(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Capela de 300 anos na Grande BH est� amea�ada

Joia barroca, Capela Nossa Senhora do �, em Sabar�, chega ao tricenten�rio com estragos no piso, na pintura, cobertura e na rede el�trica e espera interven��es depois das f�rias


postado em 09/01/2018 06:00 / atualizado em 09/01/2018 07:48

Altar da Igrejinha do Ó, construída no início do século 18 e restaurada pela última vez em 2001(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Altar da Igrejinha do �, constru�da no in�cio do s�culo 18 e restaurada pela �ltima vez em 2001 (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Merecia uma grande festa, dessas bem mineiras com prociss�o, foguetes e muita gente nas ruas. Mas a infesta��o de cupins dentro e fora, infiltra��es nas pinturas, danos na cobertura, estragos no piso e outros s�rios problemas, incluindo a parte el�trica, adiaram a comemora��o dos 300 anos da Capela Nossa Senhora do �, joia barroca de Sabar�, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, e uma das preferidas dos turistas para visita��o, especialmente pelas famosas chinesices. “Houve uma missa no dia 18. Do jeito que est�, � imposs�vel fazer a celebra��o como gostar�amos”, lamenta a coordenadora da comunidade e zeladora, Maria da Concei��o do Carmo, a dona Bi�, residente h� seis d�cadas a poucos metros do templo vinculado � Par�quia Nossa Senhora da Concei��o e Arquidiocese de BH.

A situa��o do monumento conhecido como Igrejinha do �, localizado no Largo de Nossa Senhora do � e tombado pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) desde 1938, e pelo munic�pio, entristece Maria da Concei��o. Ela se lembra da �ltima restaura��o, em 2001, e olha com pesar a lateral da constru��o do in�cio do s�culo 18, que tem uma parte podre no telhado. “Fica at� perigoso passar aqui nesta beirada. Olha a pintura externa, que coisa horrorosa”, aponta a zeladora, que conclama as autoridades a fazer os reparos com urg�ncia, devido � temporada de chuvas. “Ser� que � falta de verbas ou de interesse?”, questiona, esperan�osa de poder participar da festa do tricenten�rio ainda em 2018.

No in�cio do mil�nio, quando a igreja ficou fechada durante um ano para restauro, as missas eram celebradas na garagem da casa de Maria da Concei��o. “Fico preocupada. Parece que d�o pouco valor a uma capela t�o bonita. Vem gente de todo lado para conhec�-la. Tivemos uma reuni�o com o p�roco (padre Nivaldo Magela de Almeida Rodrigues), que � muito atuante, e mostramos nosso interesse em ajudar a conseguir recursos, por meio de barraquinhas, bingos, jantares e outros eventos.” Em outubro de 2015, a capela ficou parcialmente interditada ap�s den�ncias do Estado de Minas sobre o avan�o da degrada��o.

Na avalia��o da coordenadora da comunidade religiosa, s� h� esperan�a com trabalho. “A capela ficou muito tempo sem manuten��o. � um templo em movimento, pois tem missa toda quinta-feira, �s 19h, catequese, reuni�o de vicentinos, curso de crisma, al�m de ficar aberto todos os dias”. Enquanto passa uma vassoura na porta, a recepcionista Fabiana Rodrigues de Almeida, de 19, acrescenta: “Este lugar � uma maravilha, uma joia barroca de Sabar�. �s vezes fico pensando como gente da nossa cidade nunca veio aqui”.

A zeladora Maria da Conceição questiona:
A zeladora Maria da Concei��o questiona: "Falta verba ou interesse?" (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


CHINESICES Quem entra pela primeira vez na Capela Nossa Senhora do �, ap�s passar a porta de madeira e depois uma cortina, n�o consegue esconder o encantamento no ambiente que leva ao recolhimento, � admira��o e � surpresa. Milhares de brasileiros e estrangeiros n�o cansam de contemplar as chinesices presentes no arco-cruzeiro e nos pain�is laterais, que incluem at� santos com olhos puxados. Derivada da palavra francesa chinoiserie, chinesice � o conjunto de pinturas que recriaram, no s�culo 18, em igrejas e capelas de Minas, os pagodes ou pagodas (tipo de torre com fins religiosos comuns na China e outros pa�ses da �sia), animais e paisagens.

Segundo levantamento do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG), as chinesices, geralmente com fundo vermelho, verde ou azul e elementos dourados, podem ser contempladas na Matriz de Nossa Senhora da Concei��o, tamb�m em Sabar�, e em outras cidades mineiras. Passados tr�s s�culos, o grande mist�rio continua sendo identificar a origem delas e h� muitas hist�rias a respeito: uns acreditam numa ideia romantizada de que teria vindo para c�, no s�culo 18, um indiano ou um chin�s, e que essa pessoa teria feito esses trabalhos, ou que artistas das Gerais copiavam figuras de livros ou dos desenhos impressos em pratos e outros utens�lios de porcelana. O certo mesmo � que, conforme especialistas, chinoiserie significa feito “� moda da China”.

Paisagem com motivos chineses, um dos atrativos do templo(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Paisagem com motivos chineses, um dos atrativos do templo (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
OBRAS H� dois anos e dois meses, autoridades de institui��es federais, estaduais e municipais, moradores e representantes e v�rias entidades participaram de uma audi�ncia p�blica na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), coordenada pela Comiss�o de Cultura, para avaliar a situa��o da Igrejinha do �. Na �poca, houve v�rias propostas e nada foi feito de concreto para frear a deteriora��o desse marco da cidade colonial e uma das primeiras Vilas do Ouro de Minas, a antiga Vila Real de Nossa Senhora da Concei��o de Sabar�.

Pelas informa��es fornecidas ao EM, tudo indica que ser�o feitos os servi�os e que n�o h� risco de desabamento, pois, de acordo com o Iphan, uma vistoria recente realizada por arquitetos e engenheiros mostrou que n�o h� comprometimento da estrutura da constru��o. Os problemas s�o pontuais, na cobertura e nas laterias, com presen�a de madeiras podres. A vistoria n�o contemplou a parte el�trica.

A coordenadora-geral do Memorial da Arquidiocese de Belo Horizonte, Maria Goretti Gabrich Freire Ramos, informa que a Par�quia Nossa Senhora da Concei��o vai bancar os custos da descupiniza��o no interior do templo. Segundo Maria Goretti, a interven��o dever� come�ar ap�s o per�odo de f�rias, pois � intenso o turismo nesta �poca e o forte cheiro do material aplicado poderia incomodar os visitantes. Em nota, o prefeito de Sabar�, Wander Borges, informa que, com recursos do munic�pio e in�cio ainda neste semestre, ser� feita a restaura��o da capela de Nossa Senhora do �. “O material necess�rio para a obra j� foi adquirido e, no momento, est� sendo montada a equipe t�cnica que executar� os trabalhos”, adianta Borges.

Enquanto isso...
Capela do Senhor Bom Jesus

Uma boa not�cia para os moradores e visitantes � que a Prefeitura de Sabar� vai fazer, com recursos pr�prios, a restaura��o da Capela do Senhor Bom Jesus, localizada no Bairro Morro da Cruz e ponto de peregrina��o nas cerim�nias da semana santa e festas religiosas em outras �pocas. Para tanto, o prefeito Wander Borges assinou, em 11 de novembro, termo de autoriza��o para o servi�o no templo e revitaliza��o do entorno. A capela foi tombada pelo munic�pio em 1999, tem import�ncia na cultura local e est� fechada h� seis anos. O valor da obra � de R$ 700 mil, com previs�o de t�rmino em junho de 2019.

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)