
Se o belo-horizontino mantiver nos pr�ximos dias a mesma disposi��o demonstrada nesse s�bado para se proteger contra a febre amarela, que j� matou pelo menos 16 pessoas em Minas este ano, a maior parte delas na Regi�o Metropolitana, a Secretaria Municipal de Sa�de da capital vai conseguir alcan�ar sua meta: aplicar 300 mil doses de imunizantes at� o fim de fevereiro e alcan�ar o �ndice de cobertura vacinal de 95% dos habitantes da cidade.
Do princ�pio do m�s at� sexta-feira, 38.919 pessoas haviam sido vacinadas em BH, elevando a cobertura de 83% para 86%, informou a diretora de Promo��o � Sa�de e Vigil�ncia Epidemiol�gica da Secretaria Municipal da �rea, L�cia Paix�o, em entrevista coletiva na manh� de s�bado no posto de Sa�de do Bairro Pompeia, que, como os outros 151 da cidade, funcionou das 8h �s 17h em mobiliza��o contra a doen�a. A campanha provocou uma corrida aos postos, que ficaram lotados. Em todos, segundo a secretaria, a procura foi grande.
A movimenta��o come�ou cedo em v�rios postos. �s 7h j� tinha gente esperando na fila. Apesar da grande procura e das d�vidas persistentes, especialmente quanto ao n�mero de doses necess�rias, a vacina��o foi tranquila. A informa��o de que uma dose vale por toda a vida, conforme protocolo da Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) adotado no ano passado pelo Brasil, teve que ser v�rias vezes repetida.
Em todas as unidades foram pedidos cart�es de vacina��o ou documento de identidade. O cidad�o era encaminhado para o sistema eletr�nico, onde era poss�vel saber se havia ou n�o registro de imuniza��o em seu nome e, depois, � sala de vacina��o. Alguns insistiam em tomar uma segunda dose e eram dissuadidos pelos agentes de sa�de.
Os postos colocaram todos os servidores em servi�o. No do Bairro Pompeia, a espera foi pequena. Dulce Maria de Oliveira, de 53 anos, aut�noma, sua nora Paula Sabrina, de 24, e seu filho Walisson Francis de Oliveira, consultor ambiental, de 36, chegaram logo cedo. Para o consultor, a imuniza��o � essencial. “Viajo muito e por v�rias regi�es de risco e preciso me prevenir”.
Em alguns locais, a espera chegou a mais de tr�s horas, como no Nossa Senhora de F�tima, na Serra, onde o professor Ricardo Ferrati, de 67, esperava na fila do lado de fora da unidade: “Nunca me vacinei e acho que chegou a hora”. Carlos Fernandes, de 49, consultor corporativista, escolheu o posto por estar pr�ximo de sua casa. “Na sexta-feira, a espera foi bem maior e resolvi deixar para hoje”, disse.
Entre as 8h, hor�rio de abertura dos postos, at� pouco mais das 10h, a unidade Nossa Senhora Aparecida, no Novo S�o Lucas, j� havia aplicado mais de 120 doses, contou a enfermeira Elham Balbout. A demora maior se deu devido � lentid�o do sistema eletr�nico de cadastro, que esteve sobrecarregado. O mesmo ocorreu no Oswaldo Cruz, no Barro Preto, onde duas filas se formavam at� a rua.
Em alguns locais, como o Centro de Sa�de Carlos Chagas, no Bairro Santa Efig�nia, servidores orientavam as pessoas que se dirigissem a outros endere�os, devido � grande procura, com grandes filas sendo formadas dentro e fora da unidade. Somente at� as 10h30 j� haviam sido distribu�das 180 senhas comuns e outras 70 preferenciais.
Grandes filas tamb�m se formaram no Centro de Especialidades M�dicas da Prefeitura, na Rua Para�ba, na Savassi. O local abriga o Servi�o de Aten��o ao Viajante, onde � validada a carteirinha para quem viaja para o exterior (vacinando contra t�tano, febre amarela e hepatite), por�m, segundo uma atendente, nesse s�bado funcionou apenas para a vacina��o de febre amarela. Em outros pontos, a movimenta��o foi mais tranquila, a exemplo do Centro de Sa�de do Conjunto Santa Maria, onde a espera n�o passava de 10 minutos.
A ordem foi vacinar tamb�m idosos e gestantes, ap�s avalia��o de um m�dico generalista de plant�o em cada unidade de sa�de. A diretora de Promo��o � Sa�de e Vigil�ncia Epidemiol�gica, L�cia Paix�o, explicou que a restri��o no caso de idosos � quanto aos que tiveram algumas doen�as graves ou tomam medicamentos que reduzam a imunidade. Nesses casos, eles s�o orientados a se dirigir ao m�dico de plant�o no posto ou a um profissional de sua confian�a, que dar� a recomenda��o de vacinar ou n�o. Mesmo caso de gestantes. Dona Maria da Concei��o Fonseca, de 76, disse que procurou seu cardiologista e foi orientada a tomar a vacina. Ela levou um atestado m�dico ao posto de sa�de Padre Tarc�so, na Vila Concei��o, no Santa L�cia, j� que n�o sabia que ali mesmo poderia ser avaliada.
L�cia Paix�o ressaltou que a vacina��o � uma preven��o, uma vez que h� ocorr�ncias da doen�a no entorno de Belo Horizonte e foi constatada a morte de macacos infectados pelo v�rus em �reas de mata, como o Parque das Mangabeiras, que permanecer� fechado at� “que se passe a temporada de ver�o”. Dois moradores de Belo Horizonte morreram este ano de febre amarela, mas em ambos os casos a poss�vel �rea de infec��o foi Brumadinho, na regi�o metropolitana.
DESAFIO
A diretora ressaltou que o grande desafio das equipes de sa�de � impedir que a febre amarela se torne urbana: “Em todos os casos ocorridos no Brasil, a contamina��o � silvestre, de gente que visitou matas, cachoeiras e parques”. Ela recomendou �s pessoas que pretendem passar o carnaval em Belo Horizonte que se vacinem 10 dias antes da viagem. “Tamb�m quem for para cachoeiras, parques e matas nos arredores da capital deve ter essa precau��o”. A febre amarela silvestre � transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes e a urbana pelo Aedes aegypti. Desde 1942 n�o h� casos registrados de febre amarela urbana no Brasil.