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Estado de Minas

Palmeiras ser�o cortadas por infiltra��o que amea�a igreja em Ouro Preto

Ap�s retirada da colmeia do telhado da Matriz de Santo Ant�nio, no distrito de Glaura, obras de restaura��o v�o remover duas palmeiras para acabar com risco de infiltra��o


postado em 04/04/2019 06:00 / atualizado em 04/04/2019 08:12

Espécimes em frente da igreja do distrito de Ouro Preto, ameaçam monumento do século 18, que é o cartão-postal para os moradores(foto: Jair Amaral/EM/DA Press - 1/2/19)
Esp�cimes em frente da igreja do distrito de Ouro Preto, amea�am monumento do s�culo 18, que � o cart�o-postal para os moradores (foto: Jair Amaral/EM/DA Press - 1/2/19)


Ouro Preto – As obras emergenciais na Matriz de Santo Ant�nio, joia barroca do distrito de Glaura, em Ouro Preto, na Regi�o Central de Minas, esbarram agora em novo problema, ap�s a retirada de uma extensa colmeia no telhado, perto do altar-mor, que exigiu cuidado redobrado por parte da equipe que trabalha no local desde o in�cio do ano.

Duas palmeiras v�o ser sacrificadas devido � infiltra��o que p�e em risco a integridade do monumento, informou, ontem, o secret�rio municipal de Cultura e Patrim�nio, Zaqueu Astoni Moreira. “A drenagem do terreno � fundamental nessa etapa e, por isso, todo o piso ser� trocado e ganhar� um sistema de ventila��o por baixo. O estudo de especialistas mostrou que as ra�zes das palmeiras est�o interferindo na constru��o.”

A preserva��o da igreja est� tamb�m no foco da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A Comiss�o de Cultura da Casa aprovou, entre outros, um requerimento para que seja feita uma visita dos parlamentares � Matriz de Santo Ant�nio. O objetivo � acompanhar as obras de drenagem do subsolo e os servi�os de restauro, a partir de proposta do deputado Bosco (Avante). Datado de 1764, o imponente templo � tombado pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) desde 1962.

Parte do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) Cidades Hist�ricas e sob execu��o do Iphan, a obra ser� desenvolvida em duas etapas. A atual vai abranger a execu��o de servi�os emergenciais e essenciais � manuten��o da integridade do bem, incluindo os sistemas de cobertura e drenagem superficial e profunda at� no adro; e consolida��o estrutural do frontisp�cio (fachada principal, com a portada).

Em nota, o Iphan informa que a primeira etapa foi viabilizada via termo de compromisso firmado entre a autarquia federal e a Vale, que contratou uma empresa para execu��o dos servi�os por cerca de R$ 1,4 milh�o. A expectativa � de que a interven��o dure 10 meses, com supervis�o de especialistas do Iphan e da Prefeitura de Ouro Preto.

J� a segunda etapa se encontra em fase preparat�ria, passando atualmente por ajustes no planejamento or�ament�rio. Com recursos do Iphan, vai abranger os servi�os de restaura��o arquitet�nica, instala��es complementares (el�tricas, luminot�cnicas e de sistema de preven��o contra inc�ndio e p�nico) e dos elementos art�sticos integrados.

Zaqueu explica que, em 2015, a prefeitura contratou os projetos de engenharia e o arquitet�nico, mas a obra n�o deslanchou. Mais tarde, em 2017, com recursos do Fundo de Preserva��o do Patrim�nio Hist�rico e Cultural de Ouro Preto (Funpatri), foram elaborados os projetos e mais os complementares (luminot�cnico, contra descargas el�tricas, combate a inc�ndio e p�nico e outros) e revis�o da planilha. “Tudo est� aprovado, sem pend�ncias”, ressalta, adiantando que objetivo � voltar com o piso de madeira. 

DRENAGEM


Em companhia da coordenadora do PAC Cidades Hist�ricas em Ouro Preto pela prefeitura, arquiteta D�bora Queir�z, a equipe do Estado de Minas acompanhou, em janeiro, a montagem do canteiro de obras na igreja, que come�ava a ser cercada por tapumes. Ela destacou a import�ncia da drenagem para a integridade do templo, que vai demandar a retirada de todo o piso, que n�o � original. “A umidade � muito forte, sendo necess�rio um sistema de ventila��o sob o piso”, afirmou D�bora ao mostrar os efeitos da umidade nas paredes internas.

Na segunda fase, acrescenta a arquiteta, ser�o contemplados o piso, as portas, pe�as de cantaria, pintura e elementos art�sticos – al�m do altar-mor, a igreja tem quatro laterais, todos sem as imagens, que foram guardadas em local seguro. Para envolver ainda mais a comunidade de Glaura, est� previsto um programa de educa��o ambiental, de forma que moradores possam acompanhar o desenvolvimento do projeto e estudantes conhe�am mais sobre seu bem cultural maior.

Nos primeiros dias de janeiro, um sil�ncio quase absoluto reinou no interior da matriz. O motivo poderia parecer simples, mas se tornava mais do que necess�rio: qualquer movimenta��o e tom de voz alto atrairiam abelhas – elas fizeram uma extensa colmeia no telhado, perto do altar-mor – e colocaria em risco a seguran�a de oper�rios rec�m-chegados ao distrito para montar andaimes e come�ar os servi�os emergenciais no templo do s�culo 18. O problema foi resolvido pelas m�os de um apicultor: o enxame finalmente deixou o local e, em paz, a equipe empenhada na primeira etapa do projeto comandado pelo Iphan.

Espera de anos vira conquista

Na v�spera da retirada da colmeia, atento aos sinais dos insetos e falando baixinho, o presidente da Associa��o Comunit�ria de Glaura, �der Zacarias, n�o conseguia conter a alegria pelo in�cio dos trabalhos. “Esperamos oito anos por este dia, que � realmente um marco. Trata-se de uma conquista da comunidade, sempre unida para pedir a restaura��o �s autoridades”, disse �der.

A matriz, segundo o l�der comunit�rio, representa o “cora��o” do distrito. Os moradores t�m feito das tripas cora��o para salvar o templo e, como fruto de apoio financeiro recolhido de casa em casa por volunt�rios, puseram escoras nas portas e fizeram consertos no telhado, “sempre com autoriza��o do Iphan (Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional)”, fazem quest�o de ressaltar. 


Olhando o movimento dos oper�rios que come�avam a levar material para dentro da igreja, �der destacou a necessidade de interdi��o do templo, h� dois anos, j� que trincas profundas nas paredes sinalizavam perigo para a vida dos fi�is, padres e visitantes. Com emo��o, resumiu a situa��o: “Essa igreja � tudo para n�s, nosso cart�o-postal. Vamos lutar para mant�-la de p� e estamos dispostos a acompanhar toda a primeira etapa e a segunda tamb�m”. Quem chega ao distrito, que fica a 28 quil�metros do Centro Hist�rico de Ouro Preto, pode ver as cicatrizes no templo, entre elas uma fenda na portada em pedra, trabalhada em cantaria. 

LUTA


Ao longo dos anos, a comunidade de Glaura tem lutado para n�o perder seu patrim�nio. Sempre atuantes, moradores participaram de audi�ncia p�blica com a presen�a de representantes da comiss�o de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), do Iphan, da prefeitura local, da Arquidiocese de Mariana, do Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) e de outras institui��es, al�m de encontros com a superintendente do Iphan em Minas, C�lia Corsino, o chefe do escrit�rio do Iphan em Ouro Preto, Andr� Macieira, e a prefeitura. A pedido dos moradores, que fizeram um abaixo-assinado com 525 nomes, o promotor de Justi�a da comarca, Domingos Ventura de Miranda J�nior, instaurou inqu�rito para avaliar a deteriora��o da igreja. 

De acordo com o Iphan, a Matriz de Santo Ant�nio � uma constru��o em pedra, com duas torres quadrangulares (na da esquerda est� o sino; na da direita, o rel�gio) e janelas sineiras. Acima da porta principal h� uma imagem de Santo Ant�nio protegida por nicho fechado com vidro. Os estudos mostram que os altares laterais s�o em talha barroca. Casamentos, batizados e missas eram celebrados no templo, que, j� em 2003, ainda conforme laudo do instituto, necessitava “de pintura nas fachadas e de restaura��o dos elementos art�sticos”.

 

Trincas de preocupa��o


Em 9 de setembro de 2016, o Estado de Minas mostrou a preocupa��o dos moradores com a Matriz de Santo Ant�nio, principalmente pelo in�cio da temporada de chuva. “Tomara que as autoridades tomem provid�ncias e que Jesus interceda por n�s. N�o podemos perder esta rel�quia”, disse na �poca a dona de casa Maria Helena C�rtes. Com medo do pior, j� que uma longa trinca na fachada do templo se alastrava e se aprofundava na parede, integrantes do conselho paroquial e outros moradores, “com autoriza��o do Iphan”, segundo eles, puseram escoras, de quatro metros e meio de altura cada uma nos dois lados da entrada principal. Al�m das vigas, a comunidade providenciou consertos no telhado do espa�o sagrado vinculado � Par�quia de Nossa Senhora de Nazar�, em Cachoeira do Campo. Sem missas e cultos, os moradores cat�licos participam das celebra��es num espa�o do coral da igreja, na Pra�a da Matriz.


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