
Cadeirante a vida toda, depois de contrair poliomelite ainda quando crian�a, Mariane Ester, de 43 anos, considera que a inclus�o em BH melhorou nos �ltimos anos, mas aponta muitos problemas. “� um desafio di�rio, todos os dias a gente mata um le�o. H� lugares na cidade que s�o adaptados e voc� est� no para�so. Mas basta andar dois quarteir�es para fora desse espa�o e tudo muda. A acessibilidade � muito prec�ria e muita gente se escora no argumento de que a geografia da cidade n�o favorece. Alguns pa�ses que tamb�m t�m o relevo acidentado enfrentaram o desafio e venceram. Tenho o direito de ir e vir e uma cidade mal estruturada o tira de mim”, comentou. Para vencer os obst�culos, conta, a sa�da muitas vezes � optar por trajetos mais longos."� muito comum voc� encontrar pontos de �nibus em �reas �ngremes. S�o diversos problemas que podem ser apontados"
Denise Martins Ferreira, do Conselho Municipal e Estadual de Defesa de Pessoas com Defici�ncia

“Com essa informa��o, que est� dispon�vel no site para ser baixada por qualquer pessoa, algu�m pode desenvolver um aplicativo que sugira uma rota acess�vel para cada cidad�o, de acordo com as suas necessidades. Por exemplo, o cidad�o selecionaria a op��o ‘cadeira de rodas’ e indicaria que s� pode trafegar em ruas com, no m�ximo, 8% de inclina��o. A partir da� o aplicativo pode tra�ar uma rota adequada para ele. Sem esta base de dados, ningu�m poderia desenvolver um aplicativo desse tipo”, contou Marcos Fontoura, assessor da BHTrans. As pesquisas apontam que a Pampulha tem trechos mais suaves (m�dia de 5,65%).
As regi�es com maior concentra��o de trechos �ngremes s�o o Aglomerado da Serra, o Taquaril, o Morro das Pedras e o Aglomerado Santa L�cia. As regionais com maior declividade m�dia s�o a Centro-Sul (9,60%) e Leste (9,76%). Mas o relevo n�o justifica a falta de estrutura para lidar com a dificuldade, afirma Marcos. “Sempre que falamos sobre a mobilidade de pessoas com defici�ncia e at� mesmo de ciclistas na capital as pessoas argumentam que n�o tem jeito, porque a cidade � inclinada. Mas temos pensar: que inclina��o � essa que n�o tem jeito? Somos todos diferentes, mas o direito � cidade tem que ser o mesmo para todos”, defende.
A banc�ria conta que mora no Bairro Dom Bosco, na Regi�o Noroeste, e trabalha pr�ximo da Pra�a da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul. “Perto de casa � muito dif�cil, l� n�o � acess�vel. Todos os dias � uma peleja. J� no entorno do meu local de trabalho � �timo, perto da Rua da Bahia. Mas se eu quiser ir � Pra�a da Liberdade, n�o consigo. A prefeitura constr�i rampas, mas algumas s�o ‘pra ingl�s ver’. Se eu estiver, por exemplo, no quarteir�o do pr�dio da Vale e quiser atravessar para a pra�a, n�o consigo, por causa dos degraus”, disse. A banc�ria observa que a inclus�o n�o � s� para quem tem defici�ncia. � necess�ria acessibilidade para o cego, o surdo e at� para quem est� incapacitado temporariamente de se mover. “Al�m disso, as pessoas envelhecem e vivem cada vez mais. Isso quer dizer que essa dificuldade vai atingir um grupo cada vez maior”, concluiu.

CARTA Mariane Ester ajudou a elaborar a Carta pelo direito a uma cidade para todas e todos. O documento pede v�rias melhorias, entre elas educa��o, forma��o e informa��o para a cultura cidad�. Entre as demandas que o grupo considera como as mais relevantes est�o a avalia��o priorit�ria das condi��es das cal�adas, especialmente em rela��o �s com pedras portuguesas; o desenvolvimento de pisos t�teis que sejam testados e aprovados pelos usu�rios; e a elimina��o das barreiras para o uso das rampas de acesso � cal�ada, que n�o podem ter declividades acentuadas. A carta foi feita depois da oficina “Mobilidade urbana e direito � cidade”, no evento “Programa BDMG Pr�-Equidade”.
“� muito comum voc� encontrar pontos de �nibus em �reas �ngremes. S�o diversos problemas que podem ser apontados. A �ltima coloca��o dos pisos t�teis foi feita sem consultar os cegos e h� obst�culos como �rvores e bancas de jornal que acabam provocando acidentes. Al�m disso, o piso n�o � t�til o suficiente para uma pessoa que usa t�nis”, disse Denise Martins Ferreira, membro do Conselho Municipal e Estadual de Defesa de Pessoas com Defici�ncia. A secret�ria municipal de Assist�ncia Social, Seguran�a Alimentar e Cidadania, Ma�ra Colares, explica que o mapa ser� um importante instrumento para o diagn�stico da situa��o e execu��o de pol�ticas p�blicas. “Com base nos dados, vamos fazer um plano municipal voltado para atender as pessoas com defici�ncia. A inten��o � de que ele seja lan�ado no primeiro trimestre de 2018”, concluiu.
Declividade m�dia em cada regional (%)
Pampulha 5,65
Venda Nova 7,23
Noroeste 7,94
Barreiro 8,09
Norte 8,21
Oeste 8,93
Nordeste 9,00
Centro-Sul 9,60
Leste 9,76
Padroniza��o desde 2004
As normas de acessibilidade s�o determinadas pelo Decreto Federal 5.296, de 2 de dezembro de 2004, que estabelece padr�es de locais acess�veis e, seguindo requisitos da Associa��o Brasileira de Normas T�cnicas (ABNT), d� diretrizes de como devem ser constru�dos os pontos de acessibilidade. Para facilitar o entendimento do decreto, a Prefeitura de Belo Horizonte, com o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Minas Gerais (Crea-MG), elaborou cartilhas com as diretrizes de acessibilidade dentro das cidades e das edifica��es, que descrevem como devem ser a sinaliza��o, espa�o necess�rio para mobilidade em cadeira de rodas, acesso e circula��o, travessia de pedestres, faixas elevadas, mobili�rio urbano (cabines telef�nicas, bancas de jornal, abrigos em pontos de �nibus, sem�foros), esquinas, rampas, escadas e passarelas, estacionamento, constru��o, manuten��o e conserva��o de passeios, parques, pra�as e espa�os p�blicos e tur�sticos, al�m da acessibilidade ao transporte coletivo.
