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Estado de Minas

Em Mariana, crian�as afetadas pelo rompimento da barragem ainda recebem acompanhamento

Marcas emocionais exigem cuidados espec�ficos que motivaram a forma��o de uma equipe multiprofissional, com terapeutas ocupacionais, psic�logos, assistente social, arteterapeuta e psiquiatra


postado em 24/02/2019 06:00 / atualizado em 24/02/2019 08:55

A dor estampada no rosto: menina chora sob impacto da tragédia de Brumadinho, que exigirá longo monitoramento(foto: Renan Damasceno/EM/D.A Press)
A dor estampada no rosto: menina chora sob impacto da trag�dia de Brumadinho, que exigir� longo monitoramento (foto: Renan Damasceno/EM/D.A Press)

Al�m de todas as marcas vis�veis e f�sicas deixadas pela trag�dia, moradores de Mariana e Brumadinho enfrentam um drama menos aparente, mas que os marcar� pela vida. Carga pesada demais, especialmente para crian�as e adolescentes. O acompanhamento das fam�lias atingidas pelo rompimento da Barragem de Fund�o, h� tr�s anos, � feito pela Rede de Aten��o Psicossocial de Mariana. Em janeiro de 2016, foi criada a equipe Conviver para atender �s especificidades das demandas, com a popula��o tendo acesso a um grupo multiprofissional formado por terapeutas ocupacionais, psic�logas, assistente social, arteterapeuta e psiquiatra.


Marcela Alves de Lima Santos, refer�ncia t�cnica da Rede de Aten��o Psicossocial, afirma que as crian�as e adolescentes atingidos viveram altera��es importantes dos modos de vida, sensa��o de pertencimento e territ�rio. “Al�m das perdas, houve o deslocamento for�ado dos distritos rurais para a �rea urbana da cidade. Fam�lias foram hospedadas em casas de aluguel em diferentes bairros da cidade, se distanciando das redes de suporte afetivo, familiares e de amizades. Esse distanciamento ocasionou situa��es de isolamento, altera��o no brincar e limitou os encontros e a liberdade que vivenciavam na �rea rural”, avalia.

Especificamente para os adolescentes, Marcela Santos alerta que “ocorreu distanciamento ainda mais importante entre os pares na �rea urbana, especialmente ap�s a entrada para o ensino m�dio, quando precisaram se matricular em diferentes escolas na sede urbana do munic�pio, afastando-se das redes de amigos. Alguns preferiram retornar �s escolas nos distritos rurais para manter os elos de amizade”.

Marcela Santos explica que a maioria dos atendimentos a esse p�blico ocorre em unidade b�sica de sa�de espec�fica, criada para atender a popula��o atingida, com apoio da equipe multiprofissional de sa�de mental, que faz buscas ativas e atendimentos domiciliares junto �s agentes comunit�rias de sa�de e grupos terap�uticos. Apenas os casos mais graves s�o encaminhados para o Centro de Aten��o Psicossocial (CAPS) e o Centro de Aten��o Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi).

INTERVEN��ES Ma�ra de Almeida Carvalho, refer�ncia t�cnica da equipe Conviver, afirma que as interven��es ocorrem em atendimentos individuais na unidade b�sica, no contato com as fam�lias por meio de visitas domiciliares, acompanhamentos nas escolas municipais ou no referenciamento da equipe e discuss�es de casos nas escolas, bem como interven��es terap�uticas coletivas em espa�os p�blicos da cidade. “� importante que crian�as e adolescentes tenham uma rede de prote��o e suporte social, envolvendo familiares, sociedade e poder p�blico. No caso de familiares e amigos, � necess�rio construir ambientes em que a crian�a ou adolescente sinta acolhimento e prote��o, onde possa conversar e expressar seus sentimentos e ideias”.

Outro obst�culo na vida das crian�as e adolescentes de Mariana, alerta Marcela Santos, � que com o rompimento da barragem da Vale m Brumadinho, elas revivem a trag�dia do Fund�o. Por isso, ela enfatiza, a sa�de mental do munic�pio est� atenta �s quest�es que podem ser novamente enfrentadas pelos atingidos em Mariana. “A equipe tem intensificado as buscas ativas e a realiza��o de atendimentos para acolher os atingidos diante dessa nova demanda. Cada desastre � vivido dentro de um contexto, seja pela an�lise a partir do n�mero de mortes, do impacto social, patrimonial e ambiental ou pela estrutura de cada munic�pio. A experi�ncia em Mariana mostra a import�ncia da interven��o e atua��o constante do poder p�blico em seus diferentes setores e esferas. Os atingidos precisam de aten��o, cuidado, apoio e garantia de acompanhamento, seja para elabora��o de luto, para reconstru��o de suas vidas ou para a garantia de direitos.”

 

Apoio indispens�vel

Desenvolvida em 2001 ap�s os ataques terroristas de 11 de setembro em Nova York, nos EUA, a cartilha Suporte a crian�as ap�s traumas, cat�strofes e morte – Guia para pais e profissionais foi produzida pelo corpo docente e funcion�rios do Centro de Estudos Infantis da Universidade de Nova York, e, entre outras conclus�es e diretrizes, comprovou que crian�as, quando submetidas a um estresse emocional, normalmente se voltam para adultos ou seus pais em busca de apoio. A evolu��o dos pequenos � muito afetada pelo modo como suas refer�ncias reagem antes, durante e depois de um desastre como o de Mariana ou o de Brumadinho. Os problemas monet�rios, o realojamento e as rela��es sociais podem retardar a recupera��o e a retomada de comportamentos apropriados para lidar com a situa��o. Confira formas de ajudar:


1 – Mantenha as rotinas e as atividades habituais
A crian�a consegue lidar melhor com situa��es traum�ticas quando se sente em um ambiente seguro e previs�vel. Manter rotinas e as atividades normais, sempre que poss�vel, � muito importante. No caso de realojamento ou de mudan�a de local, estabele�a uma rotina tempor�ria e tente programar atividades extracurriculares. Contudo, para as tarefas dom�sticas e para os resultados escolares, as expectativas devem ser redefinidas durante o per�odo de readapta��o e de recupera��o.

2 – Pe�a �s crian�as para ajudar

Dar �s crian�as a oportunidade de ajudarem auxilia para que elas construam seu sentido de efic�cia e controle durante per�odos de estresse. Pe�a ajuda em casa e na comunidade. Contudo, n�o se esque�a de ter em conta a idade, a maturidade e o desenvolvimento emocional ao estabelecer tarefas.

3 – Forne�a informa��o clara

Fale com a crian�a clara e diretamente sobre o desastre, usando linguagem que ela possa entender. Seja verdadeiro, mas tenha sempre em conta a adequa��o � idade. N�o deixe que a crian�a forme uma ideia distorcida sobre o epis�dio, baseada, por exemplo, naquilo que ouviu de outras pessoas.

4 – Seja paciente
Durante a fase de estresse, a paci�ncia em adultos e crian�as � muitas vezes posta � prova. � muito importante que pais e educadores sejam pacientes com as crian�as numa situa��o de desastre. As crian�as precisam que adultos lhes transmitam seguran�a em per�odos de estresse e ansiedade e permanecer�o calmas e seguras se sentirem atitudes de controle
sobre a situa��o.

5 – Limite a exposi��o midi�tica depois do desastre
Depois de um desastre, tanto adultos quanto crian�as podem se sentir ansiosos, assustados e vulner�veis. Para os que perderam casas e parentes ou amigos, a recupera��o pode ser lenta. � especialmente importante controlar a exposi��o � m�dia. A crian�a pode voltar a sentir ansiedade se exposta a imagens dos acontecimentos. Al�m disso, a recupera��o psicol�gica poder� sofrer se for confrontada com imagens de pessoas feridas ou diretamente afetadas pela cat�strofe.

6 – Ajude a crian�a a se adaptar
Algumas sugest�es incluem encorajar a crian�a a procurar um novo hobby/passatempo e a empenhar-se em atividades agrad�veis, incentiv�-la a se socializar com seu grupo e ajudar outros por meio do voluntariado. Procure ajuda profissional se uma crian�a tiver dificuldades em se recuperar. Pais e educadores devem prestar aten��o aos sentimentos, emo��es e comportamentos dos pequenos. Se uma crian�a n�o � capaz de, lentamente, ir se adaptando e recuperando nas suas atividades di�rias, deve receber aux�lio de profissional.


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