
Congonhas – A simples men��o do perigo que a Barragem Casa de Pedra representa faz a gari Irene Maria dos Santos, de 62 anos, levar as m�os ao rosto, numa express�o de desespero. “Essa preocupa��o n�o passa. N�o durmo direito, n�o tenho sossego. Meu marido tem 76 anos, � doente, n�o sai da cama. N�o sei o que fazer se a barragem estourar, para onde correr, o que vai ser dele”, afirma. O drama de Irene e do marido � o mesmo de cerca de 4.800 pessoas que vivem nos bairros Cristo Rei, Residencial e Lucas Monteiro, todos sujeitos a impactos em caso de rompimento do reservat�rio de rejeitos operado pela Companhia Sider�rgica Nacional (CSN), em Congonhas. E essa apreens�o � agravada por uma sensa��o de que nada tem sido feito. Passados mais de quatro meses desde um teste de sirene em 26 de novembro �ltimo, a esta��o chuvosa entrou e passou sem que nenhuma forma efetiva de treinamento ou instru��o de salvamento tenha sido dada �s comunidades na chamada Zona de Auto-Salvamento (ZAS).
H� mais de um m�s, em 1º de mar�o, uma reuni�o de trabalho envolvendo a Prefeitura de Congonhas, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), o Corpo de Bombeiros e representantes da CSN chegou a ser marcada para organizar uma data de treinamento, mas foi cancelada e n�o tem, ainda, nova previs�o para ocorrer. Enquanto isso, moradores se sentem desamparados e temem que tudo acabe esquecido. “De efetivo, o que temos, at� agora, � um teste de duas sirenes, sendo que uma n�o atingiu volume suficiente para alertar ningu�m. � muito pouco para garantir a seguran�a de uma comunidade que fica a 250 metros de uma barragem de rejeitos como a de Casa de Pedra”, afirma o diretor da Uni�o das Associa��es Comunit�rias de Congonhas (Unaccon), Sandoval de Souza.
A prefeitura, pela primeira vez, criticou a morosidade dessas a��es. “Os �rg�os envolvidos precisam de maior celeridade, pois a demora, muitas vezes, pode nos remeter a uma paralisa��o dos trabalhos e a um retrocesso. � preciso maior engajamento, sobretudo das empresas. Um plano de a��o emergencial e de contingenciamento de gaveta � o mesmo que nada. Ele tem de ser compartilhado com a sociedade”, disse o secret�rio de Meio Ambiente de Congonhas, Neylor Aar�o.

A preocupa��o com a seguran�a da Barragem Casa de Pedra, que cont�m quase 10 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de min�rio de ferro, n�o � a �nica que envolve o grupo CSN, como v�m revelando reportagens do Estado de Minas. O EM mostrou, em 19 de mar�o, que o Minist�rio P�blico de Nova Lima conseguiu liminar e interditou as barragens B2 e B2 Auxiliar do Complexo Miner�rio de Fernandinho, em Rio Acima, depois de laudos considerarem as estruturas sob “risco iminente de ruptura”, amea�ando o meio ambiente e at� a capta��o de �gua da capital mineira e da Grande BH, no Rio das Velhas, que corre a menos de sete quil�metros de dist�ncia.