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Estado de Minas

'Temos que nos manter firmes': coveiros ter�o de sepultar amigos e vizinhos em Brumadinho

Dor de perder amigos invade cora��es dos respons�veis por enterrar v�timas do desastre, que at� o momento tem 99 mortes confirmadas


postado em 31/01/2019 06:00 / atualizado em 31/01/2019 09:43

Consternação marcou o enterro da advogada Sirlei Barbosa, secretária municipal de Serviço Social e crítica das mineradoras (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Consterna��o marcou o enterro da advogada Sirlei Barbosa, secret�ria municipal de Servi�o Social e cr�tica das mineradoras (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)


Brumadinho – Ainda buscando sobreviventes e corpos, moradores de Brumadinho come�aram a enterrar os mortos v�timas do rompimento da barragem de rejeitos da mina C�rrego do Feij�o, da Vale. Se para os familiares e amigos de Andr� Luiz Almeida Santos e Sirlei de Brito Ribeiro, que receberam o adeus no cemit�rio municipal, no Centro, e Marcos Tadeu Ventura do Carmo e Rosilene Oz�rio Pizzani Mattar, levados para o Parque das Rosas, foi bastante dif�cil, para os respons�veis pelo trabalho ainda mais.

Discretos, como conv�m � profiss�o, os coveiros da cidade da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte n�o s�o muito de expressar sentimentos. Por�m, em conversas com a reportagem, mostraram a tristeza de saber que, em breve, v�o enterrar amigos e vizinhos, al�m de conhecidos.“Voc�s n�o sabem a dor que estamos sentindo. Tamb�m perdemos gente querida, mas � nosso trabalho e temos de passar por cima”, afirma Jo�o Batista Serafim Brand�o, que n�o � funcion�rio do mais antigo cemit�rio da cidade, mas se voluntariou para contribuir.

Ontem, ele ajudava Atenagos Moreira de Jesus, que h� 20 anos � o respons�vel por abrir e fechar t�mulos em Brumadinho. Apesar de toda a experi�ncia, o titular n�o escondia a tristeza com tudo o que ocorreu desde sexta-feira – at� ontem, havia sido confirmada a morte de 99 pessoas em decorr�ncia da trag�dia.“A gente fica um pouco nervoso com todo este movimento, o barulho de helic�pteros o dia todo buscando corpos. Tem hora que d� vontade de chorar mesmo, somos de carne e osso como todo mundo, mas temos de procurar nos manter firmes e fortes”, contou Atenagos.

Como praticamente todos em Brumadinho, eles t�m grande liga��o com as mineradoras. Jo�o Batista trabalhou na pr�pria Vale e ajudou a construir a barragem de rejeitos que se rompeu h� sete dias. “Nunca pensei que fosse acontecer uma coisa dessas. Que Deus conforte as fam�lias e que Brumadinho volte a ser uma cidade feliz, boa para se viver”, desejou o coveiro, que n�o perde as esperan�as de que mais sobreviventes sejam resgatados.

J� o companheiro moment�neo de trabalho tamb�m torce por um milagre. Um primo e um amigo que estavam pr�ximos da barragem no hor�rio do rompimento conseguiram escapar “por pura sorte”. J� alguns conhecidos continuam desaparecidos, com poucas chances de sobreviv�ncia, segundo os pr�prios bombeiros. “As pessoas tem de suportar, o sofrimento faz parte da vida”, disse Atenagos, resignado.Para ele, ainda mais. Afinal, a cidade de Brumadinho registra de tr�s a quatro sepultamentos mensais e s� ontem, quando come�aram a ser enterrados as v�timas da trag�dia, foram quatro. A tend�ncia � que o n�mero suba nos pr�ximos dias, com mais corpos sendo resgatados e liberados pelo Instituto M�dico-Legal (IML).

INDIGNA��O Entre familiares e amigos das v�timas cujos corpos foram enterrados ontem, o sentimento foi de consterna��o e revolta. “Estamos indignados. N�o foi acidente, foi assassinato. Esperamos que as autoridades tomem medidas duras contra os respons�veis e que a fiscaliza��o n�o seja fraudada”, disse Sirlene de Brito Ribeiro, irm� da advogada, escritora e professora Sirlei de Brito Ribeiro, morta na sexta-feira quando a casa, na �rea do C�rrego do Feij�o, foi soterrada.

A v�tima tamb�m era secret�ria municipal de Servi�o Social e foi homenageada no plen�rio da C�mara Municipal de Brumadinho. Ela tinha hist�rico de defesa do meio ambiente e de cr�tica �s mineradoras – al�m da Vale, outras empresas atuam no munic�pio. “As mineradoras chegavam a dizer que a Sirlei era muito chata por cobrar medidas de seguran�a. Agora, elas v�o ver que n�o tem s� uma chata, v�o ser quatro chatos clamando por Justi�a”, disse Sirlene, referindo-se a si pr�pria e aos irm�os.


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