casa � muito dif�cil, l� n�o � acess�vel. Todos os dias � uma peleja. J� no entorno do meu local de trabalho � �timo, perto da Rua da Bahia. Mas se eu quiser ir � Pra�a da Liberdade, n�o consigo. A prefeitura constr�i rampas, mas algumas s�o ‘pra ingl�s ver’. Se eu estiver, por exemplo, no quarteir�o do pr�dio da Vale e quiser atravessar para a pra�a, n�o consigo, por causa dos degraus”, disse. A banc�ria observa que a inclus�o n�o � s� para quem tem defici�ncia. � necess�ria acessibilidade para o cego, o surdo e at� para quem est� incapacitado temporariamente de se mover. “Al�m disso, as pessoas envelhecem e vivem cada vez mais. Isso quer dizer que essa dificuldade vai atingir um grupo cada vez maior”, concluiu.

Sair de casa é um desafio para Mariane, já que várias vias não estão adaptadas para cadeirantes:
Sair de casa � um desafio para Mariane, j� que v�rias vias n�o est�o adaptadas para cadeirantes: "Todos os dias a gente mata um le�o" (foto: T�lio Santos/EM/DA Press)


CARTA Mariane Ester ajudou a elaborar a Carta pelo direito a uma cidade para todas e todos. O documento pede v�rias melhorias, entre elas educa��o, forma��o e informa��o para a cultura cidad�. Entre as demandas que o grupo considera como as mais relevantes est�o a avalia��o priorit�ria das condi��es das cal�adas, especialmente em rela��o �s com pedras portuguesas; o desenvolvimento de pisos t�teis que sejam testados e aprovados pelos usu�rios; e a elimina��o das barreiras para o uso das rampas de acesso � cal�ada, que n�o podem ter declividades acentuadas. A carta foi feita depois da oficina “Mobilidade urbana e direito � cidade”, no evento “Programa BDMG Pr�-Equidade”.

“� muito comum voc� encontrar pontos de �nibus em �reas �ngremes. S�o diversos problemas que podem ser apontados. A �ltima coloca��o dos pisos t�teis foi feita sem consultar os cegos e h� obst�culos como �rvores e bancas de jornal que acabam provocando acidentes. Al�m disso, o piso n�o � t�til o suficiente para uma pessoa que usa t�nis”, disse Denise Martins Ferreira, membro do Conselho Municipal e Estadual de Defesa de Pessoas com Defici�ncia. A secret�ria municipal de Assist�ncia Social, Seguran�a Alimentar e Cidadania, Ma�ra Colares, explica que o mapa ser� um importante instrumento para o diagn�stico da situa��o e execu��o de pol�ticas p�blicas. “Com base nos dados, vamos fazer um plano municipal voltado para atender as pessoas com defici�ncia. A inten��o � de que ele seja lan�ado no primeiro trimestre de 2018”, concluiu.


Declividade m�dia em cada regional (%)
Pampulha     5,65
Venda Nova  7,23
Noroeste      7,94
Barreiro        8,09
Norte           8,21
Oeste          8,93
Nordeste      9,00
Centro-Sul    9,60
Leste            9,76


Padroniza��o desde 2004


As normas de acessibilidade s�o determinadas pelo Decreto Federal 5.296, de 2 de dezembro de 2004, que estabelece padr�es de locais acess�veis e, seguindo requisitos da Associa��o Brasileira de Normas T�cnicas (ABNT), d� diretrizes de como devem ser constru�dos os pontos de acessibilidade. Para facilitar o entendimento do decreto, a Prefeitura de Belo Horizonte, com o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Minas Gerais (Crea-MG), elaborou cartilhas com as diretrizes de acessibilidade dentro das cidades e das edifica��es, que descrevem como devem ser a sinaliza��o, espa�o necess�rio para mobilidade em cadeira de rodas, acesso e circula��o, travessia de pedestres, faixas elevadas, mobili�rio urbano (cabines telef�nicas, bancas de jornal, abrigos em pontos de �nibus, sem�foros), esquinas, rampas, escadas e passarelas, estacionamento, constru��o, manuten��o e conserva��o de passeios, parques, pra�as e espa�os p�blicos e tur�sticos, al�m da acessibilidade ao transporte coletivo.


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