
O cume visado por Eric � o 26º mais elevado do pa�s, e a trilha � considerada um excelente treino para desportistas, exatamente pelo fato de o grau de dificuldade ser considerado alto. De acordo com a per�cia feita no corpo do atleta, encontrado depois de 19 dias, a morte dele ocorreu entre o fim da manh� e o in�cio da tarde de 17 de abril, sendo que as buscas s� haviam come�ado na manh� do dia 18, uma quarta-feira. O franc�s surpreendido pelas armadilhas das montanhas mineiras n�o era um atleta amador. Casado com uma brasileira, morava havia tr�s anos em Itajub�. Colecionava muitas aventuras em competi��es de corrida de montanha em diversos pa�ses, portanto, era considerado muito experiente.

O corpo do franc�s foi encontrado por um vaqueiro, em uma mata pr�xima a um pasto do munic�pio de Piquete, em S�o Paulo. Segundo um dos respons�veis pelas buscas, o capit�o Paulo Roberto Reis Teixeira de Souza, do 11º Grupamento de Bombeiros da Regi�o do Vale do Para�ba (SP), Eric estava fora de qualquer trilha, bem na base da montanha. “Se andasse mais um pouco ele sairia em um pasto, onde h� gado. Ainda teria que caminhar para encontrar a civiliza��o, mas estaria mais pr�ximo. Estava deitado com a perna cruzada e com a m�o no peito, encostado em uma pedra”, disse o oficial. A necropsia foi feita pelo Instituto M�dico-Legal (IML) de Guaratinguet� (SP) e o laudo, enviado para a delegacia de Itajub�.
Segundo o inqu�rito policial de Itajub�, a causa da morte foi hipotermia, que resumidamente ocorre quando a temperatura do corpo humano cai abaixo de 35°C o que, em casos extremos, provoca quedas das frequ�ncias card�aca, arterial e respirat�ria, segundo estudos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A Federa��o Francesa de Montanha e de Escalada (F�d�ration Fran�aise de la Montagne et de l’Escalade – FFME) afirma que numa montanha a temperatura externa cai em 6,5°C a cada mil metros de altura atingidos e os ventos s�o mais fortes, intensificando a perda de calor.
As investiga��es reconstitu�ram os momentos finais do atleta franc�s. Ele conseguiu sobreviver por cerca de 26 horas, mas n�o tinha abrigo nem material para se proteger. Em seu pulso foi encontrado um rel�gio com sistema de posicionamento global, o �nico meio de navega��o de que Eric dispunha, mas que j� o tinha levado a se perder em 2014, segundo informa��es dos bombeiros. Dados do aparelho mostram que o montanhista se perdeu pelo menos tr�s vezes. Com as informa��es do equipamento e levantamentos feitos pela investiga��o policial, chegou-se � conclus�o de que o corredor percorreu um total de 10.526 metros, sendo que 4.941 (47%) foram deslocamentos errados, feitos em caminhos inadequados, que podem t�-lo desgastado ainda mais. A temperatura na madrugada chegou a -4°C e a visibilidade devido � chuva e ao nevoeiro era de menos de 10 metros, segundo a pol�cia.
Depois de descer por 1.729 metros, ele ainda tentou um n�tido esfor�o de se localizar. Deixou o vale seguindo por onde a �gua da chuva naturalmente escorre da montanha e andou 518 metros at� uma eleva��o 180 metros mais alta do que a vala de onde veio. Nesse ponto do inqu�rito, a pol�cia conjectura que o atleta tenha feito esse movimento em busca de alguma forma de orienta��o abaixo, ou para tentar buscar sinal de telefonia celular. Desse ponto em diante, tudo parte de hip�teses levantadas pelos investigadores, uma vez que a bateria do rel�gio acabou e o equipamento parou de registrar os deslocamentos de Eric. O mais prov�vel, segundo os levantamentos periciais, � que o montanhista tenha retornado ao curso de �gua e descido por mais 2.694 metros, at� o ponto onde seu corpo foi finalmente encontrado. Estava a apenas 223 metros de um pasto e a mais 620 metros da sede uma fazenda, onde poderia finalmente encontrar socorro e se salvar.
PERDIDO NA SERRA. Na �ltima quarta-feira, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais e a Pol�cia Militar de S�o Paulo resgataram o paulista de Campinas Lu�s C�ssio Bezerra de Santana, de 27 anos, que ficou perdido por oito dias depois de ter entrado na Serra Fina, em Minas Gerais, com o objetivo de chegar at� a Pedra da Mina, quarto mais alto pico do Brasil, com 2.798 metros. At� o desfecho dos trabalhos foram tr�s dias de buscas, que envolveram meia centena de militares, guias experientes, nove viaturas e duas aeronaves de corpora��es dos dois estados. Ao escutar a passagem do helic�ptero �guia, da PM paulista, o jovem fez acenos e foi localizados. Por�m, devido �s dificuldades de pouso, uma equipe de solo fez o trabalho de resgate.