
A entrega das chaves do templo, cart�o-postal de BH visitado por milhares de brasileiros e estrangeiros, encerra um longo per�odo de contratempos e negocia��es para restauro da joia do conjunto moderno da Pampulha. O pacote inclui adiamentos ao longo de 2015 e do passado, protesto de noivas com casamento marcado para 2017, e que corriam risco da n�o realiza��o no local, e reuni�es no MPMG, institui��o na qual foi firmado termo de ajustamento de conduta (TAC) entre as partes envolvidas. No �ltimo dia 5, conforme noticiou o Estado de Minas, a Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital informou que a igreja n�o havia sido formalmente entregue � PBH para execu��o de obras e que, s� ap�s a entrega formal, poderia se responsabilizar pelos cuidados e obras no bem reconhecido pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco).
Enquanto isso, assessores da Arquidiocese de Belo Horizonte, � qual pertence a Igreja S�o Francisco de Assis, esclareciam que acataram as determina��es e prazos firmados no TAC, mas n�o conseguiam entregar a chave do templo ao poder p�blico. O assunto foi registrado em nota de esclarecimento: “Seguindo os prazos estipulados pelo TAC, a Arquidiocese de BH retirou os m�veis e todos os objetos lit�rgicos da capela, al�m de transferir o sacerdote para o exerc�cio pastoral em outra comunidade, at� a conclus�o das obras. Sem conseguir entregar as chaves ao poder p�blico, a Arquidiocese de Belo Horizonte protocolou of�cio no Minist�rio P�blico comunicando que todas as medidas que lhe eram cab�veis foram providenciadas, de modo a possibilitar o imediato in�cio das obras”.

NARIZ NA PORTA A hist�ria com tantas reviravoltas confunde a cabe�a dos turistas, que gostariam simplesmente de apreciar a igrejinha da Pampulha, como � mais conhecida, e d�o literalmente com o nariz na porta. Fazendo uma viseira com as m�os para impedir o reflexo e contemplar o interior do templo, o m�dico e professor universit�rio, o carioca Marcelo Land, ficou frustrado principalmente por conhecer a import�ncia da constru��o moderna: “� a primeira vez que chego perto, pena que est� fechada. Sei que � um patrim�nio da humanidade, com obras de Portinari e Burle Marx”. J� a mulher dele, a mineira Juliana Garcia, e a filha J�lia Tavares, de 18, estudante de direito, sentiram um ar de abandono ao observar todos os detalhes na fachada.
A fam�lia de Jo�o Batista Louren�o, de Rio Casca, na Zona da Mata, tamb�m chegou bem perto da porta de vidro para ver o interior da capela vazio. “Fiz quest�o de vir, pois acompanhava as mat�rias na televis�o e ficava com muita vontade de ver. � muito bonita”, afirmou a mulher, Ana Maria, ao lado do filho Ant�nio Carlos, residente em BH, e acompanhado da filha Stefany, de 10, e da namorada, a advogada Rafaela Cristina Gomes de Paula, moradora de Venda Nova. “Por incr�vel que pare�a, � a primeira vez que venho, mesmo morando na capital”, disse Rafaela.
Mesmo de portas fechadas, a igreja n�o deixa de emocionar os belo-horizontinos. Se os visitantes apenas procuram ver o interior da edifica��o, moradores da Regi�o da Pampulha e quem se exercita por ali fazem suas ora��es em sil�ncio, ajoelhados ou encostados na vidra�a. Fazendo o sinal da cruz e rezando, a professora Sandra Rigueira, do Bairro Al�pio de Melo, na Regi�o Noroeste, espera ansiosa o come�o das obras. “Deixo o carro distante, venho correndo e n�o deixo de parar e rezar. Fico preocupada com a conserva��o, presto aten��o no jardim, em tudo”, afirmou. A psic�loga Ana Luzia Manetta, moradora da Pampulha, tamb�m faz suas preces e anseia pela restaura��o do templo, que n�o deixa de visitar nunca.
SEM TAPUMES O diretor de Patrim�nio Cultural da Funda��o Municipal de Cultura (FMC), Yuri Mello Mesquita, informou ontem que por enquanto n�o ser�o colocados tapumes no entorno da Igreja S�o Francisco para n�o impedir a aproxima��o das pessoas. Ele adianta que ser� estudada uma forma de acesso durante a interven��o, para n�o impedir a visita externa. No momento, explicou Yuri, a Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap/PBH) conclui o detalhamento t�cnico para fazer a licita��o da obra.
Planejamento estrat�gico
A Prefeitura de Belo Horizonte est� fazendo o planejamento estrat�gico da Pampulha, regi�o que abriga obras da d�cada de 1940 projetadas por Oscar Niemeyer (Museu de Arte da Pampulha, antigo Cassino, Igreja S�o Francisco de Assis, Casa do Baile e Iate T�nis Clube) ligadas pelo espelho d’�gua da Pampulha. Al�m de reconhecido pela Unesco, o conjunto arquitet�nico � tombado pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha) e Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural do Munic�pio. No documento, fundamental para nortear as atividades nos pr�ximos anos, est�o os programas de educa��o patrimonial; usos da orla e interven��es nos bens, conforme as recomenda��es da Unesco, que declarou a Pampulha como patrim�nio e paisagem cultural da humanidade em 17 de julho de 2016; e outras quest�es de preserva��o e utiliza��o.