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Estado de Minas

Ci�ncia mineira celebra redescoberta do cr�nio de Luzia

Encontrado na d�cada de 1970 em Pedro Leopoldo, f�ssil da mais antiga brasileira havia se perdido no inc�ndio do Museu Nacional, no Rio. Localiza��o de fragmentos, que possibilitar� reconstitui��o, foi festejada por especialistas em Minas, entre eles um dos autores do achado original


postado em 20/10/2018 06:00 / atualizado em 20/10/2018 11:34


Foi com muito emo��o – e “felicidade”, como fez quest�o de ressaltar – que o arque�logo Andr� Prous recebeu a not�cia de que o cr�nio de Luzia, f�ssil de 11,4 mil anos daquela que � considerada a primeira brasileira, foi encontrado nos escombros do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Em 2 de setembro, grande parte do pr�dio da institui��o e do valioso acervo virou cinza durante o inc�ndio que horrorizou o Brasil e o mundo. Professor aposentado do Departamento de Antropologia e Arqueologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Prous fez parte da equipe comandada pela arque�loga francesa Annette Laming Emperaire (1917-1977), que, em 1975, encontrou o cr�nio de Luzia na Lapa Vermelha IV, em Pedro Leopoldo, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. “Havia pouca esperan�a de achar. Esse fato � importante pois, agora, h� de novo o original para os estudos do povoamento da Am�rica”, afirmou.

Diante de réplica do crânio e da reconstituição das feições da primeira brasileira, integrante da equipe do museu mostra fragmentos recuperados nos escombros(foto: Raphael Pizzini/Divulgacao )
Diante de r�plica do cr�nio e da reconstitui��o das fei��es da primeira brasileira, integrante da equipe do museu mostra fragmentos recuperados nos escombros (foto: Raphael Pizzini/Divulgacao )

Na tarde de sexta-feira, no Rio, o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, informou que foram encontrados, fragmentados, 100% do cr�nio e do f�mur de Luzia, dos quais 80% foram identificados. As pe�as (tecnicamente parte do frontal – testa e nariz, parte lateral, ossos que s�o mais resistentes e o fragmento de um f�mur que tamb�m pertencia ao f�ssil) estavam dentro de uma caixa de metal, que, por sua vez, estavam em um arm�rio. A restaura��o, disse Kellner, � totalmente poss�vel, j� que o conjunto se encontra em bom estado de conserva��o. A pr�xima etapa ser� fazer a estabiliza��o do cr�nio, considerado o f�ssil mais antigo da Am�rica do Sul.


De acordo com a assessoria do Museu Nacional, vinculado � Universidade Federal do Rio de Janeiro (RJ), os ossos foram localizados por acaso, durante a semana. Desde que come�aram as obras de emerg�ncia, em 21 de setembro, equipes de resgate t�m trabalhado nos escombros em que se transformou o Museu Nacional, com 200 anos de hist�ria e, at� antes do inc�ndio, guardi�o de um acervo de 20 milh�es de itens. Ao passar por um dos ambientes destru�dos, especialistas localizaram a caixa de metal. Os assessores do Museu Nacional informaram que outras pe�as foram encontradas, embora n�o possa haver ainda divulga��o.

(foto: Raphael Pizzini/Divulgacao )
(foto: Raphael Pizzini/Divulgacao )


H� um m�s, conforme noticiou o Estado de Minas, o diretor administrativo do Museu Nacional, Wagner Martins, informou que arque�logos e paleont�logos da institui��o n�o perdiam a esperan�a de encontrar o f�ssil localizado em Pedro Leopoldo. “N�o perdemos a esperan�a de encontrar Luzia, que est� numa �rea considerada de risco. J� percebemos, pelas imagens captadas por drones, que no local h� muitas pe�as que podem se resgatadas”, disse. Obras de emerg�ncia no im�vel est�o sendo feitas com recursos de R$ 8,9 milh�es do governo federal e a dire��o do museu pretende restaurar o laborat�rio de antropologia, que demandar� recursos de R$ 10 milh�es a R$ 15 milh�es.

COMEMORA��O Ao saber, pelo EM, que o cr�nio de Luzia fora encontrado, o professor C�stor Cartelle, curador da cole��o de paleontologia do Museu de Ci�ncias Naturais da PUC Minas e refer�ncia internacional no estudo de f�sseis, tamb�m comemorou. “Se o f�ssil n�o fosse mais encontrado, seria catastr�fico. Luzia se tornou um s�mbolo e, tenho certeza, a equipe do museu ter� condi��es de restaur�-lo.”


Na tarde de ontem, um grupo de arque�logos, incluindo Andr� Prous, gravava um document�rio comemorativos dos 35 anos do Centro de Arqueologia Annette Laming Emperaire (Caale), da Prefeitura de Lagoa Santa. A diretora da institui��o, arque�loga Ros�ngela Albano, considerou “sensacional” a not�cia. “Luzia volta de novo, � algo para celebrar. Ela venceu mais uma etapa”, observou Ros�ngela, destacando a fragilidade do f�ssil.


Tamb�m participante do grupo, a arque�loga Alenice Baeta considerou uma grande coincid�ncia o grupo estar reunido para lembrar os 35 anos do Caale no dia em que o achado foi divulgado. “Luzia �, certamente, um s�mbolo de resist�ncia do patrim�nio brasileiro”, disse Alenice. Satisfeita, ela sugere que o f�ssil retorne a Minas. “Como cidad�, mineira, arque�loga e historiadora, acho que devemos fortalecer esse sentimento.”

Mem�ria

Uma grande francesa no rastro da 1ª brasileira

Um dos s�mbolos da maior trag�dia do patrim�nio cultural do pa�s, o inc�ndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, Luzia traz � tona o nome de outra mulher fundamental nessa hist�ria e com uma vida extraordin�ria destacada por estudiosos. A trajet�ria da arque�loga Annette Laming Emperaire passa por momentos-chave do s�culo 20, como a Revolu��o Russa (1917) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Filha de diplomatas franceses e nascida em S�o Petersburgo, na R�ssia, 15 dias antes de os bolcheviques tomarem Moscou ela seguiu com os pais para a Fran�a. J� adulta, ao estourar o conflito mundial, participou da Resist�ncia at� cair nas m�os dos alem�es.


Com o fim da guerra, Annette se dedicou � paix�o pelas pesquisas e escava��es que lhe trouxe ao Brasil e, na d�cada de 1970, a Lagoa Santa, na Grande BH. Como chefe de uma miss�o franco-brasileira, encontrou o f�ssil humano com data��o mais antiga do pa�s, que mais tarde seria batizado como “Luzia”, e deu nova dimens�o aos achados do naturalista dinamarqu�s Peter Lund (1801-1880). Em 1998, a “primeira brasileira”, como entrou para a hist�ria, ganhou um rosto. Ao fazer o levantamento de cole��es de f�sseis no museu, o antrop�logo Walter Neves, da Universidade de S�o Paulo (USP), fez estudos aprofundados sobre os ossos e providenciou a data��o, que � de 11,4 mil anos. Um dos grandes m�ritos da miss�o franco-brasileira, conforme os especialistas, foi resgatar a import�ncia, no cen�rio cient�fico mundial, de Lagoa Santa, onde Lund, em mais de quatro d�cadas, coletou mais de 12 mil f�sseis, enviados, em 1845, ao rei da Dinamarca.


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