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Estado de Minas

Jeito novo de correr que virou febre no mundo faz sucesso em BH

Calma Clima, o primeiro running crew da capital, percorre o trajeto do Museu Ab�lio Barreto at� o Edif�cio Maletta, no Centro


postado em 21/07/2018 06:00 / atualizado em 25/07/2018 18:07



O rel�gio marca 20h30. “Clima!”, grita um dos puxadores. Logo, o grupo de mais de 100 corredores deixa a pra�a do Museu Ab�lio Barreto, no Bairro Cidade Jardim, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, em passos apressados. Ao virar a Rua Sinval Barreto, j� na batida da playlist, que sincroniza o ritmo acelerado da m�sica com batimentos card�acos, o grupo d� largada � corrida. Juntas seguem duas rep�rteres sedent�rias do jornal Estado de Minas, que resolveram encarar o desafio e mostrar a nova forma de correr e explorar a cidade. Estamos falando do Calma Clima, o primeiro running crew – um jeito novo de correr, que virou febre nas principais cidades do mundo – da capital. Muito forte fora do pa�s, o conceito j� tem levado muita gente a tirar os t�nis velhos do arm�rio para dar aquele rol� pela cidade. Miss�o da noite: sete quil�metros entre o Museu Ab�lio Barreto e o Edif�cio Maletta, no Centro.

Grupo conta, agora, com cerca de 100 corredores. No fim do trajeto, a turma bebe uma cerveja bem gelada para se hidratar e fechar a noite com boa conversa(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Grupo conta, agora, com cerca de 100 corredores. No fim do trajeto, a turma bebe uma cerveja bem gelada para se hidratar e fechar a noite com boa conversa (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)


O nome Calma Clima dita os dois momentos que orientam o grupo. Clima: correr; Calma: parar e contemplar. Essa � uma das principais regras que corredores de primeira viagem precisam saber. A outra �: n�o se trata de uma assessoria esportiva e, muito menos, de uma competi��o. O running crew, que surgiu em Nova York e Los Angeles, � um movimento aberto com o prop�sito de unir as pessoas de todos os g�neros, tipos f�sicos e idades. � pura liberdade, sem percurso certo, sem dist�ncia. “A ideia n�o � um ser melhor do que o outro, a ideia � correr junto. O Calma Clima nasce para ‘descortinar’ uma cidade invis�vel. Passamos por locais pelos quais n�o estamos habituados a passar – seja por seguran�a ou por sermos condicionados a carro ou �nibus”, contou Bernardo Biagioni, de 30 anos, jornalista, idealizador do Calma Clima.


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A "ordem" � n�o deixar ningu�m para tr�s. (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)


E � em fila indiana que o grupo ganha a passarela sobre a Avenida do Contorno, desemboca na Rua Coelho de Souza, passa pela Avenida �lvares Cabral e cruza a Pra�a da Assembleia. Ufa, calma! Uma breve parada no in�cio da Avenida Barbacena. Quem chega primeiro descansa, quem vem em ritmo mais lento, fica em desvantagem. Clima! Renovam o grito, e segue a correria. O grupo desce a Barbacena inteira. E a multid�o que corria compacta, come�a a se dispersar, formando uma esp�cie de linha do cansa�o. Aqui j� � poss�vel perceber os desafios que se imp�em ao movimento que prop�e reunir pessoas de perfis t�o diferentes em um �nico grupo. “O Calma Clima surgiu com a ideia de caminhantes marginais. Mas sabemos que temos dois grupos: o que corre muito e o de iniciantes. Temos que lidar com as duas pontas e isso � muito dif�cil, o que pode frustrar um ou outro. Queremos um rol� que seja amor e que todos terminem com a sensa��o de miss�o cumprida”, disse Luiza Drummond, de 30 anos, educadora f�sica que puxa o alongamento antes de iniciar as corridas.


Continuando o roteiro, a multid�o atravessa a passarela sobre a Avenida Teresa Cristina. Passa pela esta��o do Metr� Carlos Prates, e segue a toada na Avenida Nossa Senhora de F�tima. Estamos na metade do caminho. Ali, duas estreantes j� pedem arrego e tentam uma carona com o carro da reportagem. Mas, � importante registrar o apoio e cuidado da equipe tanto no incentivo como na seguran�a dos participantes. Durante todo o trajeto, os clim�ticos – como s�o chamados os participantes do projeto – se revezam na “escolta” para n�o deixar ningu�m para tr�s. O cansa�o faz parte, s� n�o vale desistir.
Depois da subida da Rua Patroc�nio, calma! Uma breve parada no mirante da Pra�a Pisa na Ful�, no Bairro Carlos Prates, Regi�o Noroeste de BH. O espa�o, que recebe foli�es durante o carnaval, ganha outra percep��o numa noite de ter�a-feira. A pra�a vazia e silenciosa � tomada pelo grupo de mais de 100 pessoas. Todos s�o convidados a contemplar, do alto, uma vista deslumbrante da capital que, ali, ganha ares de cidade do interior.

O rolê acompanhado pela reportagem do Estado de Minas fechou no Maletta(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
O rol� acompanhado pela reportagem do Estado de Minas fechou no Maletta (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)


CIDADE REVELADA De volta para a reta final do roteiro. O grupo desce uma longa escada escondida entre o mato alto – que muita gente nem sabia que existia na cidade, inclusive, n�s –, cai no Elevado Helena Greco, margeia o viaduto, desce por outra escada escura e mergulha no Hipercentro. “Nunca tinha passado por essas escadas. J� as tinha visto, quando passo de carro, mas, nunca a p�. � muito interessante que os percursos passam dentro de umas ‘quebradas’. �s vezes, a gente mora em BH, mas n�o conhece nem um d�cimo da cidade”, disse Matheus Fr�es de Oliveira, de 32, que corria pela segunda vez com o grupo.
O movimento segue rumo a parada mais esperada. Depois de virar � direita na Rua Paran�, passar pela Rua Padre Belchior, dar aquele �ltimo g�s da acelerada final na Avenida Augusto de Lima, enfim, a bandeirada final: Edif�cio Arc�ngelo Maletta. Ufa! �ba! Essa � a mistura de sentimento das duas rep�rteres que venceram o desafio do Calma Clima. O suor j� tomou conta das roupas, as pernas d�o sinal de exaust�o e os batimentos card�acos ainda bastante acelerados. Mas, a satisfa��o, o bem-estar e o humor terminam muito diferente de quando come�ou. Em resumo: morremos, mas passamos bem. Agora � aplicar a �ltima – e n�o menos importante – regra do movimento: tomar uma cerveja gelada para hidratar. Porque corrida combina com �lcool, sim, e com boas conversas para fechar a noite.

CRESCENDO A CADA PASSO

Na primeira corrida, em mar�o deste ano, nem se imaginava a propor��o que esse movimento tomaria. Aquele primeiro evento reuniu uma turma de 17 pessoas. Pouco mais de quatro meses depois, as ruas da capital j� s�o tomadas por mais de 100. “O Calma surgiu de um sentimento de escassez. Vivemos em uma cidade que se pauta muito pela falta: a falta de lugares para ir, circular, para se encontrar. E eu j� vinha correndo por montanhas pr�ximas de BH e muitas pessoas come�aram me escrever para pedir dicas.

Ent�o, decidi criar um grupo”, contou o idealizador do projeto, Bernardo. O percurso � sempre desenhado para contemplar o m�ximo de ruas, que s�o os objetos de explora��o do movimento. Esse trajeto de sete quil�metros, elaborado cuidadosamente por Gabriel Cisalpino Pinheiro, de 38 anos, poderia ser facilmente percorrido em apenas 2 km, e demorar menos de 10 minutos de carro.

Sair da Regi�o Centro-Sul da cidade e cair no “Centr�o” causa impacto. � deixado para tr�s os pr�dios cercados de c�meras e seguran�a e ca�mos em ruas escuras, sujas e com as mazelas sociais � vista. Esse pode parecer um cen�rio considerado perigoso para mulheres que se arriscam em passar pela regi�o nessa hora da noite. Mas, n�o quando se est� cercada por um grupo. Al�m do mais, logo o poss�vel medo d� lugar � empatia. Cobertos e descobertos, deitados nas cal�adas, moradores em situa��o de rua acompanham a passagem do grupo. “Vai, voc�s d�o conta!”, gritam alguns, em incentivos aos corredores que est�o na lanterna do movimento, ao passarmos pela Rua dos Tamoios.


As rea��es das pessoas de “fora” s�o as mais diversas poss�veis. H� os que se perguntam “Isso � um arrast�o?”, ou ainda h� os que olham feio e buzinam de dentro do carro para que o grupo desocupe a via. “� surreal a energia que essa massa correndo transmite pela cidade. Essa ideia de estar com o corpo em movimento, sem nenhum instrumento, livre e solto, cria essa como��o e se torna uma inspira��o”, comentou o idealizador do projeto.


N�O ANDE, PEDALE!
N�o curte correr, mas gosta de pedalar? Ent�o, pronto! Voc� tamb�m pode se exercitar e turistar pela cidade. Grupos de bicicletas j� se re�nem com o mesmo objetivo h� alguns anos. O RUTs (Rol� Urbano das Ter�as), por exemplo, surgiu em fevereiro de 2008. A proposta da turma � destacar a simplicidade do andar de bicicleta e fazer roteiros que procuram visitar lugares da cidade pouco “convencionais”. “A ideia � reunir com os amigos que gostam de pedalar e depois sair pra explorar a cidade. Hoje est�o indo cerca de 15 participantes, mas isso porque hoje existem outros grupos de pedal”, contou um dos ciclistas participantes Vin�cius T�lio, de 37 anos. Outro grupo que tem uma proposta parecida � o Bicimanas. Nele, mulheres trocam mensagens pelas redes sociais, informam os trajetos em tempo real e combinam de pedalar juntas com o intuito de se fortalecerem e fazer com que a experi�ncia de pedalar seja mais segura.


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