
Em rela��o � popula��o de rua, a secret�ria de Pol�ticas Sociais, Ma�ra Colares, anunciou que a prefeitura deve construir uma unidade de acolhimento na Avenida Paran�, Centro da capital, com cerca de 120 vagas. “Estamos em processo administrativo para contrata��o da nova unidade. As interven��es de reforma j� est�o sendo conclu�das para, ainda no segundo semestre, inaugurarmos”, afirmou. O local escolhido � considerado estrat�gico, por ser converg�ncia de v�rios pontos frequentados pela popula��o de rua.
Atualmente, h� cerca de 900 vagas de acolhimento na capital, nas modalidades casas de passagem, abrigos e condom�nios sociais. Elas se dividem entre 400 vagas no Abrigo Tia Branca, 200 no Abrigo S�o Paulo, 28 c�modos para cerca de 90 pessoas no Abrigo Pompeia, 20 c�modos para 60 pessoas no Abrigo Granja de Freitas, al�m de 124 vagas no Abrigo Reviver e F�bio Alves. S�o feitas, em m�dia de 120 abordagens por dia nas nove regionais da cidade.
De acordo com a secret�ria, outra inciativa ser� a contrata��o de 15 arte-educadores, para facilitar o estabelecimento de v�nculos com a popula��o de rua. Nas equipes de abordagem social, compostas de assistentes sociais e psic�logos, a administra��o deve colocar oito educadores com trajet�ria de rua, para facilitar essa aproxima��o. O plano municipal consiste ainda em um projeto chamado “Convivendo no Parque”, com o intuito de identificar e mobilizar atores institucionais presentes no Parque Municipal, de forma a facilitar a inclus�o. A prefeitura pretende ofertar tamb�m 80 vagas para qualifica��o profissional de moradores de rua, no Mercado da Lagoinha, por meio de cursos de gastronomia e panifica��o.
A Secretaria de Pol�ticas Sociais tra�ou um perfil dos moradores de rua da capital: 98% s�o homens, 83% se autodeclararem negros ou pardos, 95% s�o considerados analfabetos, 63% t�m apenas o ensino fundamental e 92% vivem em situa��o de extrema pobreza, com renda per capita de R$ 85. Do total, 31% passaram a viver nas ruas h� no m�ximo seis meses, 59% a menos de dois anos e 26% de cinco a 10 anos. Entre as pessoas ouvidas pelo munic�pio, 30% apontam problemas familiares como principal motivo para sair de casa.
NA PR�TICA O levantamento da prefeitura traduz em n�meros o avan�o de um problema social que � notado no dia a dia por quem transita por Belo Horizonte. Na cidade, � cada vez maior o n�mero de estruturas improvisadas que abrigam pessoas sob marquises de pr�dios, viadutos e nas cal�adas.
Retirar esses sem-teto das ruas, por�m, n�o ser� tarefa f�cil para a prefeitura. Com um barraco montado h� um ano e cinco meses na Rua Gon�alves Dias pr�ximo � Pra�a da Liberdade, Ant�nio Haroldo de Castro, de 58 anos, � uma das muitas pessoas que foram viver ao relento ap�s um conflito em fam�lia. O homem, no entanto, n�o aceita ir para unidades de acolhimento oferecidas pelo munic�pio. “A coisa que eu mais detesto � falar para ir para esses albergues. O tratamento n�o � bom, o alimento n�o � bom. Aqui eu vivo bem, ganho minhas gorjetas olhando carro”, contou ele, mostrando detalhes do barraco onde vive e a panela em que costuma cozinhar diariamente.
Vizinho de Ant�nio e famoso entre os frequentantes da Pra�a da Liberdade, o vendedor de balas F�bio Daniel, de aparentes 50 anos, disse que ajudou muitas pessoas a deixar as ruas, mas ele mesmo se nega a ir para uma unidades de acolhimento. “Chega l�, voc� s� v� gente falando de morte, que matou gente para l� e para c�. Quando algu�m entra l�, � igual pris�o, sai pior que vagabundo. Eles n�o conseguem atender todo mundo da maneira correta”, acredita O homem, que passou a viver nas ruas h� um ano, depois de perder a mulher. (*Estagi�rio sob supervis�o do editor Andr� Garcia)