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Estado de Minas

'A lama misturada com terra pegou a caminhonete por baixo e a levantou', diz sobrevivente

O operador da Vale Elias de Jesus Nunes prestou depoimento na Delegacia Especializada em Investiga��o de Crimes Contra o Meio Ambiente


postado em 30/01/2019 19:25 / atualizado em 31/01/2019 09:46

Elias de Jesus Nunes sobreviveu à onda de lama que tomou toda área administrativa da Vale(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Elias de Jesus Nunes sobreviveu � onda de lama que tomou toda �rea administrativa da Vale (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Sobreviventes de Brumadinho contaram os horrores que viveram nos minutos que seguiram ao rompimento da barragem da Mina C�rrego do Feij�o no dia 25. Na tarde de quarta (30), ainda abalados pelo o que testemunharam, eles prestaram depoimento na Delegacia Especializada em Investiga��o de Crimes Contra o Meio Ambiente (DEMA),  no Bairro Lourdes, na Regi�o Centro-sul.  

“A gente ia fazer o servi�o acompanhando os terceirizados. Mas antes mesmo de a gente come�ar, eu ouvi um estrondo. Pensei que fosse trem que tivesse descarrilado, mas, quando cheguei para avistar, vi a lama. Eu e um colega meu tentamos fugir, mas n�o deu tempo. Corre pr� l�, corre pra c�, a lama cercou e jogou a caminhonete para cima”, recorda-se o operador mantenedor e saneamento da Vale, Elias de Jesus Nunes.

Vestido com uma camisaque estampavaa palavra “life”, vida em ingl�s, Elias estava muito abatido, mas com certeza de que testemunhou um milagre. A for�a da lama descarrilou os vag�es do trem da Vale. Alguns ficaram retorcidos, mas o carro onde estavam n�o sofreu avarias. Da forma como a caminhonete foi levada pela lama, ele n�o duvida das m�os de Deus, que salvou ele e o colega Sebasti�o.  “A lama misturada com terra pegou a caminhonete por baixo e a levantou”, completou.

A caminhonete aparece em meio ao mar de lama(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
A caminhonete aparece em meio ao mar de lama (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Elias e Sebasti�o ficaram ilhados. Com a lama por todos os lados, eles tiveram que ser resgatados pelo helic�ptero do Corpo de bombeiros. Apesar do susto, ele disse que n�o passava pela cabe�a a possibilidade de a barragem se romper. “A barragem n�o apresentava rachadura, problema. Nada. Estava num lugar que era meu trajeto de rotina, onde passava todos os dias”, disse. Do barulho do rompimento � chegada da lama foram cerca de seis minutos, segundo ele. “Quando ouvi o barulho, a barragem j� tinha rompido”, disse. 

A lama retorceu os vagões descarrilados(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
A lama retorceu os vag�es descarrilados (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Outro sobrevivente,  o operador de m�quinas da Vale William Isidoro de Jesus escapou por um triz da onda de rejeitos. “Quando assustei, j� tinha um monte de lama do meu lado. Deus me salvou. Por isso estou hoje aqui com voc�s. Foi algo bem triste.” Ele afirmou que n�o soou nenhum alarme alertando do rompimento. “Nos treinamentos, a orienta��o era que a sirene tocaria e a gente seguiria pelas rotas de fuga. Mas n�o teve aviso, n�o teve sirene. Estava na m�quina trabalhando, quando vi a lama chegando perto de mim. Parecia cena de filme”, diz.

O inqu�rito instaurado pela DEMA  tem objetivo de averiguar se houve crime e, caso a investiga��o chegue � conclus�o da exist�ncia do crime, a Pol�cia Civil poder� indiciar os respons�veis. “Estamos ouvindo as v�timas sobreviventes para entender a din�mica dos fatos, saber onde estavam e o que estavam fazendo. Tamb�m vamos ouvir as fam�lias das v�timas falecidas”, informou o chefe da DEMA, o delegado Bruno Tasca Cabral.  

William e Elias preferiram n�o falar sobre a responsabilidade da Vale em rela��o ao rompimento. Tamb�m n�o comentaram o an�ncio da empresa repassar R$ 100 mil �s fam�lias que tiveram parentes mortos pela lama de rejeitos. 


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