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Estado de Minas

Conhe�a o homem que para uma rodovia com uma exposi��o de bonecos

Arte para uns, loucura para outros, a interven��o que re�ne cerca de 250 bonecos, na MGC-262, entre Belo Horizonte a Sabar�, desperta a curiosidade de quem por ali passa


postado em 01/05/2018 06:00 / atualizado em 01/05/2018 15:25


� noite, sob a luz dos far�is dos carros, bonecos de todos os tipos e tamanhos pendurados numa cerca, e at� em galhos de �rvore, projetam sombras macabras, capazes de assustar motoristas que passam pelo trecho da MGC-262 entre Sabar� e Belo Horizonte. � luz do dia, por�m, a perspectiva � diferente. Centenas de exemplares de personagens infantis, de pl�stico ou pel�cia, d�o cor ao alambrado e revelam a dimens�o da cole��o de brinquedos acumulada no local, antes tomado por entulhos. Arte para uns, loucura para outros, fato � que a interven��o �s margens da estrada desperta a curiosidade e instiga a imagina��o de quem por ali passa.

Bonecos de pelúcia, de plástico de pano encontrados no lixo ou doados estão em exibição no alambrado(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press.)
Bonecos de pel�cia, de pl�stico de pano encontrados no lixo ou doados est�o em exibi��o no alambrado (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press.)


E a pergunta � inevit�vel: afinal, quem � o respons�vel por parar uma rodovia com uma quantidade imensa de bonecos pendurados? O nome dele � Adenilson Teixeira Gama e sua hist�ria de vida poderia ser enredo para um personagem de fic��o parecido com os que coleciona. O homem de 28 anos e que mora com a fam�lia bem em frente ao colorido e chamativo alambrado n�o teve brinquedos na inf�ncia. Tamb�m n�o teve com quem brincar. Abandonado pela m�e rec�m-nascido, ele cresceu com o pai. “Minha m�e me abandonou quando eu tinha 3 meses. Meu pai sa�a de casa em casa pedindo �s mulheres que estavam amamentando para me dar de mamar”, conta o homem, emocionado ao relembrar o seu passado.

Os bonecos, acumulados depois de j� adulto, casado e pai de dois filhos, s�o forma, segundo ele, de preencher uma lacuna deixada aberta no passado. “Tudo isso, pra mim, � novidade. A inf�ncia que eu tive foi de muito trabalho. N�o tive outras crian�as para brincar. Desde pequeno, ia para as ro�as ajudar meu pai e n�o estudei tamb�m porque meu pai vivia se mudando. Tive uma vida muito sofrida”, conta o pedreiro, que objetiva expandir a atual cole��o, com cerca de 250 bonecos, para a casa dos milhares. “Pretendo chegar a colocar a� 5 mil a 6 mil bonecos. Quero ser reconhecido no mundo como o homem dos bonecos”, projeta, analisando o alambrado tomado dos j� famosos brinquedos.

Adenilson Gama diante de sua coleção à beira da MGC-262, que já reúne cerca de 250 peças e continua a crescer(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press.)
Adenilson Gama diante de sua cole��o � beira da MGC-262, que j� re�ne cerca de 250 pe�as e continua a crescer (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press.)


O COME�O Adenilson nasceu em Ilh�us, na Bahia, onde morou at� completar os 18 anos. Ele passou parte do seu per�odo no estado baiano na aldeia ind�gena Tupinamb� de Oliven�a, ao norte da cidade do escritor Jorge Amado. “Um dia, liguei para um primo que morava aqui em Belo Horizonte e pedi pra ele me arrumar um emprego. Vim com a cara e a coragem, sem dinheiro algum”, relembra o homem. Ele conta que na capital mineira trabalhou de servente de pedreiro e carregador de chapa. No entanto, foi como catador de material para reciclagem que encontrou o hobby, que considera ter completado sua vida.

“Por acaso, encontrei a cabe�a de um boneco no lixo. A�, coloquei num Papai Noel, fiz um avi�o e pendurei ali na cerca. Passou um homem e quis comprar, mas n�o vendi. Ele elogiou e tirou fotos. Da� comecei a juntar bonecos encontrados no lixo. A partir disso, as pessoas come�aram a doar tamb�m”, explica Adenilson, sobre a origem da interven��o. No local, que j� virou atra��o tur�stica da regi�o, o homem vende mudas de v�rios tipos de frutas e plantas de ornamenta��o: de castanha-do-par� a pau-brasil. Mas como o dinheiro do com�rcio n�o � suficiente para sustentar a fam�lia, ele tamb�m faz “bicos” como pedreiro.

“N�O VENDO” Segundo Adenilson, � comum motoristas e passageiros pararem na rodovia querendo comprar algum brinquedo, embora uma placa, em posi��o de destaque, anuncie: “N�o vendo bonecos”. “Se algu�m para perguntando se eu vendo, sempre digo que n�o. N�o vendo, mas dou. Doo para pessoas que n�o t�m condi��es de comprar brinquedos para os filhos”, diz. Durante esta entrevista, o condutor de um carro de passeio parou e entregou ao fot�grafo do Estado de Minas mais um brinquedo para integrar a cole��o do vendedor de plantas. Diante do presente, Adenilson comemora e assinala: “� assim o dia todo. Toda hora algu�m deixa um brinquedo para aumentar a cole��o.”

O incentivo para prosseguir com a divers�o que virou arte para os admiradores Adenilson encontra na fam�lia, j� que, segundo a mulher dele,  a dona de casa J�ssica Geralda, de 27 anos, a vizinhan�a n�o aprova. “Muita gente fala que isso aqui parece macumba, que est� assustando a favela e que a deixou mais feia. Nos chamam de doidos”, contou a mulher, que conheceu Adenilson quando ele ainda nem havia come�ado a pr�tica. Em contrapartida, ela diz dar total apoio ao marido, e � po�tica ao falar do hobby dele. “Penso que n�o importa a idade, a gente sempre tem uma crian�a dentro da gente. O brinquedo faz parte da crian�a, n�? E n�o existe idade para demonstrar a inf�ncia que existe em n�s”, define.

* Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Rachel Botelho


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