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Estado de Minas

Tiradentes comemora 300 anos hoje: veja a programa��o especial

Cidade do Campo das Vertentes completa 300 anos hoje com o objetivo de lan�ar campanha na Europa, nos EUA e na �ndia para atrair turistas. Data marca a abertura da 21� Mostra de Cinema


postado em 19/01/2018 06:00 / atualizado em 19/01/2018 08:25

A Igreja Matriz de Santo Antônio é o principal ponto de visitação do município de 7,5 mil habitantes (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
A Igreja Matriz de Santo Ant�nio � o principal ponto de visita��o do munic�pio de 7,5 mil habitantes (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Tiradentes – Da porta de casa, no Largo das Merc�s, a professora de portugu�s Leonor Gomes, de 79 anos, acena para os amigos que passam na rua de pedras, observa o vaiv�m de turistas e admira a paisagem da cidade onde nasceu, cresceu e sempre teve participa��o comunit�ria. Hoje, quando Tiradentes, na Regi�o do Campo das Vertentes, comemora 300 anos da cria��o da primitiva Vila de S�o Jos� que deu origem ao munic�pio e abre oficialmente a 21ª Mostra de Cinema, a aposentada reitera o amor por tanta hist�ria e se entusiasma com uma miss�o divertida: comandar, amanh�, �s 16h, o Bloco Palha�ada, uma das atra��es do cortejo que tomar� conta da cidade. “Gosto de me comunicar com os jovens, gosto da vida”, conta Leonor, aposentada, solteira e residente num casar�o “com quase a mesma idade de Tiradentes”.

Sentada no banco em frente da casa bem preservada, Leonor resume a hist�ria do seu tempo em duas fases. “Convivemos no passado com uma pacata cidade, quando o �nico trabalho era a ind�stria de telhas e tijolos, o artesanato de joias e objetos de prata e a lavoura. Mais tarde, surgiram talentosos artistas com mat�ria-prima diferenciada e fizeram a diferen�a. Deste modo, a cidade, lentamente, foi conquistando espa�o e se modificando, adquirindo novo perfil, com pousadas, lindos cen�rios para grava��o de novelas e eventos diversos. A cidade ocupa agora seu lugar ao sol, mas nem por isso deixou de ser uma cidadezinha do interior”.

Emoldurada pela Serra de S�o Jos�, com sete igrejas, cinco passos da Paix�o de Cristo, constru��es barrocas e conjunto urbano tombado pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), Tiradentes em mesmo a cara de uma cidade do interior mineiro. Com uma s�rie de atra��es, incluindo cinema (at� dia 27), fotografia (17 de mar�o), festival de gastronomia (24 de agosto a 1º de setembro) e Bike Fest (de 20 a 22 de julho), a cidade de 7,5 mil habitantes quer se internacionalizar mais, diz o secret�rio de Turismo, Cultura e Esportes, Mois�s Oliveira. O objetivo � lan�ar uma campanha na Europa, nos Estados Unidos e na �ndia criando la�os por meio de cidades-irm�s, e tamb�m na �ndia.

"A cidade ocupa agora seu lugar ao sol, mas nem por isso deixou de ser uma cidadezinha do interior" - Leonor Gomes, de 79 anos, professora de portugu�s (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)


DI�LOGO FORTE
“Queremos atrair mais visitantes, dialogar forte com o governo de outros pa�ses a fim de divulgar nosso projeto”, afirma o secret�rio. Com diferencial, ele diz que a cidade chega aos 300 anos com um patrim�nio muito bem preservado, sem modifica��es na arquitetura barroca e m�o de obra qualificada para atender o visitante. O prefeito Jos� Ant�nio do Nascimento adianta que trabalha para constru��o de um memorial em homenagem a Joaquim Jos� da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792), nascido na Fazendo do Pombal, que pertencia ao Termo da Vila de S�o Jos�.

Morador do Bairro Pacu e bem da Serra de S�o Jos�, Jos� Domingos de Souza, o Jos� Machado, de 75, ourives, pedreiro e trabalhador numa fazenda de produ��o de leite, tem um sentimento de gratid�o em rela��o aos turistas. “Eles fazem Tiradentes”, afirma o homem casado h� 49 anos com Maria Trindade da Silva, com tr�s filhas e seis netos. “Tudo era 95% diferente, a cidade era muito pobre, n�o tinha servi�o. Devemos muitos aos que vieram de fora, muitos deles estrangeiros falando franc�s, espanhol, alem�o e ingl�s, constru�ram pousadas. Para ter uma ideia, em 1960 havia apenas uma pens�o aqui. Emprego, s� na ro�a”, conta Jos� Machado, que tem esse apelido porque, na fam�lia, todos sabiam manejar a ferramenta para fazer carros de boi.

Mesmo bem preservada, a cidade ainda enfrenta desafios, os quais s�o apontados pelos turistas. Um deles � concluir a requalifica��o, iniciada h� dois anos, do cal�amento no Centro Hist�rico. Quem visita a Matriz de Santo Ant�nio, por exemplo, n�o deixa de se espantar com as pedras soltas, buracos e desnivelamento das pedras.

"Em 1960, havia apenas uma pens�o aqui. Emprego, s� na ro�a. Devemos muitos aos que vieram de fora" - Jos� Domingos de Souza, 75 anos, ourives, pedreiro e trabalhador rural (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)

Cr�nicas do Rio das Mortes


Pesquisador do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), integrante do Instituto Hist�rico e Geogr�fico de Tiradentes e correspondente do Instituto Hist�rico e Geogr�fico de Minas Gerais na cidade onde nasceu, Olinto Rodrigues dos
Santos Filho afirma que os habitantes devem celebrar a data principalmente por ter um patrim�nio t�o bem preservado. Para o anivers�rio, ele escreveu um texto, explicando que “consta nas cr�nicas antigas que o arraial que deu origem a vila surgiu l� por volta de 1702, quando o ouro se manifestou da Regi�o do Rio das Mortes, pela primeira vez. Escrevendo em 1730, o capit�o Jos� Matoll, um dos mais antigos moradores da regi�o e ativo nos conflitos da Guerra dos Emboabas, descreve de mem�ria os descobrimentos e cria��o dos arraiais, por solicita��o do padre Diogo Soares, documento guardado na Biblioteca Distrital de �vora, Portugal”.

Ao narrar a hist�ria, Olinto conta que “outros relatos d�o conta que quem descobriu os veios de ouro foi o taubateano Jo�o de Siqueira Afonso, que tinha se hospedado em casa de Thom� Portes d’El Rei. Jo�o Siqueira Afonso j� tinha experi�ncia como minerador, pois havia descoberto as minas de Guarapiranga e do Arraial do Sumidouro, enquanto Thom� Portes havia se estabelecido �s margens do Rio das Mortes, explorando a passagem do Porto Real para quem ia de S�o Paulo para as minas de Ouro Preto e Sabar�, ditas ent�o Minas Gerais, e fornecia hospedagem e mantimentos para os viajantes. Mas como autoridade (Guarda-Mor substituto) lhe coube demarcar e distribuir as novas minas descobertas”.

E mais: “O ouro foi explorado nos leitos dos rios e c�rregos, nas encostas dos morros e sempre em grande quantidade, o que fez com que muitos aventureiros acorressem ao lugar numa corrida desesperada, e criando conflitos entre os paulistas e taubateanos descobridores das minas e os advindos do reino e de outras paragens da col�nia. O conflito iniciado em Caet� foi tomando conta de todos os arraiais aur�feros at� desembocar no Rio das Mortes, onde batalhas sangrentas v�o p�r fim a chamada Guerra dos Emboabas, l� por volta de 1709. Apaziguados os �nimos, o Arraial Velho de Santo Ant�nio foi crescendo e a pequena capela bandeirante tornou-se matriz por volta de 1710. (…) Em 8 de dezembro de 1713, o governador D. Br�s Baltazar da Silveira cria no Arraial Novo a Vila de S�o Jo�o del Rey, que tamb�m � cabe�a da Comarca Judicial e Eclesi�stica do Rio das Mortes.

Olinto informa que “al�m da documenta��o registrada no Livro primeiro de ac�rd�os e cria��o da Villa de S. Joseph, que hoje faz parte do acervo documental da IHGT, o governo registrou no livro de Termo nº 05 da Secretaria de Governo 1709-1754, um “Assento q. se tornou sobre a Erec��o da Va de S. Joseph do Rio das Mortes” datado de 19 de janeiro de 1718, em que aceita os argumentos contidos na peti��o tinha “resoluto mandar levantar hua Villa no do Arrayal com a denomina��o de S. Joseph...” O nome da vila foi dado em homenagem ao pr�ncipe D. Jos� (1714-1777), �quela �poca com apenas quatro anos de idade.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


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