
Al�m disso, o rastreio do aplicativo ajudar�, tamb�m, a localizar foragidos ou criminosos que usarem o servi�o para se deslocar e at� mesmo parceiros que estejam sendo procurados. Atualmente, esse apoio j� foi oferecido a alguns estados, tendo ajudado a pol�cia a encontrar suspeitos em S�o Paulo, por exemplo. A informa��o foi repassada ao Estado de Minas durante a LAAD Defence & Security 2019, a maior feira de defesa e seguran�a da Am�rica Latina. No evento, o aplicativo anunciou, tamb�m, que firmou parcerias com o governo federal para melhorar a verifica��o da idoneidade de seus motoristas parceiros.
A oferta dos servi�os do aplicativo Uber dever� ser feita ainda neste ano, prev� a gerente de Relacionamento com Autoridades Policiais para o Brasil da startup, Karin Lopes. “Seguimos regras e crit�rios legais que permitem a divulga��o dessas informa��es para as autoridades. � tudo tamb�m seguindo o marco civil da internet”, conta. O contato inicial com as autoridades serve para esclarecer quais as possibilidades de crimes poderiam receber a colabora��o dos parceiros da Uber.
Em seguida, uma cartilha � distribu�da para as autoridades, bem como mensagens aos parceiros, o que os torna mais alertas e aptos a colaborar mais ativamente, caso testemunhem crimes no transcorrer de suas fun��es. “Distribu�mos para as autoridades uma cartilha que indica quais os tipos de informa��es a Uber pode fornecer e como isso pode ser requisitado. Outras informa��es, a gente precisaria de autoriza��o judicial. Temos todo o interesse de contribuir com as autoridades nessa quest�o”, afirma a gerente.
Ainda de acordo com Karin Lopes, v�rios casos em S�o Paulo foram solucionados utilizando informa��es de motoristas parceiros. Um dos mais conhecidos foi a pris�o, no ano passado, da chamada quadrilha da marcha a r�. A organiza��o utilizava carros roubados para invadir estabelecimentos comerciais em S�o Paulo. Eles posicionavam a traseira dos ve�culos de frente para as lojas, engatavam a r� e invadiam o estabelecimento com o carro, para roubar mercadorias e equipamentos. Seis pessoas acabaram presas em Mogi das Cruzes (SP), depois que os motoristas parceiros colaboraram com informa��es que levaram aos suspeitos.
Outro caso c�lebre ocorreu depois do atentado terrorista em Londres, na Ponte de Westmister, quando um motorista atropelou cinco pessoas intencionalmente e depois esfaqueou outras na multid�o, matando um policial. “Por meio de imagens de motoristas parceiros que verificamos estarem passando pelo local devido ao hor�rio e o seu posicionamento geogr�fico, foi poss�vel obter at� imagens de fotos e filmagens de celular que levaram a testemunhas-chave do ocorrido e a pris�es de envolvidos”, conta Karin Lopes.
BASE DE DADOS O aplicativo Uber anunciou tamb�m uma parceria com o Servi�o Federal de Processamento de Dados (Serpro), que � a maior empresa p�blica de presta��o de servi�os em tecnologia da informa��o do Brasil. Por meio desse acordo, o sistema da startup poder� acessar diretamente as bases de dados do Departamento Nacional de Tr�nsito (Denatran), para poder fazer a confer�ncia dos documentos dos motoristas em tempo real. “Antes, pelo nosso sistema, o motorista � que tirava uma foto dos documentos e os agentes faziam a confer�ncia. Agora, com o n�mero da Carteira Nacional de Habilita��o (CNH), conseguimos ter exatamente as informa��es originais. A foto da carteira tem de bater com a que est� armazenada no Departamento Nacional de Tr�nsito (Denatran). Essa integra��o para conferir a identidade dos motoristas ser� fundamental para evitar fraudes”, afirma M�rcio De Meo, gerente de comunica��o para assuntos de seguran�a da Uber.
Uma das preocupa��es do aplicativo sempre foi a verifica��o da idoneidade dos motoristas parceiros que levam os usu�rios em seus carros. O gerente admite que fraudes j� ocorreram no passado e que a startup tenta evoluir constantemente para evitar que isso ocorra. “Essa ser� mais uma camada de seguran�a para prevenir fraudes. Assim, vamos criando camadas para ajudar a mitigar fraudes e garantir um servi�o seguro”, afirma a gerente.

Opini�es divididas
Os motoristas parceiros do aplicativo Uber em Belo Horizonte se mostraram divididos pela parceria com a pol�cia. Uns acham v�lido colaborar para reduzir a criminalidade, mas outros temem ser reconhecidos, sofrer retalia��o ou ser arrolado pela Justi�a para testemunhar. Anderson Jos� Severino, de 41 anos, trabalha h� tr�s transportando passageiros pelo aplicativo. Ele conta que, nesse trabalho, rodando na capital mineira e na Grande BH, j� se deparou com situa��es estranhas, que poderiam ser crimes, mas que, por falta de certeza, suas informa��es acabaram n�o chegando � pol�cia. “Uma vez, deixei um passageiro em Ribeir�o das Neves (na Grande BH) e vi um motorista que me parecia de aplicativo com uma cara muito assustada. Tinha tr�s homens dentro do carro, todos mal-encarados e em atitude suspeita. Se o aplicativo me acionasse dizendo que era um crime, poderia t�-los descrito e ajudado a pol�cia a resolver o caso”, afirma.
Anderson gostou da ideia de poder contribuir com informa��es para as autoridades, sobretudo por entender que isso pode se refletir em mais seguran�a para ele mesmo. “J� passei por situa��es de risco. Uma vez, indo buscar uma passageira em Venda Nova, fui parado por traficantes que apontaram pistolas para minha cabe�a. Revistaram meu carro e, gra�as a Deus, n�o encontraram nada suspeito para eles. Disseram que um colega tinha morrido e por isso estavam revistando todos os carros”, conta. Se o novo sistema estivesse operante, os motoristas poderiam denunciar esses desmandos, tornando a comunidade mais segura para a pr�pria circula��o dos condutores de aplicativos. “Tudo o que traz seguran�a para todos, traz para n�s tamb�m. Achei uma ideia muito boa e pretendo colaborar quando for implantada em BH”, garante.
SEM EST�MULO Mas nem todos est�o dispostos a fornecer informa��es e testemunhos. “Uma vez, eu estava circulando na Regi�o Leste e a pol�cia perseguiu dois motociclistas. Um bateu na viatura e foi parar no ch�o. Parei para ajudar e os policiais atiraram no outro. Resultado da minha ajuda: me pegaram para ser testemunha e estou enrolado com depoimentos e press�o at� hoje. Quando voc� entra no radar da pol�cia acabou o seu sossego. V� se vou me meter nisso de gra�a para ajudar no trabalho dos outros (pol�cia)”, diz um condutor parceiro do Uber, de 30, e que concordou em dizer como se sente a respeito dessa parceria com a condi��o de n�o revelar sua identidade. “Para mim, isso n�o vai trazer nenhum benef�cio. Tanto faz”, declara.
Outro que tamb�m n�o se sentiu estimulado a participar com informa��es para ajudar a pol�cia � o condutor Hugo Leonardo Dias, de 26. “Essa � uma parceria que importa pouco para os motoristas. Todos os dias ouvimos hist�rias de pessoas sendo assaltadas, passando por situa��es de viol�ncia. Mas, em vez de o aplicativo e a PM criarem formas de nos ajudar, ainda querem que a gente os ajude. A� � demais”, considera o condutor. “Podia ter feito para n�s alguma coisa do tipo da Rede de Vizinhos Protegidos da PM. O que a gente tem feito � criar grupos de redes sociais onde a gente se comunica e tem c�digos para quando estamos em situa��es perigosas, com gente suspeita”, conta. De acordo com o motorista, enquanto ele era entrevistado, um motorista de aplicativo tinha acabado de ser roubado na estrada para Sabar�, na ter�a-feira (9). Ficou sem o carro e foi abandonado num local ermo. “A nossa seguran�a, atualmente, � mais urgente do que levar informa��es para a pol�cia”, diz.