Cores de arte urbana mudam paisagem no Complexo da Lagoinha

Quem passa pelo Complexo da Lagoinha tem grata surpresa ao se deparar com a profus�o de cores cobrindo o cinza do concreto dos equipamentos urbanos. Foram inaugurados nesta semana os pain�is pintados pelos artistas Clara Valente, Jo�o Gabriel dos Santos Ara�jo e Gabriel Dias, al�m da italiana Alice Pasquini. A passarela que liga o Terminal Rodovi�rio � Pra�a Vaz de Melo, o baixio do viaduto e as escadarias do complexo se tornaram telas a c�u aberto. Foram 10 dias de trabalho, per�odo em que os pedestres acompanharam curiosos as pinceladas dos artistas.

Os pain�is foram entregues durante evento cultural, que contou com show da Banda da Guarda Municipal e apresenta��es de samba e chorinho. “A escadaria ficou maravilhosa”, pontuou Clara. Durante os 10 dias em que fez o espa�o urbano de ateli�, Clara interagiu com moradores, que deram muitas dicas sobre a hist�ria da regi�o.

As pinturas integram a terceira etapa do Movimento Gentileza na Lagoinha. A a��o de revitaliza��o d� sequ�ncia � pintura realizada em 30 de mar�o, sob a curadoria do coletivo Rupestre, que convidou 100 artistas para colorir os muros do Conjunto IAPI, entre as ruas Ararib� e Jos� Bonif�cio.

O Bairro Lagoinha foi fundado por imigrantes italianos, que vieram trabalhar na constru��o de Belo Horizonte. A participa��o dos italianos nesse momento hist�rico fez com que o consulado da It�lia se tornasse parceiro do Movimento Gentileza, com convite feito � artista Alice Pasquini, que est� empenhada na pintura dos pilares do baixio do Complexo da Lagoinha.

Os artistas buscaram levar para o local de intenso vaiv�m imagens que pudessem remeter � natureza e � tranquilidade proporcionada pelo meio ambiente. “Coloquei passarinho, flores e plantas. Trabalhei bem dentro da minha est�tica”, revela Clara. Os artistas pensaram, num primeiro momento, em retratar figuras emblem�ticas do bairro, como Cintura Fina, mas a natureza tomou conta do trabalho. O prop�sito inicial, contudo, s� foi adiado. Gabriel Dias dar� sequ�ncia pintando retratos de moradores, em quadros, nos pr�ximos dias. “As pessoas paravam para conversar. Levavam para n�s uma bala, colocavam m�sica. Mesmo pintando, a gente dava bastante aten��o”, revela Clara.

CONCEP��O COLETIVA O idealizador do movimento Viva Lagoinha, Filipe Tales, aprovou a pintura e destacou a maneira coletiva com a qual o mural foi concebido. “A nossa avalia��o � que a abertura de di�logo com a prefeitura faz muito bem”, afirmou. Segundo ele, todo o processo levou em conta o di�logo com os artistas, inclusive os locais, como � o caso de Jo�o Gabriel dos Santos, morador do bairro. “Os grafites trazem respiro para a passarela para quem passa todos os dias. � a oportunidade de as pessoas passarem por um lugar melhor”, ressalta.

Outro ponto destacado � a pintura de Alice Pasquini, que traz a identidade dos fundadores da Lagoinha: negros, italianos e mineiros. “A Lagoinha sempre representou a diversidade da cidade. Temos nos murais essa diversidade: tra�os de artistas italiano, de artista daqui, tra�o de mulher, tra�o de homem. Essa � a ess�ncia da Lagoinha, que recebe todos”, conclui Filipe.