
A necessidade de evacua��o de mais 125 pessoas em Nova Lima, na Grande BH, e em Ouro Preto, na Regi�o Central de Minas Gerais, pelo risco associado a barragens da mineradora Vale levou o estado ao cen�rio de quase 1.200 pessoas retiradas de suas casas, seja pela destrui��o das moradias pela passagem de onda de lama, como ocorreu em Brumadinho, seja pelo risco de novo tsunami de rejeitos varrer zonas consideradas vulner�veis em outras localidades. Desde que a avalanche de sedimentos devastou uma �rea rural ao longo do C�rrego do Feij�o e alcan�ou o Rio Paraopeba, matando 171 pessoas e deixando outras 139 desaparecidas, a Vale chegou ontem ao n�mero de sete barragens em que o fator de seguran�a aumentou de 1 para 2, exigindo a evacua��o imediata de quem vive na chamada zona de autossalvamento – �rea em que as pessoas precisariam escapar por conta pr�pria em caso de desastre, j� que n�o h� tempo para a��o do poder p�blico.
E a mancha do risco, que j� afetou as cidades de Bar�o de Cocais, Nova Lima (em dois pontos) e Ouro Preto, que sediam estruturas da Vale, e Itatiaiu�u, onde h� um complexo da ArcelorMittal, pode continuar se expandindo. Ontem, a Coordenadoria de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec) informou que a acelera��o do processo de descomissionamento de represas levou a Vale a alterar o fator de seguran�a nos casos mais recentes de Nova Lima e Ouro Preto. E acrescentou que vistorias est�o sendo feitas por seus t�cnicos em todas as barragens de montante – m�todo mais barato e arriscado – que ser�o descomissionadas no estado. A Cedec adianta que haver� evacua��o nas vizinhan�as dessas estruturas sempre que algum risco for detectado. Ao todo, o estado tem 50 barramentos desse tipo, o mesmo dos que se romperam em Mariana e Brumadinho, e todos ser�o desmontados. Eles se distribuem por 16 cidades, com a maioria concentrada em Ouro Preto (veja quadro).

A pr�pria Vale informou, em 29 de janeiro, que paralisaria as atividades em uma s�rie de locais para descomissionar 10 barragens com alteamento a montante que j� n�o recebiam rejeitos, como � o caso da Barragem 1 da Mina C�rrego do Feij�o. Por�m, em resolu��o conjunta publicada em 30 de janeiro, o governo de Minas anunciou o descomissionamento de 50 barragens de minera��o com alteamento a montante, sendo 19 delas estruturas da mineradora Vale. A partir dessa lista, ainda restam estruturas da empresa nas cidades de Itabira (8), Ouro Preto (1), Rio Acima (1) e Mariana (2). O prazo dado para a reintegra��o da �rea dessas estruturas � natureza termina em janeiro de 2021.

DESENCONTRO E PROTESTOS Ontem, a Vale chegou a anunciar uma entrevista coletiva �s 11h, para explicar as novas evacua��es, que come�aram a retirar mais 125 pessoas de suas casas. Momentos depois, adiou em uma hora o in�cio do encontro com a imprensa, e depois o desmarcou, sob argumento de que um diretor da mineradora estava ocupado vistoriando as �reas de retirada de fam�lias. Segundo o tenente-coronel Fl�vio Godinho, ontem a empresa desenvolveu uma a��o diferente da que ocorreu, por exemplo, nas remo��es de 215 pessoas no distrito de S�o Sebasti�o das �guas Claras, conhecido como Macacos, em Nova Lima. L�, sirenes foram tocadas no �ltimo s�bado � noite, deixando moradores desorientados e sem saber qual atitude tomar. Ontem o aviso foi dado antes, seguido de um an�ncio de que as sirenes tocariam �s 16h, marcando o prazo-limite para a sa�da das fam�lias.

A arquiteta Vera L�cia Rodrigues, de 32 anos, era uma dos que cobravam esclarecimentos. “Precisamos que a Vale converse com a comunidade e nos d� informa��es sobre o tamanho do risco. N�o queremos nossos filhos em um lugar onde eles possam ser v�timas de uma trag�dia”, diz ela. A secret�ria de Educa��o de Nova Lima, Viviane Matos, e o coordenador da Defesa Civil da cidade, Marcelo Santana, garantiram aos pais que n�o h� risco na institui��o, conforme laudos que indicam o tamanho da mancha de inunda��o da Barragem B3/B4 e tamb�m atestados de estabilidade de outras barragens. Moradores montaram uma comiss�o de seis pessoas para conversar com a mineradora e ouviram da Vale a promessa de um encontro no centro comunit�rio de Macacos, hoje, �s 14h.