Os impactos do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, ainda levar�o tempo para ser totalmente mensurados. No caso dos agricultores que tinham suas planta��es na regi�o do C�rrego do Feij�o, uma das mais atingidas pela lama, s� devem come�ar a ter a dimens�o completa das consequ�ncias ambientais e materiais em seis meses. Essa � a expectativa feita pelos t�cnicos que t�m auxiliado os produtores no momento de fazer o levantamento para mensurar tudo o que foi afetado.
De acordo com Jo�o Ricardo Albanez, Superintendente de abastecimento e economia agr�cola da Seapa, o momento � de fazer o diagn�stico da maneira mais r�pida poss�vel, mas considerando todos os aspectos.
“Temos duas linhas. Uma � monitorar essas quest�es dos impactos. Isso a� nos estamos pensando em monitorar nesses primeiros seis meses. Estamos pensando em monitorar a qualidade do solo, a quest�o das atividades agr�colas, a quest�o da piscicultura. E outra � o levantamento das perdas, quantificar o que os produtores perderam”, afirmou.
Ainda de acordo com Albanez, o processo e longo e demorado. Neste primeiro momento a inten��o e mapear todos as consequ�ncias e as afeta��es na regi�o causadas pela lama e, a partir disso, desenhar um plano de recupera��o da �rea. “Estamos fazendo o monitoramento da Pecu�ria, o monitoramento dos peixes, na parte da piscicultura, fazendo o monitoramento do solo, uma coisa mais detalhada. Pra saber qual o impacto agora e quais as medidas mitigadoras. � um processo lento e a gente est� a disposi��o dos produtores”, afirmou.
Doa��o deve ser liberada
A Vale anunciou uma doa��o de R$ 15 mil para os produtores, mas a a��o foi suspensa, a pedido da Defensoria P�blica do Estado, at� que quest�es do contrato fossem melhor esclarecidas e descritas de forma a n�o gerar d�vidas no futuro.
“A defensoria verificou que o termo para doa��o de R$ 15 mil, exclusivamente para este valor, ele n�o estava claro o suficiente e dava margem para entender que poderia estar contido nas obriga��es do termo de ajustamento preliminar o que desvirtuaria a doa��o, como sendo doa��o”, afirmou Ant�nio Lopes de Carvalho Filho, defensor p�blico de Minas Gerais, que participou da reuni�o.
Ainda de acordo com ele, a expectativa � que na quinta-feira desta semana, um novo termo seja assinado e a doa��o seja liberada.
Agricultores sem produ��o
A maioria dos produtores reclamaram que passaram a contar e ter que viver de doa��es desde que foram v�timas do rompimento da barragem da Vale e viram suas planta��es, fonte de renda, ser�o entupidas pelo barro da minera��o.
Para o produtor Jos� Salvador Orsine, de 55 anos, disse que o pouco que sobrou do terreno que ele arrendava para produzir hortali�as, cerca de 20%, n�o foi levado pela lama, mas n�o teve como recuperar porque n�o tinha �gua para irrigar a planta��o. “O meu medo � ser esquecido”, afirmou, temendo que com o passar o tempo a demanda v� ficar de lado e eles sigam sem ter a atividade retomada ou sejam ressarcidos.
Na mesma situa��o, est� o produtor Ant�nio Francisco de Assis Nunes, de 63 anos. Ele conta que antes de ter a terra arrasada pela lama despachava de sua propriedade, diariamente, dois caminh�es de verduras e legumes, levados para sacol�es e para as Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa).
“Esta todo mundo sem saber o que fazer, sem local para trabalhar . Meu terreno foi todo tomando pela lama, n�o tem mais nada l�. A �gua que descia l�, nem o ribeir�o n�o desce mais. J� t�m 19 dias e at� hoje a �gua nunca mais desceu l�”, lamenta. Ainda de acordo com ele, � imposs�vel determinar um valor para todo que tinha em sua propriedade.
O produtor ainda reclama que as poucas hortali�as que restaram na parte mais alta do terreno ele n�o conseguiu vender. “Quando eu dizia que era de Brumadinho as pessoas n�o queriam, por medo da �gua”, conta.
Durante a reuni�o, o representante da Vale afirmou que a empresa deve come�ar a visitar nesta semana as propriedades para fazer levantamento e identificar cada uma delas.