Ao longo da mancha de inunda��o por onde passou a lama do rompimento da barragem da Vale em C�rrego do Feij�o, distrito de Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, o que existia pela frente foi soterrado. V�rias edifica��es foram riscadas do mapa, como o refeit�rio da Vale, que ficava dentro da mina e bem abaixo do reservat�rio, e lugares como a Pousada Nova Est�ncia, local em que v�rias pessoas morreram, incluindo h�spedes, propriet�rios e funcion�rios. Por�m, nas bordas da �rea de fluxo de rejeitos, onde a lama passou, mas n�o varreu completamente o que existia, ficaram os rastros da trag�dia nas ru�nas das estruturas originais, o que permite observar uma esp�cie de c�psula do tempo, que congelou o momento em que as rotinas foram interrompidas pela avalanche de 25 de janeiro.

Um desses locais – onde pranchetas e m�veis revirados e paredes marcadas por manchas de lama permitem ter uma ideia dos momentos de p�nico – � a estrutura f�sica da portaria da Mina C�rrego do Feij�o, bem ao lado de onde passou a avalanche de rejeitos. A edifica��o continua de p�, mas o interior do im�vel parece ter sido revolvido por um terremoto. Paredes ficaram chapiscadas de barro, o piso mudou completamente de cor e mesas viraram dep�sitos de terra, restos e p� de min�rio.
DESTRUI��O Tudo isso deixou com uma aura fantasmag�rica o local que abrigava o controle de acesso de trabalhadores e visitantes e contribui diretamente para o ar de destrui��o presenciado por quem entra na �rea da mina atingida. Mesas e cadeiras est�o espalhadas, mas n�o � poss�vel saber se ficaram daquele jeito ap�s a passagem da onda de lama ou se foram entulhadas no local depois que o im�vel perdeu o sentido e virou mais um dep�sito do que uma portaria.

Pastas de documentos tamb�m foram remexidas, como uma que traz documentos referentes � “Inspetoria C�rrego do Feij�o”. Um quadro de aviso ficou solit�rio na parede de um dos c�modos, j� que a edifica��o tinha outras depend�ncias. Itens de uso pessoal de trabalhadores, como capacetes e botas foram deixadas no local, o que sugere uma evacua��o r�pida da estrutura quando a lama passou arrastando tudo pela frente. Pilhas de pap�is se misturaram � lama no ch�o, onde tamb�m � poss�vel observar um relat�rio jogado. Nele, em meio ao ambiente que transmite um ar de morte e abandono, est� estampado o t�tulo de triste ironia: “Sa�de e seguran�a”.
