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Estado de Minas MONTANHAS DE HIST�RIAS

Pioneiro no pa�s, parque e�lico do Morro do Camelinho acabou abandonado

No Morro do Camelinho, parte da serra com maior potencial e�lico de Minas, h�lices inativas testemunham o sonho desfeito de aproveitamento da for�a das correntes de ar


postado em 27/08/2018 06:00 / atualizado em 06/09/2018 10:46

Ver galeria . 12 Fotos A usina faz parte da primeira aventura brasileira para domar os ventos das montanhas mineirasJuarez Rodrigues/EM/D.A. Press
A usina faz parte da primeira aventura brasileira para domar os ventos das montanhas mineiras (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A. Press )

Gouveia – Os sopros que varrem a Serra do Espinha�o, a �nica cordilheira do Brasil, chegam a atingir mais de 43 quil�metros por hora. Uma velocidade invej�vel, superior aos ventos encontrados em diversos estados brasileiros e na��es mundo afora. A pot�ncia das massas de ar que lambem os desfiladeiros e mergulham entre os vales do Espinha�o � tal que poderia gerar 32 gigawatts (GW) de energia el�trica – mais de duas vezes a pot�ncia instalada de Itaipu, que � de 14 GW– se movessem as p�s de torres e�licas entre aquelas serras. Grandeza que representa 80% de toda a capacidade mapeada no estado de Minas Gerais, de acordo com estudos da Cemig. Um tesouro diferente, reservado pelos picos e colinas mineiras, mas que at� o momento est� inexplorado, apesar de algumas tentativas, como mostra esta reportagem, a oitava da s�rie Montanhas de Hist�rias. Desde mar�o, o Estado de Minas retrata as tradi��es e riquezas do estado mais montanhoso do Brasil pela perspectiva dessas forma��es, que desenharam os contornos de Minas Gerais e formaram o povo mineiro.

As fortes correntes de vento que se abatem sobre o Morro do Camelinho, em Gouveia, na Regi�o Central de Minas Gerais, submetem aquele relevo a um ca�tico e implac�vel castigo. Rajadas concentradas deitam o capim amarelado em sequ�ncias que parecem mar�s invis�veis, produzindo um chiado compassado. Massas intensas envergam pequenas �rvores, dobram arbustos e permitem at� que as andorinhas pairem por alguns segundos com suas asas abertas. Sopros mais concentrados erguem a poeira de uma pequena estrada vicinal de terra, levantando nuvens de p� ou bailando com redemoinhos desgovernados. Em outro ponto, len��is coloridos bailam no varal sacudidos pelos ventos.

O vento submete a tudo naquele rinc�o da Serra do Espinha�o, mas, estranhamente, quatro grandes estruturas aerodin�micas feitas com p�s e erguidas a mais de 20 metros de altura justamente para girar com essa for�a natural se mant�m im�veis, como se resistissem caprichosamente. Os equipamentos s�o parte do parque da Usina E�lica do Morro do Camelinho, constru�da em 1994 pela Cemig, a primeira a ser interligada ao Sistema Integrado Nacional de energia, mas que desde 2015 n�o gera mais nada do 1 megawatt instalado inicialmente.

Construída em 1994, a Usina Eólica do Morro do Camelinho, a primeira a ser interligada ao Sistema Integrado Nacional de energia, está desativada desde 2015 (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Constru�da em 1994, a Usina E�lica do Morro do Camelinho, a primeira a ser interligada ao Sistema Integrado Nacional de energia, est� desativada desde 2015 (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)


"Devido ao relevo, o aproveitamento desse potencial � mais complexo do que em �reas planas"

Alexandre Heringer, presidente da Efficientia

Junto com Camelinho, o sonho de aproveitar a colossal for�a e�lica das montanhas mineiras acabou sendo sepultado, tendo a Cemig preferido investir em torres a�reas em localidades menos acidentadas do Nordeste do Brasil. “A Cemig possui a participa��o de 93,2MW de capacidade instalada em parques de gera��o e�lica atualmente em funcionamento. Esses parques se encontram na Regi�o Nordeste do Brasil”, informou Alexandre Heringer, presidente da Efficientia, uma empresa do grupo da companhia energ�tica voltada para projetos de efici�ncia energ�tica.

Heringer confirma que o Espinha�o tem um grande potencial, mas, ao mesmo tempo, apresenta desafios que o deixaram em segundo plano. “� na Serra do Espinha�o que encontramos o maior potencial de energia e�lica de Minas Gerais. Entretanto, devido ao relevo e topografia, o aproveitamento desse potencial � um pouco mais complexo que em �reas planas ou pouco acidentadas”, afirma Heringer. “Os investidores procuram primeiro os locais de menor investimento inicial para uma determinada produ��o de energia. Da� a maior concentra��o de usinas e�licas na Bahia do que em Minas”, conclui.

Lençóis secam ao vento em área próxima à usina, onde os sopros dobram arbustos e envergam árvores (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Len��is secam ao vento em �rea pr�xima � usina, onde os sopros dobram arbustos e envergam �rvores (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)


Enquanto se instalam torres e�licas ao longo de locais com maior facilidade construtiva, Camelinho vai sendo esquecida, seus geradores e turbinas enferrujando ao relento, suas cercas despencando ao redor da planta, as inscri��es dos equipamentos e placas de alerta se apagam, as paredes agora sustentam caixas de marimbondos e o capim que se alastra pelo terreno se torna alimento para o gado de criadores oportunistas dos arredores.

O destino da primeira usina e�lica a alimentar o sistema integrado do Brasil fica, assim, como uma lembran�a que vai se esvaindo das primeiras h�lices que ousaram aproveitar a for�a dos ventos da Serra do Espinha�o. “A tecnologia de gera��o e�lica evoluiu muito e o tempo de vida �til dos geradores (de Camelinho) j� se esgotou. Alguns equipamentos devem ser mantidos como marco hist�rico do setor el�trico brasileiro”, sugere o presidente da Efficientia.

(A LOJA ROTA PERDIDA/ROTA EXTREMA - www.rotaperdida.com.br - forneceu parte dos equipamentos usados nas expedi��es) 


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