A campanha para a busca do reconhecimento do conjunto de s�tios arqueol�gicos do Parque Nacional Cavernas do Perua�u, situado entre os munic�pios de Janu�ria, Itacarambi e S�o Jo�o das Miss�es, no Norte de Minas, como patrim�nio mundial da humanidade teve um importante passo na �ltima semana. O parque recebeu uma visita t�cnica de representantes do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), �rg�o do governo brasileiro respons�vel pelo encaminhamento da candidatura � Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco), visando a obten��o da certifica��o.
A equipe, liderada pelo diretor de Articula��o e Fomento do Iphan, Marcelo Brito, visitou a regi�o na quinta e sexta-feira, com o objetivo de conhecer toda a riqueza do parque, que se estende por 56,5 mil hectares, abrange 140 cavernas e mais de 80 s�tios arqueol�gicos que conservam registros de milhares de anos da pr�-hist�ria. Tamb�m est�o sendo mantidos contatos com prefeitos dos munic�pios de Janu�ria, Itacarambi e S�o Jo�o das Miss�es e com representantes de outros �rg�os p�blicos e organiza��es n�o governamentais (ONGs), al�m de ambientalistas, envolvidos na campanha.
Entre as 140 cavernas do Perua�u, a maior � a Gruta do Janel�o, com 4,7 quil�metros de extens�o e altura de 100 metros, onde se encontra uma estalactite de 28 metros de comprimento, considerada a maior do mundo. Tem mais de 80 s�tios arqueol�gicos e pinturas rupestres com cerca de 12 mil anos. Um dos destaques do “santu�rio” � o pared�o de arte rupestre da Lapa dos Desenhos, com mais de 3 mil figuras, da mais variadas cores e formas. Outros atrativos s�o a Trilha do Rezar, Lapa Bonita, Lapa do Rezar e a Dolina dos Macacos.
Em seu entorno, al�m de rica vegeta��o (mata seca) existe uma diversidade da fauna, com esp�cies raras, como o cachorro-vinagre, e amea�adas de extin��o, como tamandu�, veado, anta e a on�a-pintada.
DIAGN�STICO A superintendente do Iphan em Minas Gerais, Maria C�lia Corsino, que participou da viagem ao Perua�u, disse que a visita foi o primeiro passo concreto para a elabora��o do dossi� sobre todos os aspectos do conjunto de s�tios arqueol�gicos. O documento ser� apresentado � Unesco, com vistas ao reconhecimento como patrim�nio da humanidade. A partir de agora, haver� a montagem do comit� executivo, que ser� respons�vel pela elabora��o do diagn�stico.
C�lia Corsino lembra que, pelas regras da Unesco, cada pa�s tem direito a apresentar somente uma candidatura a patrim�nio mundial da humanidade a cada ano. O comit� do �rg�o internacional � constitu�do por representantes de 21 pa�ses. O Brasil j� tem tr�s outros processos que tamb�m visam � obten��o do t�tulo da Unesco e que est�o adiantados: os do conjunto arquitet�nico e paisag�stico de Paraty (RJ), dos Jardins de Burle Marx (RJ) e o projeto de 19 fortalezas brasileiras, que dever�o ser encaminhados ao �rg�o da ONU em 2018, 2019 e 2020, respectivamente.
Desta forma, o projeto do Vale do Perua�u dever� entrar na “fila” para ser enviado � Unesco em 2021. “Com isso, teremos tempo suficiente para a elabora��o do dossi� para o encaminhamento � Unesco. A gente pensa que 2021 est� longe, mas n�o est�. Temos que trabalhar para ter a nomea��o dele (do Perua�u) como patrim�nio mundial”, ressalta a representante do Iphan, acrescentando que as perspectivas para a obten��o do reconhecimento internacional s�o “muito promissoras por causa da riqueza do lugar”.
C�lia Corsino afirma que a visita ao Perua�u nesta semana ser� determinante para que o governo brasileiro priorize a candidatura do parque de cavernas do Norte de Minas para apresenta��o � Unesco. Ela ressalta a import�ncia da viagem, especialmente pela presen�a do diretor de Articula��o e Fomento do Iphan, Marcelo Brito, que “� a pessoa do �rg�o respons�vel pelo encaminhamento dessas quest�es junto � Unesco”.
De acordo com Corsino, a expectativa � que Marcelo Brito possa ser sensibilizado “de que nada � mais importante do que Perua�u para ser apresentado � Unesco em 2021”. Ela salienta tamb�m a import�ncia de conhecer o potencial do conjunto de s�tios arqueol�gicos in loco. “Uma coisa � voc� ver no livro. Outra coisa � voc� chegar no lugar e ver belezas. Isso ser� definitivo para a gente acertar a prioridade da candidatura (do Vale do Perua�u) ao recebimento do t�tulo.”
A superintendente estadual do Iphan destaca que o conjunto de cavernas e s�tios arqueol�gicos do Norte de Minas tem outro diferencial: � candidato a receber o t�tulo da Unesco em uma categoria mista, como patrim�nio mundial natural e cultural. At� ent�o, o Brasil n�o tem nenhum bem reconhecido pela Unesco como patrim�nio da humanidade nessa categoria.
C�lia Corsino enfatiza ainda que o reconhecimento do Vale do Perua�u como patrim�nio da humanidade vai proporcionar o aumento da gera��o de renda em Minas Gerais, e, sobretudo, no Norte do estado, fomentando o turismo. “Um local com um t�tulo desse entra para o roteiro de turismo especializado mundial. Isso ser� excelente para a regi�o”, avalia C�lia Corsino.
O Perua�u pode ser o quinto patrim�nio de Minas a receber o selo da Unesco, que j� foi conferido �s cidades hist�ricas de Diamantina e Ouro Preto, ao Santu�rio de Bom Jesus de Matosinhos, constru�do pelo mestre Aleijadinho, em Congonhas, e ao conjunto arquitet�nico da Pampulha, em Belo Horizonte.
VISITA��O P�BLICA
Criado por decreto federal em 21 de setembro de 1999, o Parque Nacional Cavernas do Perua�u � administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade (ICMBio). Os “tesouros” naturais do Perua�u est�o abertos � visita��o p�blica. Para isso, recebeu uma s�rie de obras de melhorias e trilhas, para facilitar o acesso por pessoas de todas as idades. A entrada nas �reas de grutas, s�tios arqueol�gicos e pinturas rupestres � gratuita. Mas as visitas (individuais ou em grupos) devem ser agendadas junto ao ICMBio em Janu�ria, pelo telefone (38) 3623-1038, ou pelo e-mail [email protected].
A entrada na �rea � gratuita, mas deve ser monitorada por guias treinados, que cobram taxas com valores diferenciados para grupos e visitas individuais, de acordo com as trilhas a serem percorridas. A regi�o conta com a estrutura de hospedagem em pousadas. Para facilitar o atendimento aos turistas, os donos de pousadas e guias recebem cursos de capacita��o ministrados pelo Servi�o de Apoio � Pequena e M�dia Empresa (Sebrae), em parceria com as prefeituras.