A Defesa Civil de Belo Horizonte, com apoio de outros �rg�os de fiscaliza��o da prefeitura, faz hoje vistoria nas obras do centro de oncologia da Oncomed, que est� sendo constru�do no terreno do Hospital Hilton Rocha, aos p�s da Serra do Curral, no Bairro Mangabeiras, Regi�o Centro-Sul da capital. O �rg�o municipal cumpre ordem da Justi�a, que concedeu � Funda��o Hilton Rocha tutela de urg�ncia, pedida sob argumento de risco a pacientes e funcion�rios da institui��o de sa�de, depois do rompimento da tubula��o do g�s de cozinha e de canos de �gua, h� cerca de 10 dias, supostamente associado � constru��o vizinha. O im�vel tem rachaduras espalhadas pelo teto, paredes e piso, que seriam decorrentes das obras.
Ontem � tarde, t�cnicos e engenheiros da empresa respons�vel pelas obras, a GND Constru��es, se reuniram com diretores e funcion�rios do hospital, que est�o apreensivos com a movimenta��o do terreno e as rachaduras. A equipe t�cnica informou que est� monitorando a estrutura at� que seja instalado um equipamento de �ltima gera��o, capaz de detectar movimenta��o “de cent�simos de mil�metros”. Mas os representantes da empreiteira, que n�o falaram com a equipe do Estado de Minas, admitiram diante dos funcion�rios do Hospital Hilton Rocha que ainda n�o havia um diagn�stico.
Diante da situa��o, o advogado e presidente da Associa��o de Moradores do Bairro Mangabeiras, Rodrigo Beldran, pediu a imediata interdi��o das obras, at� que as causas sejam apuradas. “N�o se pode trabalhar nessa situa��o em um hospital que atende 700 pacientes por dia”, disse. Ele considera “prudente” a interdi��o at� que se estabilize o terreno e que as obras s� sejam retomadas depois de um diagn�stico que leve a medidas capazes de garantir a seguran�a de todos. Circulam pelo hospital em m�dia 1.500 pessoas diariamente, entre pacientes, acompanhantes e funcion�rios.
A diretora da Funda��o Hilton Rocha/Soebr�s, Ariadna Muniz, afirma que comunicou problemas � construtora respons�vel pelas interven��es desde o �ltimo dia 22. Na quarta-feira passada, houve rompimento da tubula��o do g�s da cozinha. Bombeiros foram ao local, indicaram a necessidade de refazer a estrutura e interditaram o espa�o para uso. Na sexta, foi um cano de �gua que se rompeu. Segundo Ariadna, o bloco cir�rgico ficou inundado. A cozinha continua fechada at� que se identifique a origem do problema.
A entrada do segundo andar do pr�dio tamb�m foi afetada, o que dificultou o atendimento a pacientes, que ficaram temerosos, descreve. “Chamamos os bombeiros e comunicamos � construtora. N�o acharam que era por causa da obra, mas pelo fato de o pr�dio ser mais antigo”, diz a representante da funda��o. “Entramos com a a��o na Justi�a, porque t�cnicos que trabalham em outras unidades da institui��o avaliaram que o problema � devido � movimenta��o de terra”, acrescenta.
No domingo, a Defesa Civil de BH esteve no local para avaliar o pr�dio. Por meio de sua assessoria, a institui��o informou que, por enquanto, os n�veis de seguran�a da edifica��o n�o se encontram afetados de modo a indicar restri��o de uso. A vistoria prevista para hoje ser� feita por t�cnicos da pr�pria Defesa Civil em conjunto com a Associa��o Brasileira de Mec�nica de Solo (ABMS) e Associa��o Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece). A previs�o � de que seja feita uma sondagem no terreno para avaliar o tamanho e as origens do problema.
Por meio de nota, a Oncomed informou que monitora “de forma continua o edif�cio da Funda��o Hilton Rocha, a fim de preservar de forma integral a edifica��o, se certificando de que a obra do hospital n�o interfira ou prejudique a opera��o do local”. Acrescentou que, de acordo com pareceres t�cnicos e posicionamento da Defesa Civil, n�o foi constatado risco � seguran�a da edifica��o.



O empres�rio Leonardo Magalh�es disse que algumas moradias no entorno tamb�m apresentam rachaduras, e que o barulho come�a antes das 6h da manh�, continuando ap�s as 20h. Segundo Leonardo, a empresa construtora n�o apresentou nenhum relat�rio de impacto � vizinhan�a.
Mudan�as em leis permitiram obras
A pol�mica em torno da constru��o do Hilton Rocha aos p�s do maci�o que se tornou �rea de preserva��o e s�mbolo de Belo Horizonte come�ou no fim do regime militar, com o ent�o ministro-chefe da Casa Civil (1974/1981), general Golbery Couto e Silva. O militar sofreu um deslocamento de retina em 1976 e foi operado pelo oftamologista Hilton Rocha, na �poca um dos principais especialistas do pa�s na �rea. Foi quando o m�dico revelou a Golbery o desejo de construir um hospital de olhos ao p� da Serra do Curral.
Satisfeito com o resultado da cirurgia, o general interveio junto ao ent�o prefeito de Belo Horizonte, Luiz Verano, por meio do governo do estado, para que criasse legisla��o espec�fica para atender ao desejo de Hilton Rocha. Foi assim que surgiu o pr�dio erguido em uma �rea tombada pela Uni�o desde 1960 e posteriormente protegida por legisla��es estadual e municipal. Depois de constru�do, o hospital passou a ser administrado pela Funda��o Hilton Rocha, ent�o formada por um grupo de amigos e familiares do m�dico.
Em 2005, a Funda��o Hilton Rocha foi incorporada � Associa��o Educativa do Brasil (Soebr�s). No fim de 2009, o hospital foi vendido por R$ 16 milh�es ao grupo Oncomed, especializado no tratamento de c�ncer, depois de uma altera��o na legisla��o municipal. O texto previa que o local fosse destinado apenas � constru��o de hospital oftamol�gico.
Na altera��o, a palavra “oftalmol�gico” foi substitu�da pela palavra “geral”, o que possibilitou a negocia��o da Funda��o Hilton Rocha com o grupo Oncomed, que est� construindo um hospital de preven��o e atendimento ao c�ncer. O Hilton Rocha, sob administra��o da Soebras, continua a funcionar no antigo pr�dio constru�do nos anos 1970, e, segundo a diretora da Funda��o Hilton Rocha/Soebras, Ariadna Muniz, atende 700 pacientes por dia, sendo 95% pelo Sistema �nico de Sa�de (SUS).