
Ficou para a semana que vem a decis�o sobre o futuro da greve das professoras da educa��o infantil da rede municipal de ensino. Na quarta-feira, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) apresentar� a representantes da categoria proposta de aumento. Na quinta, os educadores fazem nova assembleia para decidir se aceitam ou n�o. Em reuni�o de negocia��o ontem com o Sindicato dos Trabalhadores em Educa��o da Rede P�blica Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede), o prefeito Alexandre Kalil (PHS) antecipou que est� descartado o reajuste escalonado. A categoria reivindica equipara��o com a carreira dos docentes do ensino fundamental. Cerca de 1 mil pessoas, de acordo com a Pol�cia Militar, ocuparam tr�s das quatro faixas da Avenida Afonso Pena no sentido Centro-Mangabeiras, em frente ao pr�dio da administra��o municipal. O movimento, que se encerrou na Pra�a Sete no in�cio da noite, foi acompanhado pelos militares e Guarda Municipal. N�o houve confrontos.
“Vamos apresentar uma proposta dentro da realidade e os n�meros da educa��o infantil e fundamental”, disse o prefeito. At� quinta-feira da semana que vem, est� mantida a paralisa��o. “Os acontecimentos afloraram os �nimos. N�o h� condi��es psicol�gicas de retomar as aulas agora”, acrescentou, se referindo � repress�o �s professoras ocorrida na segunda-feira, quando a Pol�cia Militar jogou bombas de efeito moral e jatos de �gua para dispersar manifestantes que haviam fechado a Avenida Afonso Pena. A proposta ser� conduzida pelas secretarias Municipal de Planejamento e de Educa��o. Enquanto as negocia��es correm, est� suspensa na C�mara Municipal a tramita��o do Projeto de Lei 442/2017. Entre as previs�es do texto est� o reajuste de 15% na folha salarial dos educadores infantis que t�m curso superior, o que no quadro da prefeitura abrange 70% desses professores.
De acordo com os professores das Unidades Municipais de Educa��o Infantil (Umeis), a proposta faz com que o sal�rio saia do n�vel 1 (ingressantes na rede) para o 3. Profissionais em in�cio de carreira recebem hoje, bruto, R$ 1.451,93. Eles querem chegar ao n�vel 10 – relativo aos vencimentos dos docentes do ensino fundamental (sal�rio l�quido de R$ 2,8 mil para o professor formado em curso superior). “Temos uma perda consider�vel na carreira. Fazemos servi�o de excel�ncia e precisamos de valoriza��o � altura”, diz a professora e membro da diretoria do Sind-Rede, Ev�ngela Maria Oliveira Rodrigues.

REMUNERA��O M�DIA Na reuni�o, os sindicalistas pediram ainda explica��es ao prefeito sobre os valores que ele anunciou como sendo os sal�rios dos professores da rede municipal – remunera��o m�dia de R$ 3.409,05 para o ensino infantil e de R$ 7.522,39 para o fundamental. Por meio da assessoria de imprensa, a prefeitura explicou que os c�lculos foram feitos com base na dupla jornada – docentes que trabalham em dois turnos. “Nosso trabalho n�o s�o apenas as quatro horas em sala de aula. Temos momentos de estudo e de planejamento que ultrapassam esse hor�rio. Queremos ser contemplados em nosso turno de trabalho. N�o podemos pensar a educa��o em dois ou tr�s hor�rios, pois isso n�o significa qualidade do ensino, mas sim, o adoecimento do professor”, rebateu Ev�ngela.
Na porta da prefeitura, os manifestantes tamb�m cobraram explica��es. “Gostaria de saber onde est�o os meus R$ 3 mil”, disse uma professora de uma Umei da Regi�o de Venda Nova, que pediu anonimato, mostrando o contracheque com um valor l�quido aproximado de R$ 2,7 mil. Ela trabalha em dois turnos e, por isso, tem dois sal�rios: o m�nimo pago a quem est� entrando na rede (bruto de R$ 1.451,93) e outro do chamado n�vel 2, para quem tem tr�s anos de prefeitura e j� saiu do per�odo probat�rio (R$ 1.524,52). “Muitas professoras ganham s� os R$ 1,4 mil, que sofre ainda o desconto do vale-transporte e plano de sa�de. Se for a mulher e dois filhos, por exemplo, nem o marido pode ser inclu�do no plano, porque h� uma margem de comprometimento do sal�rio. Como o plano � coparticipa��o, tudo que usa � cobrado”, explica outra professora que tamb�m preferiu anonimato. “Al�m disso, quem dobra n�o tem sal�rio garantido, pois, normalmente, cobrimos licen�as de dias ou m�s”, completa.
Professora de uma Umei da Regi�o Nordeste, Dayse Maria de Jesus tem jornada �nica e recebe R$ 1.451. Nomeada em novembro do ano passado, ela usa o sal�rio para pagar a faculdade de pedagogia e algumas contas da casa. “As declara��es do prefeito (sobre o valor do sal�rio) me fazem sentir desmotivada e humilhada. Gostaria de saber onde est� o resto desse dinheiro q ele diz que recebemos, porque o que sinto � que est� nos chamando de mentirosas”, diz. Grazielle Aparecida de Abreu � formada em pedagogia e tamb�m foi nomeada em 2017 com o mesmo sal�rio de Dayse para assumir sala da educa��o infantil da Escola Municipal Monteiro Lobato, no Bairro S�o Marcos, na Regi�o Nordeste. “N�o estamos pedindo nada absurdo. A equipara��o � promessa do prefeito.”