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Estado de Minas

Alarme falso na barragem Casa de Pedra indica despreparo da comunidade para a fuga

O incidente de ontem ocorreu uma semana depois de uma simula��o de acidente no reservat�rio realizada pela Companhia Sider�rgica Nacional, atendendo ao Plano de Emerg�ncia de Barragens, exigido pelo Departamento Nacional de Produ��o Mineral


postado em 05/08/2018 06:00 / atualizado em 05/08/2018 14:22

Somente 19 moradores compareceram no último treino, com acionamento de sirenes, para o caso de desastre na área.(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press. Brasil.)
Somente 19 moradores compareceram no �ltimo treino, com acionamento de sirenes, para o caso de desastre na �rea. (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press. Brasil.)
“Foi apenas um susto!” Essa foi a express�o mais ouvida entre moradores de Congonhas, na Regi�o Central do estado, que residem abaixo da barragem de rejeito de min�rio de Casa de Pedra, da Companhia Sider�rgica Nacional (CSN), depois de superada a tens�o provocada pelo toque de uma das sirenes de aviso de rompimento do reservat�rio na tarde de ontem. O toque, creditado a uma falha, acabou por revelar a in�rcia das pessoas, que ficaram em suas casas na �rea de risco, e indicar que elas continuam despreparadas para uma eventual evacua��o. No caso de vazamento dos res�duos minerais, a comunidade estaria sujeita a impactos maiores que os registrados no rompimento do reservat�rio de Fund�o, em novembro de 2015, em Mariana, na mesma regi�o, que deixou 19 mortos e centenas de desabrigados.

H� suspeita de que a falha tenha sido provocada por ato de vandalismo. Boletim de ocorr�ncia policial por danos materiais foi registrado por funcion�rio da mineradora. O promotor de Justi�a Vin�cius Alc�ntara Galv�o, que desde 2013 acompanha a situa��o de estabilidade da barragem e as medidas de seguran�a no caso de um eventual rompimento, adiantou que amanh� vai oficiar a mineradora para que explique o ocorrido. “Queremos explica��es e vamos acionar a per�cia t�cnica do Minist�rio P�blico. O sistema � para dar seguran�a e n�o deixar as pessoas apreensivas”, afirmou. O promotor destacou que vai solicitar � empresa que promova a integra��o cont�nua dos moradores com o plano emergencial, para que a proposta tenha efic�cia.

O incidente de ontem ocorreu uma semana depois de uma simula��o de acidente no reservat�rio realizada pela CSN, atendendo ao Plano de Emerg�ncia de Barragens, exigido pelo Departamento Nacional de Produ��o Mineral. No domingo passado, dos 4,8 mil habitantes do entorno, esperava-se participa��o de cerca de 400 moradores do Residencial Gualter Monteiro e do Bairro Cristo Rei no treinamento, mas s� 19 compareceram. Em novembro, houve um teste de duas das sirenes, mas uma apresentou problemas. Em 16 de junho, foi realizado o primeiro teste com os cinco alarmes instalados na �rea.

Para o ex-presidente da Associa��o Comunit�ria do residencial Gualter Monteiro, o t�cnico em minera��o Rodrigo Ferreira Silva, o n�o envolvimento dos moradores com as a��es emerg�ncias aponta para uma desconfian�a em rela��o � mineradora. “Depois da falta de rea��o de hoje (ontem) diante do toque da sirene e do n�mero inexpressivo de participa��es na simula��o no domingo passado, temos uma situa��o preocupante. Mas � dif�cil convencer a comunidade a participar, diante do sentimento de que a CSN use do funcionamento do sistema de emerg�ncia em sua argumenta��o para aprovar novo alteamento da barragem em mais 11 metros. Esse sistema de alerta de rompimento tinha que ter sido instalado na implanta��o do reservat�rio, h� mais de 10 anos”, afirmou Rodrigo.

O l�der comunit�rio contou que ao ouvir a sirene, seguiu de carro a uma parte alta de um bairro vizinho, com boa vis�o da barragem. “Recebi v�rias mensagens de moradores querendo saber se tinha alguma anormalidade e o que deveriam fazer. Foi uma parte pequena, apesar da situa��o de p�nico, o que demonstra que poucas pessoas est�o prontas para uma evacua��o de emerg�ncia. O certo � que todo susto traz um aprendizado. Acredito que a comunidade vai se conscientizar de que est�o brincado com nossas vidas”, assinalou o l�der comunit�rio.

Ronan Guedes, que mora no residencial, foi uma das pessoas que demonstraram certa tranquilidade nas discuss�es nos grupos de WhatsApp da comunidade local. “Teve muita gente em p�nico, tentando saber se deixava sua casa ou n�o. Mas de certa forma, entendo que a CSN ainda n�o disse que o sistema est� pronto, funcionando 100%. Isso me fez pensar que n�o seria uma situa��o real. A verdade � que se a barragem romper agora, com as sirenes tocando, muitos morrer�amos, pois ainda n�o h� uma expectativa de que se trata de um alerta real”.

COMUNICA��O FALHA  

J� o diretor de Meio Ambiente da Uni�o das Associa��es Comunit�rias de Congonhas, Sandoval Souza Pinto, considerou que o alarme falso evidenciou a possibilidade de uma trag�dia ainda maior que a de Mariana. “Quando a sirene tocou, as pessoas ficaram assustadas, mas sem rea��es efetivas de evacua��o. N�o havia informa��es da CSN sobre o que ocorria de fato. Eu mesmo tentei falar por tr�s vezes no telefone 0800 deles e n�o consegui. O risco � de que as pessoas desconsideram no futuro um alarme de fato, ou nem saibam o que fazer, ainda mais nesse per�odo de chuvas, que aumenta o risco de vazamentos”, alertou Sandoval Pinto.

De acordo com Jos� Pedro Miranda, integrante da Defesa Civil Municipal, que apurou o ocorrido e se encarregou de tranquilizar a comunidade, a sirene foi acionada por volta das 13h15. “Imediatamente entramos em contato com a CSN. Nos informaram que a sirene foi acionada involuntariamente, sem qualquer problema de seguran�a na barragem. Fomos at� a comunidade para tranquilizar as pessoas”.

Horas depois do alarme falso, a mineradora distribuiu comunicado na cidade esclarecendo que estava apurando as causas do acionamento da sirene de emerg�ncia instalada na barragem Casa de Pedra. “A companhia refor�a que n�o h� qualquer tipo de problema com a barragem Casa de Pedra e a popula��o de Congonhas pode ficar tranquila.” A empresa foi procurada pela reportagem do Estado de Minas, mas n�o se manifestou sobre o ocorrido nem confirmou um suposto ato de vandalismo, ou sabotagem, que teria levado ao acionamento do alarme.


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