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Estado de Minas

Pe�as arqueol�gicas podem ajudar a detalhar a �ltima batalha da Revolu��o Liberal

Conjunto de 60 itens apreendido em opera��o do Minist�rio P�blico e Pol�cia Militar de Meio Ambiente remonta � Batalha de Santa Luzia, travada em 1842, e estava � venda na internet. Tr�s pessoas s�o investigadas por crime contra o patrim�nio cultural


postado em 04/10/2018 06:00 / atualizado em 04/10/2018 07:48

Peças apreendidas na operação passarão por perícia e podem contrbuir para estudos sobre a batalha de 1842(foto: MPMG/Divulgação)
Pe�as apreendidas na opera��o passar�o por per�cia e podem contrbuir para estudos sobre a batalha de 1842 (foto: MPMG/Divulga��o)

Um conjunto de 60 pe�as arqueol�gicas que remontam � batalha travada em 20 de agosto de 1842 em Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, foi apreendido, ontem, na Opera��o Luzias, deflagrada pelo Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) e a Pol�cia Militar de Meio Ambiente. O material encontrado no Bairro Camargos, na Regi�o Noroeste da capital, inclui moedas do per�odo imperial, bot�es, fragmentos de armas de fogo, quatro proj�teis de artilharia, cravos, fivelas, espelhos de fechaduras e alguns artefatos de uso ainda desconhecido. De acordo com o MPMG, tr�s pessoas s�o investigadas por crimes contra o patrim�nio cultural, mas os nomes s�o mantidos em sigilo.


As pe�as, que estavam sendo comercializadas pela internet, teriam sido retiradas do s�tio hist�rico Recanto dos Bravos, tombado desde 1989 pelo munic�pio de Santa Luzia. O local integra uma �rea verde do Bairro C�rrego das Cal�adas (�rea de preserva��o permanente) e abriga o Monumento a Caxias e a Trincheira dos Revoltosos – Muro de Pedras. O comandante da 1ª Companhia do Batalh�o de Pol�cia Militar do Meio Ambiente, tenente Marcos Rodrigues, disse que “o investigado por manter esse patrim�nio hist�rico de Minas Gerais n�o estava em casa, e a entrada dos militares foi garantida pela mulher desse homem, que n�o teve a identidade revelada”. O material estava exposto para revenda em uma p�gina na rede social Instagram como rel�quia hist�rica.



Conforme a 6ª Promotoria de Justi�a de Santa Luzia, as investiga��es tiveram in�cio ap�s instaura��o de um procedimento criminal em setembro e, em nota, a institui��o informa que “o MPMG recebeu den�ncias sobre a ocorr�ncia de saques, flagrados por detectores de metais, no local da Batalha de Santa Luzia, a �ltima da Revolu��o Liberal de 1842”. A ordem judicial para apreens�o das pe�as foi expedida pelo Poder Judici�rio do munic�pio e o material apreendido ser� periciado por especialistas em hist�ria e arqueologia. Ainda de acordo com o Minist�rio P�blico, “as pe�as podem contribuir para esclarecer detalhes batalha”.

MEM�RIA O presidente da Associa��o Cultural Comunit�ria de Santa Luzia, Adalberto Mateus, considera a recupera��o do material muito importante. “Em um contexto de perda de parte da mem�ria nacional, a apreens�o dos artefatos relacionados � Batalha de Santa Luzia pode refor�ar duas a��es na comunidade luziense: a reabertura do Museu Hist�rico Aur�lio Dolabella – Casa da Cultura, que re�ne o acervo relacionado ao epis�dio, e a necessidade de realiza��o de pesquisas arqueol�gicas na �rea em que ocorreram os embates. Ainda n�o conhecemos boa parte dessa hist�ria porque ainda n�o tivemos um compromisso s�rio com os vest�gios de uma guerra que aconteceu em Minas no s�culo 19”.


Para entender melhor a relev�ncia da apreens�o das pe�as, � preciso compreender a import�ncia da Batalha de Santa Luzia. De um lado, estavam as tropas imperiais comandadas pelo ent�o bar�o Luis Alves de Lima e Silva (1803-1880), de 39 anos, futuro Duque de Caxias. Do outro, as for�as chefiadas pelo mineiro Te�filo Otoni (1807-1869), E, no meio, a defesa dos princ�pios constitucionais e da liberdade. Em 20 de agosto, os luzienses lembraram, com a tradicional cerim�nia c�vica, os 176 anos do fim da Revolu��o Liberal de 1842, cuja �ltima batalha se deu em Santa Luzia.


Quem explica melhor o epis�dio que ainda ecoa em S�o Paulo e Minas � o desembargador e integrante do Instituto Hist�rico e Geogr�fico de Minas Gerais, Marcos Henrique Caldeira Brant, desde 2003 imerso em pesquisas sobre o tema: “Fazemos um resgate dessa p�gina da Hist�ria do Brasil, que envolveu, nos campos de batalha, 5.460 homens, sendo 2.460 do Ex�rcito e 3 mil liberais”.


A Revolu��o de 1842, diz Caldeira Brant, foi um movimento armado que ocorreu de forma simult�nea nas duas mais importantes prov�ncias do imp�rio – S�o Paulo e Minas. “Ela resultou das paix�es exaltadas e das diverg�ncias dos dois �nicos partidos pol�ticos existentes, o Conservador e o Liberal, tendo como causa maior a defesa da Constitui��o de 1824, que tinha princ�pios violados pelos dirigentes do Partido Conservador no poder administrativo do imp�rio, por meio de edi��es de leis reacion�rias”, diz o desembargador. “Na verdade, os dois partidos pol�ticos pouco diferenciavam quanto aos m�todos e processos de fazer pol�tica.”


Em Minas, “terra do culto � liberdade e com voca��o para as tradi��es”, a Revolu��o Liberal pode ser considerada como acontecimento pol�tico e hist�rico mais significativo do per�odo imperial (1822 a 1889), devido “� sua forte consist�ncia e expans�o por todo o territ�rio mineiro e caracterizado pela grande participa��o das elites dominantes polarizadas”, afirma Caldeira Brant, lamentando que o assunto ainda seja pouco explorado nos livros did�ticos.


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