
Este foi Edson Dur�o J�dice, professor em�rito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), professor da PUC Minas, um homem que por 65 anos dedicou a vida ao ensino. Faleceu aos 92 anos, no domingo. “Ser professor � pura voca��o, tem que juntar gosto e dedica��o, adquirir conhecimento e transmiti-lo. O mais importante, no entanto, � saber estimular a turma, fazer o aluno vibrar com o assunto. Se n�o for assim, o aprendizado se torna imposs�vel”, declarou em dezembro de 2014 ao Estado de Minas, ap�s ser homenageado com o t�tulo de Engenheiro do Ano 2014 e a Medalha Sociedade Mineira de Engenheiros (SME).
“Ele foi o maior professor de engenharia do estado, fundamental na forma��o dos engenheiros mais eminentes de Minas Gerais”, afirmou o diretor-presidente do Estado de Minas, �lvaro Teixeira da Costa.
Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) onde se graduou em engenharia civil e ministrou aulas por 39 anos – entre 1948 e 1987 – o sentimento � de pesar. “Ele foi extremamente dedicado, generoso e �ntegro. A ele devemos a estrutura��o do Instituto de Ci�ncias Exatas (ICEx), declara a professora do Departamento de Matem�tica da UFMG Maria Cristina Costa Ferreira, pesquisadora no campo da forma��o de professores de matem�tica e desenvolvendo, atualmente trabalhando sobre “Mem�rias do Departamento de Matem�tica”. Edson Dur�o J�dice foi o primeiro chefe de departamento do ICEx. “Estamos hoje fazendo 50 anos da reforma universit�ria, que criou todos os institutos, inclusive o ICEx. O professor Edson era catedr�tico da Escola de Engenharia e foi convidado. Estruturou todo o departamento, fez os primeiros contatos para a implanta��o do mestrado e para a forma��o dos professores em n�vel de p�s-gradua��o”, afirma Maria Cristina.
Edson Dur�o J�dice graduou-se em engenharia civil pela UFMG em 1948 e especializou-se em matem�tica no Instituto Nacional de Matem�tica Pura e Aplicada (Impa), no Rio de Janeiro, em 1953. Dois anos mais tarde, concluiu estudos de doutoramento em economia na UFMG; tornou-se doutor em matem�tica tamb�m pela UFMG. Ingressou no quadro docente da universidade em 1949. Ministrou aulas nos cursos de arquitetura, economia, engenharia civil e administra��o e no Programa de P�s-gradua��o em Economia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional de Minas Gerais (Cedeplar). Tamb�m foi professor da Pontif�cia Universidade Cat�lica de Minas Gerais (PUC Minas), onde lecionou entre 1968 e 2013, nos cursos de administra��o, engenharia e arquitetura e urbanismo. Na PUC, tamb�m coordenou o curso de engenharia civil e foi diretor do Instituto Polit�cnico. Entrou pela �ltima vez em sala de aula aos 88 anos.
Nascido � Rua Tupinamb�s, a um quarteir�o da Pra�a Sete, esse belo-horizontino foi casado por 63 anos com a professora de portugu�s Maria Helena, pai de cinco filhas e av�. Fez dos n�meros n�o apenas a disciplina em sala de aula, mas tamb�m muitas das brincadeiras com que declarava o seu afeto � esposa e � fam�lia. “Amo-te”, foi a mensagem que certa vez ofereceu � esposa, por meio de sucessivas equa��es. “Matem�tica n�o � dif�cil, mas exigente. Trata-se de mat�ria sequencial, tudo est� encadeado, � m�todo dedutivo. N�o se pode saber o conte�do de um ano letivo se n�o tiver aprendido o do ano anterior”, explicava.
Profissionais liberais que passaram por sua sala, tristes com a perda, se manifestaram nas redes sociais. “Grande perda! Professor Edson Dur�o Judice, um dos meus gurus em minha forma��o profissional. Descanse em paz”, registrou Castro J�nior, graduado em Administra��o e Engenharia Metal�rgica na UFMG. “Gratid�o por ter tido a oportunidade de aprender um pouco com ele. Pessoa linda, s�bia, humilde, elegante e gentil. Uma vez o encontrei com sua esposa e elogiei a beleza de v�-los juntos. Casal ternura. E eu o chamava de Nelson Gon�alves quando o encontrava nos ensaios do coral da PUC. Descanse em paz”, escreveu a arquiteta e urbanista L�cia Karine Almeida, professora da PUC. “Morreu um dos maiores matem�ticos da UFMG. Fica aqui a minha gratid�o pelo grande mestre que lotava a sala de aula como num show, que falava com intimidade da geometria n�o euclidiana. Que o infinito te acolha, voc� foi grande!”, assinalou a professora Laudieme Horta Nassif.