
Os dois espa�os, em dois andares de um antigo hotel na Avenida Paran�, ser�o destinados a partir de ter�a-feira apenas a homens, e ter�o car�ter de moradia, com a possibilidade de perman�ncia durante todos os dias e noites. Segundo a Prefeitura de BH, � uma iniciativa que aumenta a personaliza��o do atendimento, e por isso tem um potencial maior de contribuir para a ressocializa��o, o que � uma tend�ncia para tentar minimizar o problema. Por�m, mesmo com a inaugura��o dessas unidades, a PBH chega a cerca de 1,1 mil vagas para acolhimento de moradores de rua em diferentes formatos – o equivalente a cerca de um sexto da popula��o que se estima viver ao relento na capital.
Na vis�o da prefeitura, um dos diferenciais para a perspectiva de sucesso das novas vagas � a localiza��o. “O fato de a nova estrutura ser no Hipercentro traz essa import�ncia, pela localiza��o e pela facilidade de acesso do usu�rio, porque como ser� um abrigo, teremos mais possibilidade de inser��o dessas pessoas, �s vezes no pr�prio mercado de trabalho pr�ximo”, diz Ma�ra Colares, secret�ria de Assist�ncia Social, Seguran�a Alimentar e Cidadania da prefeitura.

Os 20 primeiros moradores estar�o na nova moradia um dia depois do Natal. O restante das 119 vagas ser� preenchido ao longo de janeiro. A gest�o do espa�o, que ontem foi visitado pelo prefeito Alexandre Kalil (PHS), � feita em parceria com o Instituto Darcy Ribeiro, que j� atua tamb�m no abrigo Tia Branca. Os moradores ter�o alimenta��o integral, lavanderia, quartos menores com arm�rios para guardar pertences e ficar�o respons�veis pela manuten��o da casa.
Algumas regras ser�o constru�das em conjunto com a equipe de 12 funcion�rios de cada uma das duas unidades, como hor�rios para receber visitas. O diretor do Instituto Darcy Ribeiro, Jos� Geraldo Reis, disse que os novos moradores das unidades de acolhimento ter�o autonomia para reconstruir suas vidas. “Ter�o atividades para desenvolver a capacidade intelectual, para desenvolver o projeto de inser��o, tudo isso vai ocorrer aqui mesmo”, afirma.
DE SALTO EM SALTO De acordo com a Secretaria de Assist�ncia Social, o Cadastro �nico dos Moradores de Rua, que � preenchido espontaneamente pela pr�pria popula��o nessas condi��es, � atualizado semestralmente. O n�mero antigo de 4.553 foi atualizado e agora j� s�o 6.340, conforme a pasta, salto de 39,2% em rela��o ao �ltimo levantamento, feito em julho. Naquela �poca, a prefeitura j� havia detectado acr�scimo de 31% nos inscritos no cadastro, em rela��o a janeiro deste ano.
Segundo os dados obtidos em julho, 95% da popula��o era de homens, de acordo com a PBH. A segmenta��o n�o foi divulgada para o �ltimo levantamento, mas a predomin�ncia da popula��o masculina nas ruas � facilmente observada pelas esquinas, onde legi�es de sem-teto ocupam cal�adas de forma prec�ria. Na esquina da Avenida do Contorno com a Rua Mato Grosso, no Barro Preto, a equipe do Estado de Minas encontrou diversas pessoas nessa situa��o, que se dividiram diante da possibilidade de mais vagas para abrigo na cidade.

Vivendo h� um m�s nas ruas de BH depois de passar por uma cl�nica de reabilita��o em Sete Lagoas, Regi�o Central de Minas, Anselmo Ant�nio da Silva Francisco, de 36 anos, viveu por 10 sem casa em S�o Paulo e aprova a iniciativa de novos abrigo em car�ter de moradia. “Eu sa� de casa por causa de um conflito familiar. J� tem dois anos que n�o tenho not�cias de ningu�m da minha fam�lia. Na cl�nica n�o deu certo, porque n�o me senti no lugar e acabei voltando a beber. Mas acho que essa chance de uma moradia pode ser uma boa iniciativa. Eu teria interesse em testar”, afirma.
J� Lucimar Moreira da Silva, de 42, disse que vive na rua desde os 16 anos de idade. Ela tem dois filhos, que est�o presos, e n�o tem v�nculos familiares onde vive. A mulher reclamou que s� � vista pelo poder p�blico como criminosa. “A gente n�o precisa de abrigo, mas sim oportunidade de emprego. Todo mundo olha para quem vive aqui como se fosse bandido”, afirma.
Atual coordenadora do abrigo Tia Branca e servidora da prefeitura que vai assumir a coordena��o de uma das duas novas unidades, batizadas de Anita Gomes dos Santos I e II, Vanessa Rezende Fernandes acredita que o formato que vai come�ar a operar no Hipercentro tem potencial maior de contribuir para que moradores de rua sejam ressocializados. “Dentro dos abrigos-moradia o trabalho t�cnico atinge uma qualidade melhor e podemos investir efetivamente na supera��o da situa��o de rua”, afirma.

Ela diz que o objetivo n�o � acabar com as casas de passagem, a exemplo do Tia Branca, que fica no Bairro Floresta e � considerado muito importante, especialmente para os migrantes, mas gradativamente mudar o perfil das vagas. A meta � diminuir a quantidade em grandes abrigos de pernoite e aumentar nas moradias menores.
A secret�ria Ma�ra Colares acrescenta que j� h� novas vagas encaminhadas nesse sentido. “No pr�ximo ano, nossa prioridade � expandir para fam�lias, principalmente mulheres gestantes com seus beb�s. Inicialmente, vamos seguir as normativas federais, entre 40 e 50 pessoas em cada unidade. J� temos casas em vista, uma praticamente fechada, mas como n�o est� certo, preferimos n�o anunciar ainda.”