Motoristas usando celular aumentam perigo para bicicletas e motos em BH

 

Um jovem dirige pela via e, distra�do com um celular, n�o percebe a aproxima��o do ciclista. O choque com a bicicleta � inevit�vel, antes que o carro, sem controle, bata em uma �rvore. � quando um simples “oi” pelo smartphone pode tirar uma vida. Cenas como essa se repetem no tr�nsito de grande cidades como Belo Horizonte com uma frequ�ncia cada vez mais preocupante. Mas, desta vez, tratou-se de um simulado no C�mpus Sa�de da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), exatamente para alertar a popula��o sobre o tipo recorrente de situa��o. N�o � sem raz�o: as autua��es por dirigir usando, manuseando ou segurando celular na capital representam o tipo de infra��o de circula��o mais registrado pelos agentes em BH, segundo dados do Detran. E esse tipo de flagrante est� em alta: neste ano, de janeiro a junho, o total j� ultrapassou o mesmo per�odo de 2017: foram 24.406 registros em 2018, contra 22.484 no primeiro semestre do ano anterior. As principais e mais graves v�timas s�o ciclistas, motociclistas e pedestres. Mas os dados do principal hospital de urg�ncia e emerg�ncia da capital mostram �ndices mais preocupantes de atendimento entre aqueles que se deslocam sobre duas rodas (veja gr�ficos).

Segundo os dados mais recentes divulgados pela Secretaria de Estado e Seguran�a P�blica (Sesp), em Belo Horizonte, nos primeiros oito meses deste ano, acidentes envolvendo motociclistas j� somam 8.648, enquanto os que t�m ciclistas como v�timas foram 156. J� os atropelamentos foram 1.115, por�m com tend�ncia de queda desde 2016, o que n�o se verifica nos outros dois casos. Como o Estado de Minas mostrou em reportagem publicada ontem, at� agosto deste ano foram 284 ocorr�ncias de tr�nsito envolvendo bicicletas nas ruas de Belo Horizonte, segundo n�meros mais recentes disponibilizados pela Pol�cia Militar. A m�dia mensal vem aumentando: enquanto em 2016 foram 16,16 ocorr�ncias a cada 30 dias, a taxa por m�s bateu em 17,08 no ano seguinte e saltou para 19,5 entre janeiro e agosto de 2018, um aumento de 20% nos �ltimos dois anos.

Os n�meros do Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII tamb�m indicam uma situa��o preocupante em rela��o aos ciclistas. A m�dia mensal de atendimentos desse tipo de paciente vem crescendo desde o ano passado, quando ficou em 23,75, taxa que subiu para 30,62 at� agosto deste ano, aumento de nada menos que 28,9%. A simula��o de ontem na UFMG, que teve como v�tima exatamente um adepto das pedaladas, faz parte da Semana Nacional de Tr�nsito 2018, e tem como foco a preven��o. A a��o foi organizada por professores e alunos da Escola de Enfermagem, da Faculdade de Medicina e por profissionais do Hospital das Cl�nicas, em parceria com o Corpo de Bombeiros e Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu) de BH.

Realista, o socorro deixa os alunos aflitos: o carro muito amassado, a bike destru�da, um homem deitado no ch�o ensanguentado e um motorista em estado de choque dentro do ve�culo. “� o segundo ano que promovemos esse evento. A grande import�ncia � a conscientiza��o sobre acidentes de tr�nsito, al�m de dar oportunidade ao aluno de colocar em pr�tica todo o conhecimento que adquiriu na teoria. Tivemos cerca de 60 estudantes envolvidos”, explicou Karla da Silva, professora da Escola de Enfermagem que coordenou a a��o. “Tem crescido muito o n�mero de atendimentos a ciclistas, por causa dos grupos de ciclismo urbano, que t�m feito um movimento diferenciado no nosso tr�nsito, mas, infelizmente, isso tamb�m tem aumentado as estat�sticas”, pontuou a professora.

Por�m, especialistas alertam que n�o � apenas o ciclista que est� vulner�vel ao se envolver em uma batida: o mesmo acontece com motociclistas e pedestres. Os pilotos de moto, por serem o grupo com maior participa��o em n�mero absoluto de v�timas. Os que se deslocam a p�, por serem os mais fr�geis. Segundo o tenente Pedro Aihara, do Corpo de Bombeiros, esses pacientes s�o socorridos em situa��es graves, com politraumatismos e alto risco de morte. “Estatisticamente, o maior �ndice de mortalidade hoje � de pedestres. Principalmente pessoas entre 45 e 50 anos. Isso porque, ao se chocar com o carro, o impacto direto causa les�es grav�ssimas. Mas, em n�meros absolutos, os acidentes com motociclistas ainda s�o em maior n�mero”, pontuou, acrescentando que as ocorr�ncias s�o mais comuns em via de tr�nsito r�pido, como as avenidas Cristiano Machado e Ant�nio Carlos. 



DISTRA��O FATAL De acordo com o tenente do Corpo de Bombeiros, a maior parte dos acidentes de tr�nsito est� relacionada � desobedi�ncia ou inobserv�ncia de regras de tr�fego. E o celular vem se apresentando como um vil�o cada vez mais frequente nessa situa��o, usado por motoristas para conversas telef�nicas, mensagens de texto e at� fotos e postagens em redes sociais. “Tem aumentado o n�mero de ocorr�ncias provocadas pelo celular e pelo uso de aplicativos. A pessoa acha que vai responder � mensagem em um segundo, que vai s� mandar um �udio.... Mas � neste momento que ela tira os olhos do volante e que acabam acontecendo desastres”, afirma Aihara.

O balan�o das infra��es relacionadas ao aparelho inclui dirigir segurando o telefone celular, manuseando o smartphone e usando o celular. A legisla��o mudou para tentar acompanhar a tend�ncia: em 2016, houve aumento de 244% no valor da multa para quem usa o telefone enquanto dirige – puni��o que saltou de R$ 85,13 para R$ 293,47. A atitude passou a ser enquadrada como infra��o grav�ssima, a mais alta escala entre todas as condutas pass�veis de puni��o financeira pelo C�digo de Tr�nsito Brasileiro (CTB). “Temos que nos lembrar de que ningu�m sai de casa achando que vai se envolver em um acidente. � algo de um segundo de dispers�o para tirar a vida de uma pessoa”, concluiu Pedro Aihara.

 

 

Motoboys s�o atropelados

 

Dois motoboys foram atropelados na tarde de ontem, depois que um motorista, aparentemente v�tima de mal s�bito, perdeu o controle do carro, bateu em outros tr�s ve�culos e atingiu a dupla, que estava na cal�ada. O desastre ocorreu na Rua Santa Maria, Bairro Pedra Azul, em Contagem, na Grande BH. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o condutor teve uma convuls�o enquanto passava em frente a uma farm�cia do bairro. Os dois atingidos se feriram, um deles com gravidade. A v�tima mais grave foi encaminhada pelo helic�ptero do Corpo de Bombeiros ao Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII. A outra foi levada para o Hospital Municipal de Contagem. O motorista do carro foi atendido pelo Samu.