Nos tr�s primeiros dias �teis desta semana, enquanto o ambiente esquentava nas estradas, tomadas por bloqueios de caminhoneiros e manifesta��es, nas ruas de Belo Horizonte imperou o clima de deserto. Acessos ao Centro liberados, volta para casa sem engarrafamentos e filas de carros, mesmo, s� no entorno dos postos que come�avam a receber combust�vel.
Escoltados por for�as de seguran�a p�blica, os comboios de caminh�es-tanque s� voltaram a abastecer os postos na Grande BH entre os dias 28 (segunda-feira) e 30 (quarta-feira).
De acordo com dados registrados pelo site Maplink, provedor especializado em informa��es sobre o tr�nsito, nos hor�rios de maior movimento nesses tr�s dias o normal era que fosse registrado volume m�dio de 64,1 quil�metros de ve�culos travando o tr�fego, mas o verificado no per�odo em que os carros migraram das ruas para as filas das bombas de abastecimento foi de apenas 1,71 quil�metro.
Essa concentra��o de ve�culos parados perto de postos ou evitando rodar desnecessariamente reduziu virtualmente a zero os registros de engarrafamentos nos hor�rios de pico da tarde, que s�o, normalmente, os de tr�fego mais intenso, chegando a registrar mais de 100 quil�metros de lentid�o em um dia comum.
O maior pico registrado no per�odo de paralisa��o dos caminhoneiros foi de cinco quil�metros de engarrafamentos, algo s� alcan�ado em BH aos domingos e feriados, em circunst�ncias normais.
Para a composi��o dessas m�dias foram considerados como de hor�rios de pico o tr�fego registrado das 6h �s 9h e das 17h �s 19h. O per�odo de seis dias entre 22 (ter�a-feira) e 27 de maio (domingo) foi quando a paralisa��o de fato imobilizou a entrega de combust�veis, enquanto postos de abastecimento esgotavam seus estoques e motoristas gastavam o que ainda tinham em seus tanques.
A pequena quantidade de ve�culos no tr�nsito durante os tr�s primeiros dias desta semana acabou servindo de componente na estrat�gia de economia de quem n�o podia ficar simplesmente com o carro na garagem, por trabalhar no ramo dos transportes.
Foi o caso do taxista Almir dos Santos Oliveira, de 56 anos, que conseguiu circular em sete dos 10 dias de paralisa��o dos caminhoneiros adotando algumas formas de poupar combust�vel, mas tamb�m abrindo m�o de parte de sua atividade e sacrificando clientes.
“Quando percebi os rumos que a manifesta��o estava tomando, j� comecei a me organizar para n�o ficar sem combust�vel. Sempre que pegava um cliente, parava o t�xi e esperava algu�m me chamar, em vez de rodar at� um ponto espec�fico, como a gente costuma fazer. Como n�o tinha tr�nsito, o carro rendeu mais tamb�m”, conta.
“Depois de segunda, quando o combust�vel foi voltando, passei a enfrentar as filas sempre que o n�vel do tanque chegava ao meio. Foi isso que me salvou”, comemorou, agora que as atividades praticamente voltaram � normalidade, na sua avalia��o.
Mobilidade reduzida
Contudo, o taxista lamenta ter tido de sacrificar clientes que precisavam muito de seus servi�os, j� que o dele � um dos 60 t�xis da frota belo-horizontina que fazem atendimento de pessoas com mobilidade reduzida. “Infelizmente n�o podia atender quem morava muito longe.
Em Contagem ou outra cidade da Grande BH, por exemplo, n�o pude ir, sen�o ficaria sem combust�vel para transportar outros clientes. E o pior � que essas devem ter sido as pessoas que mais precisaram durante esse per�odo. S�o cadeirantes, gente que faz hemodi�lise, idosos, entre outros”, afirma.
Uma das solu��es poss�veis em casos desse tipo, para o taxista, seria dar prioridade na hora de abastecer para ve�culos que atendem a quem tem dificuldades. “Tive de entrar na fila como qualquer outro e esperar mais de tr�s horas”, disse.
A advogada C�ntia �lvares, de 26, costuma fazer o percurso de sua casa, no Bairro Floresta, Regi�o Leste de BH, at� o trabalho, no Centro, a p�. Para ela, o clima de feriado que a falta de combust�veis propiciou em BH serviu para tornar as caminhadas ainda mais �geis.
“Quando h� poucos carros tentando passar r�pido pelos sinais, fazendo fila sobre a faixa do pedestre e outras coisas mais, a gente circula mais � vontade. Houve mesmo um clima de feriado ou de s�bado e domingo nesses dias”, disse.
Ainda que a paralisa��o dos caminhoneiros n�o tenha afetado diretamente seus trajetos, a greve do metr� acabou trazendo um pequeno desconforto. “Sempre aproveito o t�nel da Esta��o Central para ganhar tempo na minha travessia do bairro para o Centro. Mas, com a greve, fecharam tudo. Foi uma volta a mais, mas compensou mesmo assim”, afirma.
Ontem, mais uma vez ela aproveitou o clima de tranquilidade para levar o irm�o Bernardo Moreira, de 11, para um passeio pelo Centro.