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Estado de Minas

Deitados na lama para n�o afundar, bombeiros lutam para resgatar v�timas em Brumadinho

EM acompanha o trabalho extenuante dos bombeiros, que s�o obrigados a 'nadar' na lama para chegar �s v�timas. Instabilidade no terreno dificulta os resgates dos corpos


postado em 28/01/2019 06:00 / atualizado em 28/01/2019 09:16

Militar do Corpo de Bombeiros ficou praticamente com o corpo todo no lamaçal de um rio de mais de 60 metros formado pelo rompimento da Barragem Córrego do Feijão(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Militar do Corpo de Bombeiros ficou praticamente com o corpo todo no lama�al de um rio de mais de 60 metros formado pelo rompimento da Barragem C�rrego do Feij�o (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)


Brumadinho – A lama j� estava pelo nariz. Para n�o afundar, os bombeiros praticamente deitavam no lama�al quase l�quido para aumentar a sua superf�cie e evitar o afundamento. Para o tenente Vin�cius M�rcio Jos� Vieira e o cabo Herbert Jos� de Melo Afonso, ambos do Corpo de Bombeiros de Barbacena enviados para ajudar na trag�dia, a primeira hora de retorno aos trabalhos de resgate no C�rrego do Feij�o, ontem, foram intensas e extenuantes. Os dois localizaram junto com bombeiros civis de Belo Horizonte e dois fazendeiros o primeiro corpo depois de as buscas terem sido suspensas desde as 5h30 de ontem, quando a barragem B6 do complexo miner�rio apresentava risco iminente de rompimento e soou suas sirenes de alarme.

Foi um trabalho lento e extenuante que a reportagem do Estado de Minas acompanhou at� o fim, culminando com os dois bombeiros desabando sobre o pasto, completamente estafados. Quando o corpo foi localizado, os bombeiros se lan�aram num rio de mais de 60 metros de largura formado pelo desastre. Esticavam as pernas e bra�os para conseguir se manter na superf�cie, mas, ao chegar no corpo inerte, perceberam que n�o seria poss�vel o resgate sem aux�lio. “N�o havia estabilidade alguma para a gente remover o corpo. N�o consegu�amos ficar de p� e mover o corpo. Se a gente tentasse ficar de p�, afundava. T�nhamos de fazer um grande esfor�o para n�o afundar”, disse o tenente Vin�cius.

Nesse momento, o rombo que foi aberto pelo desastre, como se fosse um rio, foi povoado por seis helic�pteros dos bombeiros de Minas e do estado do Rio de Janeiro, da Pol�cia Militar, do Ex�rcito e da Pol�cia Civil. Em menos de duas horas, quatro corpos foram encontrados. As aeronaves tentaram prestar apoio aos socorristas, fazendo voos rasantes e uma comunica��o direta, pairando muito pr�ximos aos bombeiros. Pelos r�dios da corpora��o, a reportagem constatou um fato que vem sendo recorrente ao longo de toda a opera��o: socorristas reclamam de falta de cordas com comprimento suficiente para alcan�ar os pontos mais distantes dos cursos d’�gua onde est�o os corpos, bem como um comunicado de r�dio dos socorristas pedindo por “baskets”, que s�o as cestas de resgate.

Ver galeria . 28 Fotos Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press )


UNI�O Enquanto isso, os bombeiros se arrastavam pela lama, tentando levar o corpo at� a margem. Dois fazendeiros com um quadriciclo tentavam ajudar. Com um fac�o, partiram a pr�pria fia��o el�trica que estava desligada para emendar a corda de resgate. Ao unir a corda ao cabo met�lico, foi poss�vel resgatar o corpo com o quadriciclo. Enquanto isso, os bombeiros, no meio da lama, iam sendo resgatados pelos helic�pteros, um a um, recebendo um caloroso abra�o de seus colegas que estavam na aeronave. “Parab�ns”, foi o que os dois bombeiros ouviram do colega do helic�ptero que os recebeu quando conseguiram, a muito custo e quase se arrastando, embarcar na aeronave.

“A v�tima estava muito para dentro do curso d’’�gua, ent�o era imposs�vel levar ela na cesta, gra�as a deus a gente teve o auxilio dos fazendeiros que emendaram os cabos para nos ajudar a tirar de era uma situa��o perigosa ate para o helic�ptero. disse o tenente. segundo ele, ao receber o abraco caloroso do colega do helic�ptero, o amigo apenas disse “parab�ns”, enquanto abra�ava os bombeiros fraternamente.

O fazendeiro Ronaldo Castro, de 35 anos, ajudou a resgatar tr�s corpos e tamb�m auxiliou no resgate de outras v�timas na margem do C�rrego do Feij�o. “O que a gente mais quer � ajudar. Temos muitos amigos mortos nesse desastre e n�o vamos desanimar nem parar”, disse. Foi o corpo de uma mulher, n�o identificada at� o fechamento desta edi��o, que estava praticamente no meio da lama do curso de lama e rejeitos formados em torno do antigo leito do C�rrego do Feij�o.

Incans�veis

Bombeiros civis vistoriam casas para saber se moradores deixaram local após ameaça de novo rompimento(foto: Renan Damasceno/EM/DA Press)
Bombeiros civis vistoriam casas para saber se moradores deixaram local ap�s amea�a de novo rompimento (foto: Renan Damasceno/EM/DA Press)

As centenas de bombeiros militares, civis, brigadistas e volunt�rios que atuam na trag�dia provocada pela barragem de rejeitos de min�rio de ferro da Vale, em Brumadinho, na Grande BH, enfrentam situa��es adversas e momentos de grande emo��o que surpreendem at� mesmo os profissionais mais bem preparados para enfrentar desastres. O Corpo de Bombeiros tem mais de 200 integrantes trabalhando na regi�o afetada pela lama e conta com o aux�lio de outros 300 profissionais. Cerca de 14 aeronaves, fornecidas pela pr�pria corpora��o, Pol�cia Militar, Pol�cia Civil, For�a A�rea Brasileira e o governo do Rio de Janeiro, est�o em uso para auxiliar as equipes.

Um dos momentos de grande como��o entre fam�lias de v�timas e dos pr�prios bombeiros foi a retirada, no meio da tarde, logo ap�s as buscas terem sido retomadas devido ao alerta de um novo rompimento de barragem, de um corpo soterrado. Os militares estavam muito emocionados e esgotados com a opera��o, ocorrida em uma �rea de dif�cil acesso.

Socorristas que tentavam resgatar vacas presas na lama desde sexta tiveram que deixar o local após ordem de evacuação. Antes de sair, alimentaram e hidrataram as vacas(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Socorristas que tentavam resgatar vacas presas na lama desde sexta tiveram que deixar o local ap�s ordem de evacua��o. Antes de sair, alimentaram e hidrataram as vacas (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)


Presos na lama desde a sexta-feira, sem �gua e alimento, duas vacas resistem, sob chuva e o sol que eleva as temperaturas acima dos 30°C. Ontem, uma equipe formada por cerca de 30 socorristas e volunt�rios tentou resgatar os animais dos rejeitos. Depois de uma equipe abrir acesso por uma �rea de mata fechada, fechada por cip�s e espinhos, e outra deslizar sobre troncos e a lama para alcan�ar os bovinos, foram feitas v�rias tentativas de retir�-los do rejeito. A amea�a de uma barragem com �gua de minera��o se romper interrompeu os esfor�os. Antes de sair do local, deixaram �gua e pastagem para as vacas.

Em outra regi�o de Brumadinho, veterin�rios volunt�rios trabalharam ontem na retirada de animais dom�sticos das casas evacuadas no Parque da Cachoeira. De l�, foram levados para uma fazenda disponibilizada pela mineradora. Al�m de cachorros e gatos, eles tamb�m trabalham na retirada de animais de maior porte, como vacas e cavalos.


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