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Estado de Minas

Rejeitos da barragem da Vale em Brumadinho contaminam Rio S�o Francisco

Dados comprovam que o Reservat�rio de Retiro Baixo est� segurando o maior volume dos rejeitos de min�rio que vem sendo carreados pelo Paraopeba


postado em 22/03/2019 12:26 / atualizado em 22/03/2019 19:41

(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 18/06/2010)
(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 18/06/2010)


O Rio S�o Francisco j� est� contaminado com rejeitos da barragem C�rrego do Feij�o, da empresa Vale, que se rompeu em 25 de janeiro em Brumadinho, na Grande BH. A informa��o foi divulgada pela Funda��o SOS Mata Atl�ntica, que publicou nesta sexta-feira, Dia Mundial da �gua, o relat�rio O Retrato da Qualidade da �gua nas Bacias da Mata Atl�ntica

Dos 12 pontos analisados no S�o Francisco, nove estavam com condi��o ruim e tr�s, regular, o que torna o trecho a partir do Reservat�rio de Retiro Baixo – entre os munic�pios de Felixl�ndia e Pomp�u – at� o Reservat�rio de Tr�s Marias, no Alto S�o Francisco, com �gua impr�pria para usos da popula��o.

Nesses pontos de coleta, a turbidez – transpar�ncia da �gua – estava acima dos limites legais definidos pela Resolu��o 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), para qualidade da �gua doce superficial. Em alguns locais, esse indicador chegou a alcan�ar duas a seis vezes mais que o permitido pela resolu��o.

Segundo a entidade, as concentra��es de ferro, mangan�s, cromo e cobre tamb�m estavam acima dos limites m�ximos permitidos pela legisla��o, o que evidencia o impacto da pluma de rejeitos de min�rio sobre o Alto S�o Francisco.

Trecho do Rio Paraopeba onde a água encontra a lama da barragem que se rompeu(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press - 28/02/2019)
Trecho do Rio Paraopeba onde a �gua encontra a lama da barragem que se rompeu (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press - 28/02/2019)


“Os dados comprovam que o Reservat�rio de Retiro Baixo est� segurando o maior volume dos rejeitos de min�rio que vem sendo carreados pelo Paraopeba. Apesar das medidas tomadas no sentido de evitar que os rejeitos atinjam o rio S�o Francisco, os contaminantes mais finos est�o ultrapassando o reservat�rio e descendo o rio e j� s�o percebidos nas an�lises em padr�es elevados”, divulgou a SOS Mata Atl�ntica.

O relat�rio tamb�m mostra que em apenas 6,5% dos rios da bacia da Mata Atl�ntica, a qualidade da �gua � considerada boa e pr�pria para o consumo. Dos 278 pontos de coleta de �gua monitorados em um total de 220 rios, 74,5% apresentam qualidade regular, 17,6% s�o ruins e, em 1,4%, a situa��o � p�ssima. Nenhuma amostra foi considerada �tima. Os rios est�o perdendo lentamente a capacidade de abrigar vida, de abastecer a popula��o e de promover sa�de e lazer para a sociedade.

A qualidade de �gua p�ssima e ruim, obtida em 19% dos pontos monitorados, mostra que 53 rios est�o indispon�veis - com �gua impr�pria para usos - por conta da polui��o e da prec�ria condi��o ambiental das suas bacias hidrogr�ficas, segundo a funda��o.

O relat�rio traz o balan�o das an�lises feitas nos 220 rios, de 103 munic�pios dos 17 estados abrangidos pela Mata Atl�ntica. Nos 278 pontos monitorados, foram feitas 2.066 an�lises de indicadores internacionais que integram o �ndice de Qualidade da �gua (IQA), composto por 16 par�metros f�sicos, qu�micos e biol�gicos na metodologia desenvolvida pela SOS Mata Atl�ntica.

Igam nega| O Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam), respons�vel pela an�lise do Governo de Minas Gerais, confirmou que os rejeitos chegaram a Usina Hidrel�trica Retiro Baixo. No entanto, o �rg�o nega que a lama chegou a Tr�s Marias. De acordo com o �rg�o, os rejeitos j� percorreram cerca de 310 quil�metros e est�o entre os munic�pios de Pomp�u e Curvelo, no remanso do reservat�rio da usina de Retiro Baixo.

Ainda segundo o �rg�o, n�o � poss�vel afirmar o per�odo que a lama chegar� ao reservat�rio de Tr�s Marias. Atualmente, uma consultoria contratada pela Vale est� realizando um estudo de transporte de sedimentos; a estimativa � que o trabalho fique pronto no in�cio de junho. Enquanto o estudo n�o � finalizado, o pr�prio Igam est� avaliando o movimento da lama.

Comparativo


A SOS Mata Atl�ntica considera que houve poucos avan�os na gest�o da �gua dos rios da bacia. Com o relat�rio deste ano, foi poss�vel mensurar, pela primeira vez, a evolu��o dos indicadores de qualidade da �gua em todos os 17 estados abrangidos pela Mata Atl�ntica, comparando com o ciclo de monitoramento anterior, no ano passado, quando foram coletadas amostras em 236 pontos.

Considerando apenas os mesmos 236 pontos de coleta, os �ndices considerados regular (78% em 2018 e 75,4% em 2019) e ruim (17,4% em 2018 e 16,9% em 201) n�o apresentaram diferen�as significativas. J� os pontos p�ssimos passaram de zero para tr�s e os considerados bons de 11 para 15.

“[As contamina��es] refletem a falta de saneamento ambiental, a inefici�ncia ou fal�ncia do modelo adotado, o desrespeito aos direitos humanos e o subdesenvolvimento”, disse Cesar Pegoraro, bi�logo e educador ambiental da Funda��o SOS Mata Atl�ntica.

Para melhorar o �ndice de qualidade das �guas da Mata Atl�ntica, a entidade avalia ser fundamental que a Pol�tica Nacional de Recursos H�dricos seja implementada em todo territ�rio nacional, de forma descentralizada e participativa, por meio dos comit�s de bacias hidrogr�ficas.

A funda��o ressalta que os rios que se mantiveram na condi��o boa ao longo de anos, comprovam a rela��o direta com a exist�ncia da floresta, de matas nativas e as �reas protegidas no seu entorno. “O inverso tamb�m est� demonstrado por meio da perda de qualidade da �gua, nos indicadores ruim e p�ssimo obtidos quando se desprotege nascentes, margens de rios e �reas de manancial, com o uso inadequado do solo e o desmatamento”, avalia a SOS Mata Atl�ntica.

Indicador ANA


A Ag�ncia Nacional de �guas (ANA) afirma que os rios brasileiros t�m �ndice de Qualidade das �guas (IQA) – indicador que analisa nove par�metros f�sicos, qu�micos e biol�gicos – considerado bom na maioria dos pontos monitorados, mas que o �ndice cai perto das regi�es metropolitanas, sendo que v�rias delas coincidem com o bioma Mata Atl�ntica, e em alguns reservat�rios do Semi�rido.

“V�rios fatores podem contribuir para a melhoria da qualidade da �gua. A��es de controle da polui��o h�drica influenciam para a melhora do IQA, especialmente por meio do tratamento de esgotos, controle da polui��o industrial e das pr�ticas agr�colas. Vari�veis clim�ticas, tais como mudan�as prolongadas no regime de chuvas e no escoamento superficial, tamb�m t�m o potencial de influenciar o indicador”, informou, em nota, a ANA.

O Atlas Esgotos, lan�ado pela ANA em 2017, mostrou que os esgotos dom�sticos n�o tratados s�o uma grande fonte de polui��o pontual no pa�s, que influencia negativamente os n�veis de oxig�nio das �guas.


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