
A for�a-tarefa que apura o desastre da mina da Vale em Brumadinho investiga se a mineradora respons�vel pela opera��o da barragem que se rompeu em 25 de janeiro na cidade da Grande BH mudou de auditoria t�cnica para conseguir um parecer favor�vel sobre a estabilidade da estrutura, que acabou entrando em colapso. A ruptura das barragens 1, 4 e 4A provocou a maior cat�strofe humana e socioambiental do Brasil, deixando 186 mortos e 122 desaparecidos sob mais de 12 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de minera��o.
Investigadores das pol�cias Civil, Federal, do Minist�rio P�blico de Minas Gerais e dos �rg�os de fiscaliza��o detectaram que a Vale mudou de consultoria t�cnica em setembro do ano passado, quando era atendida pelo grupo franco-belga Tractebel/Engie. Segundo reportagem do jornal norte-americano Wall Street Journal, a Tractebel n�o chegou a emitir um laudo de garantia de estabilidade da estrutura do complexo da Mina C�rrego do Feij�o. Outro fator que teria chamado a aten��o dos investigadores foi que a Vale recontratou a consultoria alem� T�v S�d, que tinha garantido a estabilidade do barramento em junho daquele ano e voltou a emitir um laudo favor�vel, em setembro.
Em entrevista ao Estado de Minas, a promotora que coordena a for�a-tarefa dos desastres da Vale e da Samarco (2015) pelo MP, Andressa Lachotti, afirma que h� press�es, sobretudo econ�micas, para que os licenciamentos necess�rios para que as barragens possam receber rejeitos, sem que a atividade miner�ria seja interrompida – o que geraria um grande n�mero de demiss�es numa das atividades que mais empregam em Minas Gerais. A promotora, por�m, n�o comentou sobre o inqu�rito criminal e a suspeita de substitui��o de auditorias em Brumadinho para obten��o do laudo de estabilidade.
Em 29 de janeiro, os engenheiros da T�v S�d Makoto Namba e Andr� Jum Yassuda foram detidos, assim como tr�s funcion�rios da Vale – o ge�logo Cesar Augusto Paulino Grandchamp, o gerente de Meio Ambiente, Sa�de e Seguran�a do complexo miner�rio de C�rrego do Feij�o, Ricardo de Oliveira, e o gerente-executivo operacional Rodrigo Artur Gomes Melo. Em depoimento � for�a-tarefa, Makoto Namba afirmou ter se sentido pressionado pela mineradora para atestar a estabilidade da barragem, que viria a se romper. Segundo o profissional, representantes da Vale insistiam em saber quando o laudo de garantia de estabilidade seria emitido. Ele garantiu ter informado � empresa que deveria seguir as 17 recomenda��es que fez para que a opera��o continuasse, mas admitiu ter assinado o atestado temendo perder o contrato.
A equipe de reportagem do EM ouviu a defesa dos funcion�rios da Vale, que negaram essa press�o. De acordo com o advogado Henrique Viana Pereira, o engenheiro interpretou incorretamente um pedido de expectativa de emiss�o do laudo, como se fosse algum tipo de amea�a que poderia resultar na perda do contrato de presta��o de servi�os. “Isso foi uma impress�o que o engenheiro pode ter tido, mas n�o houve nenhuma press�o de fato”, disse o advogado Henrique Viana Pereira.
ELES SABIAM Em 15 de fevereiro, outros oito funcion�rios da Vale foram detidos e ouvidos pela for�a-tarefa. Nos depoimentos, os trabalhadores indicaram que executivos da mineradora sabiam que havia ocorrido um decr�scimo no n�vel de seguran�a na barragem, mas mantiveram a opera��o da estrutura. Em paralelo a essas investiga��es, o MP requisitou na Justi�a o descomissionamento de outras oito barragens da empresa, por n�o serem consideradas seguras, segundo os pr�prios crit�rios da mineradora.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a T�v S�d informou que “com o apoio de especialistas da pr�pria empresa e externos est� investigando minuciosamente seus processos internos, bem como poss�veis causas para o tr�gico colapso da barragem em Brumadinho”. “Caso essas investiga��es revelem qualquer conduta indevida por parte de funcion�rios, a empresa tomar� as provid�ncias necess�rias”, concluiu. A Tractebel foi procurada, mas at� o fechamento desta edi��o n�o havia respondido aos questionamentos da reportagem do EM. A Vale tamb�m n�o se posicionou sobre as suspeitas investigadas pela for�a-tarefa.