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Estado de Minas

Barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho era a 3� em escala de risco

Ex-funcion�rio da Vale, engenheiro revela que mineradora sabia h� anos que duas represas tinham estado ainda mais cr�tico que a de C�rrego do Feij�o, e nada fez para corrigir


postado em 25/03/2019 06:00 / atualizado em 25/03/2019 07:41

Além do risco de rompimento em Barão de Cocais, engenheiro denuncia que duas barragens apresentam problemas mais graves do que havia em Córrego do Feijão antes do desastre, que completa dois meses(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Al�m do risco de rompimento em Bar�o de Cocais, engenheiro denuncia que duas barragens apresentam problemas mais graves do que havia em C�rrego do Feij�o antes do desastre, que completa dois meses (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)


O rompimento das barragens 1, 4 e 4-A do complexo da Mina C�rrego do Feij�o, em Brumadinho, na Grande BH, h� exatos dois meses, � o mais grave desastre humano da hist�ria da minera��o brasileira e figura entre os piores do mundo.

Contudo, nessa trag�dia que custou a vida de 212 pessoas e ainda soma 93 desaparecidos, a ruptura do reservat�rio que retinha mais de 12 milh�es de metros c�bicos (m3) de rejeitos de min�rio de ferro n�o foi exatamente uma surpresa. Mas a informa��o de que o risco era conhecido leva a uma revela��o ainda mais estarrecedora: “Existe uma esp�cie de ranking das piores barragens no setor de seguran�a e licenciamento (da Vale). C�rrego do Feij�o era a terceira pior para n�s. Nesse sentido, foi, sim, surpreendente, mas porque a situa��o de estabilidade de Vargem Grande (Nova Lima) e de Forquilha 2 (Ouro Preto) � muito mais dram�tica”.

As palavras s�o de um engenheiro que trabalhou por mais de uma d�cada no setor mais sens�vel quanto a licenciamentos e vistorias de seguran�a de barramentos da mineradora Vale, e detalha uma s�rie de problemas nos reservat�rios de rejeitos de min�rio espalhados pelo mapa de Minas. Ele concordou em revelar ao Estado de Minas as fragilidades que conhece, mas pediu que seu nome seja mantido em sigilo, por temer repres�lias. As revela��es do especialista s�o refor�adas por alerta feito pelo Minist�rio Publico em a��o proposta ontem, que cita uma s�rie de fragilidades nas duas barragens, assim como em outras estruturas, que seriam de conhecimento da companhia (leia mais na p�gina 23).

Segundo o especialista, a pior dessas barragens no ranking interno da pr�pria Vale, Vargem Grande, � um maci�o de 35 metros de altura, que comporta 9,5 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de min�rio de ferro na Mina de Ab�boras. No dia 20 de fevereiro, 38 fam�lias foram removidas da �rea que pode ser soterrada em caso de rompimento, a chamada zona de autossalvamento (ZAS) – assim conhecida por ficar t�o perto da estrutura que, em caso de rompimento, os atingidos t�m que contar com os pr�prios recursos para escapar, j� que n�o h� tempo para interven��o do poder p�blico.

Vargem Grande fica a cerca de um quil�metro da Rodovia BR-356, que liga Belo Horizonte a Ouro Preto. Devido ao perigo de rompimento, quatro pontos da estrada foram fechados e os ve�culos s� podem passar em esquema de siga e pare, observando sempre os trechos demarcados como seguros em caso de inunda��o.

Amea�a � �gua de BH


Como em C�rrego do Feij�o, as primeiras v�timas de uma poss�vel ruptura seriam os pr�prios funcion�rios da Vale, j� que h� in�meras estruturas t�cnicas e de pessoal na linha sob o barramento. Caso isso chegue a ocorrer, a Lagoa das Codornas seria atingida e em seguida o Rio do Peixe, respons�vel por cerca de 25% do volume d’�gua do Rio das Velhas na altura da capta��o da Grande BH de Bela Fama, em Nova Lima. Sozinho, essa estrutura responde por nada menos que 60% do abastecimento de �gua da regi�o metropolitana da capital.

A Barragem de Vargem Grande � fonte de problemas desde 2011, revela o ex-funcion�rio da Vale. Nesse per�odo, nenhuma solu��o foi alcan�ada, segundo o engenheiro, que relata um epis�dio de pr�-colapso. “Na Barragem de Vargem Grande chegamos a ter grandes eros�es no maci�o. Em 2011, o barramento quase se rompeu. Isso a Vale nem divulgou. A barragem j� estava com um processo avan�ado de trincas, vazando rejeitos. Eu estava l�. Foi uma coisa horrorosa. E n�o avisaram a ningu�m. N�o evacuaram ningu�m. S� se soube disso internamente. Contratou-se uma empresa terceirizada para fazer paliativos, e assim ficou”, conta.

Situa��o semelhante era observada nos barramentos de Forquilha, parte do Complexo da Mina de F�brica, em Ouro Preto. No entorno desse sistema, quatro fam�lias precisaram ser removidas na mesma data de Vargem Grande, devido � inseguran�a do local, um barramento de 89 metros de altura que cont�m 24 milh�es metros c�bicos de rejeitos, praticamente o dobro de C�rrego do feij�o. Tamb�m nesse complexo, as �reas administrativas e pavilh�es onde funcion�rios trabalham ficam em locais que podem ser atingidos em caso de rompimento.

“Forquilha (2) j� tinha problemas de estrutura em 2012. Problemas de instabilidade, com ravinamentos (fendas profundas no talude, estrutura de conten��o da barragem), trincas, fissuras, entupimentos de drenos. Fizeram sondagens em locais onde n�o deveriam fazer, igual ao que vinha ocorrendo em C�rrego do Feij�o”, compara. “Em n�vel de estado cr�tico, a pior era a de Vargem Grande e a segunda pior era a de Forquilha. A de C�rrego do Feij�o era a terceira. Por isso, quando se rompeu C�rrego do Feij�o, j� fiquei com medo das outras. A Vale sabendo disso tinha de ter paralisado (as opera��es) e evacuado as outras imediatamente. Mas ainda levou muito tempo. Era para ser imediato. Eu acho que n�o deveria voltar nunca. O caminho � s� um: descomissionar”, afirma o ex-funcion�rio, referindo-se ao processo de extin��o do barramento, com reintegra��o do espa�o ao ambiente natural. As duas barragens est�o dentro do plano de descomissionamento da Vale que vai desmantelar 10 barramentos ao custo de R$ 5 bilh�es, de acordo com a mineradora.

Para o engenheiro, que n�o trabalha mais nos quadros da Vale, o motivo de C�rrego do Feij�o ter ru�do antes de Vargem Grande e de Forquilha 2 foi o aumento da intensidade de trabalhos sem qualquer compromisso com a seguran�a. “C�rrego do Feij�o era uma mina paralisada. Foi quando come�aram a rodar com os caminh�es fora de estrada � que come�aram a haver as vibra��es de solo que aceleraram o processo de liquefa��o dos rejeitos dentro da barragem. Era um tr�fego intenso e talvez por ser mais intenso do que em Vargem Grande e Forquilha, tenha fragilizado mais (a Barragem 1 de) C�rrego do Feij�o”, avalia.

 

 

Os subterr�neos da seguran�a


Confira trechos de revela��es de ex-funcion�rio da Vale especialista em barragens

“Existe uma esp�cie de ranking das piores barragens no setor de seguran�a e licenciamento (da Vale). C�rrego do Feij�o era a terceira pior para n�s. Nesse sentido, foi, sim, surpreendente (o desastre), mas porque a situa��o de estabilidade de Vargem Grande (Nova Lima) e de Forquilha 2 (Ouro Preto) � muito mais dram�tica”

“A Vale sabendo disso tinha de ter paralisado (as opera��es ap�s a cat�strofe de Brumadinho) e evacuado as outras (�reas no entorno das barragens cr�ticas) imediatamente. Mas ainda levou muito tempo”

“Em Vargem Grande, chegamos a ter grandes eros�es no maci�o. Em 2011, o barramento quase se rompeu. Isso a Vale nem divulgou. A barragem j� estava com um processo avan�ado de trincas, vazando rejeitos. Eu estava l�. Foi uma coisa horrorosa. E n�o avisaram a ningu�m”

“Forquilha (2) j� tinha problemas de estrutura em 2012. Instabilidade, ravinamentos (fendas profundas no talude, estrutura de conten��o da barragem), trincas, fissuras, entupimentos de drenos. Fizeram sondagens em locais onde n�o deveriam fazer, igual ao que vinha ocorrendo em C�rrego do Feij�o”

“C�rrego do Feij�o era uma mina paralisada. Foi quando come�aram a rodar com os caminh�es fora de estrada � que come�aram a haver as vibra��es de solo que aceleraram o processo de liquefa��o dos rejeitos dentro da barragem”

 

 

Complexo Ab�boras - Barragem de Vargem Grande

Barragem de Vargem Grande, no Complexo Abóboras, em Nova Lima(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Barragem de Vargem Grande, no Complexo Ab�boras, em Nova Lima (foto: Ed�sio Ferreira/EM/DA Press)

Munic�pio: Nova Lima
Altura: 35 metros
Volume de rejeitos da represa: 9,5 milh�es de metros c�bicos
Particularidade: Eventual onda de rompimento atingiria o Rio do Peixe, que entrega cerca de um quarto do volume do Rio das Velhas em Bela Fama, onde � captada 60% da �gua para a Grande BH

 

Mina de F�brica - Barragem de Forquilha 2

Barragem de Forquilha 2, na Mina de Fábrica, em Ouro Preto(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Barragem de Forquilha 2, na Mina de F�brica, em Ouro Preto (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)

Munic�pio: Ouro Preto
Mina: F�brica
Altura: 89 metros
Volume de rejeitos da represa: 24 milh�es metros c�bicos
Particularidade: Uma eventual onda de rompimento liberaria praticamente o dobro de material que atingiu Brumadinho ap�s o colapso na Mina C�rrego do Feij�o


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