
Maria Aparecida Gomes, de 57 anos, viaja aproximadamente 100 quil�metros toda semana para receber atendimento em Belo Horizonte. Ela faz tratamento contra um c�ncer e precisa de consultas de revis�o. Com a falta de combust�vel que atinge o pa�s devido ao protesto dos caminhoneiros, teme n�o conseguir a ajuda m�dica. “J� fomos avisados que na pr�xima semana n�o vamos ter �nibus. Tenho medo de que minha sa�de piore”, disse sentada no banco do �nibus que a levaria de volta para Conselheiro Lafaiete, na Regi�o Central de Minas, onde mora.
Pacientes do hospital est�o com medo de ficar sem o material. “Minha m�e � dependente. Est� em um estado cr�tico. Ela tem problema card�aco, problema na respira��o e mal de Alzheimer. Nesses �ltimos dias est� sentido muita falta de ar. Tenho um pouco de medo”, revelou D�ia L�cia, que acompanha a m�e, conhecida como Dona Maria. “Est� tendo falta (do oxig�nio). A gente precisa at� amanh� (hoje) da remessa. � caso de vida ou morte”, completou um homem, que n�o quis se identificar e estava junto com a m�e na unidade de sa�de.
URG�NCIA
A Prefeitura de Moema confirmou a falta do oxig�nio. Segundo a administra��o municipal, as balas s�o transportadas por uma empresa de Bom Despacho para a cidade, que est� tendo dificuldades devido aos protestos. Para tentar sanar o problema, concentradores el�tricos foram disponibilizados. A assessoria de imprensa informou, ainda, que as viagens eletivas dos pacientes est�o sendo remarcadas e somente o transporte de urg�ncia � realizado.
Hospitais da Funda��o Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) ainda n�o estavam comprometidos devido � paralisa��o, mas o alerta foi ligado. Segundo a assessoria de imprensa do �rg�o, foi feito um levantamento minucioso nas unidades de sa�de e notou-se uma baixa no estoque de oxig�nio. H� material suficiente, em alguns hospitais, para quatro a cinco dias. Outros t�m para uma semana e meia no m�ximo. A Pol�cia Militar foi acionada para garantir transporte de insumos.
Os �nibus, carros e vans que fazem o transporte de pacientes de cidades do interior de Minas Gerais para Belo Horizonte n�o estavam totalmente cheios como de costume. Motoristas dos ve�culos, que ficam estacionados no entorno da Pra�a Hugo Werneck, na Regi�o Hospitalar, afirmam que muitas pessoas est�o com medo de n�o conseguir retornar para casa. “Hoje viemos com pouca gente. V�rias pessoas ficaram com medo de ficar no meio do caminho, na estrada”, comentou Paulo Roberto Godinho, de 56, que faz o trajeto entre Conselheiro Lafaiete e a capital mineira. Segundo o condutor, os manifestantes respeitam os ve�culos da sa�de. “Nos deixam passar tranquilamente”.
Na Regi�o Centro-Oeste de Minas, o Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu) est� em alerta, j� que todo o �leo diesel dispon�vel � o que estava nos tanques das ambul�ncias, o suficiente para atender apenas a demanda de ontem. O secret�rio-executivo do Cons�rcio Intermunicipal de Sa�de da Regi�o Ampliada Oeste (CIS-URG), Jos� Marcio Zanardi, buscava ontem um empr�stimo de combust�vel junto ao governo estadual e administra��es municipais para abastecer os ve�culos de socorro.
CONTE��O
De acordo com Zanardi, como medida de conten��o, as ocorr�ncias de c�digo verde (pouca urg�ncia) ser�o atendidas pelo Corpo de Bombeiros, conforme acerto com a corpora��o. O Samu atender� casos de c�digo vermelho (emerg�ncia) e amarelo (urg�ncia). Nos munic�pios onde n�o h� viaturas dos bombeiros, o atendimento segue normal enquanto tiver combust�vel. J� as transfer�ncias inter-hospitalares ser�o feitas somente com seguran�a de abastecimento no deslocamento e retorno da unidade � base. “Alertamos a toda popula��o que pode, em caso de necessidade, continuar ligando para o 192, onde os m�dicos reguladores saber�o orientar os solicitantes, e, dependendo do caso, despachar a ambul�ncia”, disse Jos� Marcio Zanardi.
Em medida paliativa, o secret�rio municipal de Sa�de de Divin�polis, Amarildo de Souza, garantiu o empr�stimo de cerca de mil litros de diesel para o CIS-URG, para minimizar o desbastecimento das ambul�ncias. A Prefeitura de Ita�na, tamb�m emprestou mil litros, e a de Nova Serrana, 400 litros. O cons�rcio conseguiu ainda, por meio de compra emergencial, abastecer viaturas de Luz e Formiga. A regi�o � cortada por pelo menos duas rodovias com grande fluxo de ve�culos, a BR-262 e a MG-050, que liga a capital ao Tri�ngulo Mineiro e parte do Sul de Minas.
No Centro-Oeste, o Samu conta com uma frota de 31 ambul�ncias em servi�o, e mais quatro reservas. Essas viaturas consomem cerca de 15 mil litros de combust�vel mensais e rodam em m�dia 100 mil quil�metros.
Em Montes Claros, Norte de Minas, o Corpo de Bombeiros j� sente o impacto do desbastecimento de combust�veis e realizar� um “pente-fino” em rela��o aos chamados. Os servi�os de pronto-socorro seguir�o regularmente, em suas diversas �reas de atua��o: atendimento pr�-hospitalar, salvamento e combate a inc�ndio. Por�m, um plano de uso racional de combust�vel j� est� em pr�tica, com a triagem r�gida, para evitar os longos deslocamentos que n�o sejam emergenciais. Por�m, ser�o atendidos todos os chamados sempre que poss�vel, em ordem de gravidade e disponibilidade de pessoal e recurso.
*Estagi�rio sob supervis�o do editor Roney Garcia