
Foi a primeira morte de um militar depois que o governo de Minas lan�ou for�a-tarefa entre 13 institui��es para os casos de ataques a terminais banc�rios, em setembro. A Pol�cia Militar foi dura ao comentar a situa��o e criticou o que classifica como falta de atitude dos bancos para proteger ag�ncias e caixas eletr�nicos, que se tornaram alvo f�cil de criminosos. Para o major Fl�vio Santiago, assessor de imprensa da corpora��o, muitas vezes a medida adotada pelas institui��es financeiras � a simples retirada dos caixas das pequenas cidades, alvo preferido dos ladr�es.
Para o policial, h� iniciativas de sucesso da rede banc�ria para evitar os roubos dos caixas, como a ativa��o de um mecanismo que suja as notas com uma tinta caso um caixa seja explodido. Essa medida inviabiliza o uso do dinheiro roubado. “As notas pintadas em alguns pontos mostrando efici�ncia na a��o j� deveriam ter sido padronizadas no Brasil e infelizmente ainda n�o vemos essa a��o por parte desse setor, que � importante para nossa sociedade, mas precisa atuar veementemente com isso”, diz o major. O policial aponta tamb�m a facilidade no acesso aos bancos, muitas vezes protegidos apenas por barreiras de vidro que s�o facilmente rompidas, e destaca que as empresas deveriam usar solu��es de maior resist�ncia para os caixas eletr�nicos. “� inconceb�vel que no s�culo 21 voc� tenha facilidades de na madrugada chegar a esse cockpit, que � o inv�lucro do caixa autom�tico. � imprescind�vel que haja a��o. A��o � m�ltipla, n�o � s� de pol�cia”, afirma o major.

OUSADIA No caso de maior ousadia da madrugada, bandidos chegaram em cinco ve�culos � cidade de Pomp�u, um deles em uma moto. Armados com fuzis e espingardas calibre 12, eles tentaram trancar a porta do quartel com correntes. Atiraram v�rias vezes contra o im�vel e os militares revidaram, evitando que a entrada fosse fechada. Logo em seguida, comparsas explodiram ag�ncia do Banco do Brasil. Militares que chegaram ao local foram surpreendidos pelos bandidos e baleados. O cabo Osias Alves de Barros, de 33 anos, levou um tiro na cabe�a e morreu no local. Outro militar da mesma patente, Lucas Reis Rosa, de 27, tamb�m foi atingido por disparos. Ele foi transferido para o Hospital Jo�o XXIII, em Belo Horizonte, em estado grave e teve que amputar o bra�o de direito.
Alisson dos Reis Pinheiro, de 22, funcion�rio de uma lanchonete, foi baleado quando sa�a do estabelecimento no meio do confronto. “N�o tenho d�vidas de que a a��o desses infratores foi no sentido de atirar contra o membro da sociedade para evitar que a Pol�cia Militar continuasse no encal�o deles. Como uma estrat�gia de guerrilha”, comentou o major Fl�vio Santiago.
"Minha m�e est� inconsol�vel. Era para estarmos felizes, com a rec�m-tirada carteira de motorista do Alisson e a gravidez da nossa irm�"
Adilson Pinheiro, de 18, irm�o de Alisson dos Reis Pinheiro, morto a tiros em Pomp�u

Apesar de nenhuma autoridade p�blica falar em crimes orquestrados, praticamente ao mesmo tempo outro grupo de bandidos atacava Morro do Ferro, distrito de Oliveira, tamb�m na Regi�o Centro-Oeste, a 250 quil�metros de Pomp�u. De acordo com a corpora��o, 14 homens cercaram uma ag�ncia do Banco Sicoob na localidade e explodiram os caixas eletr�nicos. Conforme a PM, o grupo se dividiu e alguns criminosos foram at� a casa do cabo Leonel Richs de Aquino, no distrito, e cercaram o im�vel. O militar percebeu a a��o criminosa e pediu ajuda ao destacamento de Oliveira. Ao tentar sair, foi baleado com um tiro no t�rax, que atingiu um pulm�o. Pelo WhatsApp, ele pediu ajuda e foi socorrido por militares de Oliveira e pela Pol�cia Militar Rodovi�ria (PMRv). Ele foi internado em hospital particular de BH e seu estado de sa�de era est�vel na noite de ontem. At� o fechamento desta edi��o, ningu�m havia sido preso.
Ainda na madrugada, as cidades de Tapira, no Alto Parana�ba, e Santa Rita de Caldas, no Sul do estado, foram atacadas. Na primeira, tiros de fuzil teriam sido disparados contra casas vizinhas ao Banco do Brasil e os criminosos fugiram em dire��o a Ouro Fino. De acordo com a Secretaria de Estado de Seguran�a P�blica (Sesp), os detalhes das ocorr�ncias ainda n�o podem ser divulgados.
Clima de luto e ca�ada aos criminosos

Dois foram encaminhados para a delegacia da Pol�cia Civil da cidade, e outros dois estavam no quartel da PM. Informa��es preliminares d�o conta de que na BR-494, em Divin�polis, foram presos A.D.F. e M.A.O., num Toyota Corolla, com placas clonadas. Com eles, foram apreendidos uma pistola calibre 9 mil�metros e um r�diocomunicador. A outra dupla, Y.F.F. e W.D.S.N., foi presa em Moema, no Centro-Oeste, num Ford Focus, com r�dios de comunica��o.
Em Pomp�u, o clima era de luto pelas mortes do militar Osias Alves de Barros e do jovem Alisson dos Reis Pinheiro, de 22 anos. Irm�o do rapaz, Adilson Pinheiro, de 18, disse que ele foi atingido ao sair do trabalho na lanchonete, quando seguia de bicicleta para casa. “Minha m�e est� inconsol�vel. Era para estarmos felizes, com a rec�m-tirada carteira de motorista do Alisson e a gravidez da nossa irm�”. J� a morte do cabo Osias chocou Martinho Campos, onde mora a fam�lia dele. Ele era casado h� dois anos com Amanda Aiala dos Santos Barros, de 25, e pai de uma menina de 10 meses. O corpo ser� enterrado hoje, �s 8h, no cemit�rio municipal de Martinho Campos. (EG)
Febraban defende a��o preventiva
Para a Federa��o Brasileira dos Bancos (Febraban), a a��o de seguran�a necess�ria para fazer frente � viol�ncia empregada por ladr�es de caixas eletr�nicos est� “fora de alcance das institui��es privadas, como estabelecimentos comerciais e bancos”. Para a entidade, � necess�rio combater as causas desses crimes. “Em primeiro lugar, impedindo que os bandidos tenham acesso f�cil a explosivos. Em segundo lugar, desbaratando as quadrilhas, o que se faz com a��es de intelig�ncia. Em terceiro lugar, dificultando o acesso dos bandidos ao produto do crime”, considerou, em nota, a institui��o.
Al�m disso, a Febraban destaca que os bancos aumentaram em tr�s vezes o valor destinado para impedir o avan�o da criminalidade, na compara��o com 10 anos atr�s. Segundo a Febraban, s�o R$ 9 bilh�es investidos na seguran�a banc�ria atualmente. A entidade ainda pontua que promove intensa coopera��o com as autoridades encarregadas de seguran�a p�blica.
Ainda segundo a Febraban, um levantamento com 17 institui��es financeiras, entre elas os principais bancos de varejo brasileiros, mostra que, em 2016, foram registrados 339 assaltos e tentativas de assaltos no pa�s, o menor n�mero nos �ltimos 17 anos. O n�mero indica redu��o em rela��o a 2015, quando foram registradas 394 ocorr�ncias (-14%) e est� bem abaixo ao registrado em 2000, quando houve 1.903 assaltos e tentativas de assaltos. Por�m, a Febraban n�o informa ocorr�ncias espec�ficas de explos�es a caixas eletr�nicos, que segundo a Pol�cia Militar acabam registradas na maioria das vezes como furto qualificado.
MEM�RIA
Crime cinematogr�fico
O poder de fogo dos bandidos que assaltam caixas eletr�nicos e roubam cofres de bancos e institui��es de valores foi colocado � prova em 6 de novembro, quando um grupo de cerca de 20 homens invadiu a sede da empresa Rodoban, em Uberaba, no Tri�ngulo Mineiro. A ofensiva teve tiros de fuzil, transformadores de energia el�trica estourados a bala, barricadas com carros e pneus queimados, correntes e “miguelitos” (objetos perfurantes para estourar pneus), tudo para barrar a rea��o policial. Somente depois de duas horas de cerco sob fogo as for�as de seguran�a foram capazes de montar bloqueios nas sa�das da cidade, o que n�o evitou a fuga do bando. A investida teve in�cio �s 3h e terminou �s 5h15. Uma pessoa se feriu e bairros inteiros ficaram sem energia el�trica. O grupo roubou uma quantia que pode chegar a R$ 20 milh�es, segundo fontes extraoficiais – o valor n�o foi informado pela empresa nem pela pol�cia. Tr�s suspeitos de participa��o no crime foram presos e um homem que tamb�m teria envolvimento com o caso foi encontrado morto.